Allyssia e Miguel

9.3K 862 50
                                    

Aperto minha mulher contra meu peito e ela se aproxima mais do meu corpo, já é de manhã e eu posso ver a luz do sol invadir a janela, um friozinho típico de Toronto faz com que eu sorria em estar coberto e abraçado com a mulher da minha vida.

De repente sinto algo molhar e a cama ficar em sopa, será que Lauren não se segurou e acabou urinando? Ela se levanta em um sobressalto e eu assusto quando vejo minha mulher de pé ao lado da cama segurando seu ventre. No meio de suas pernas escorre um liquido e seu olhar assustado me faz entender.

-A bolsa estourou Carter- ah céus.

-Então relaxa- levantei depressa- eu vou pegar as coisas dos nossos bebês- corri pelo quarto pegando a maleta rosa e a outra azul, Lauren ajeitou tudo, peguei a bolsa dela, a filmadora... Eu estou suando frio, minhas mãos estão trêmulas e meu corpo todo está explodindo, Lauren observa eu correr pelo quarto e sorri, é isso mesmo? Ela está sorrindo?

-Carter pelo amor de Deus...

-Está doendo muito?

-Segundo Angeline as dores vão começar leves e aumentar.

-Então vamos! – saio correndo com as malas em minhas mãos me perguntando de onde arranjo tanta forca para correr e segurar aquele peso, eu desço pelo elevador de pressa e corro sem me importar com as pessoas que me encaram assustadas. Chego até o meu carro, jogo as coisas no chão e abro o porta malas. Como um súbito eu coloco mala por mala e então fecho a porta. Volto para o banco do motorista e passo o cinto. Olho para o lado... Droga, Lauren!

-Posso ter meu filho via Whatsapp?– ela entra de robe toda molhada, sua tranquilidade de antes desapareceu, a barriga de minha mulher esta enorme, Angeline havia marcado para semana que vem.

-Preciso ligar para Angeline- zapeio meu bolso e percebo que estou de pijamas, as pessoas estavam mais espantadas com o fato de eu estar com roupas de dormir? Não encontro meu celular, Lauren me entrega e faz cara de dor, claro que ela pensou em tudo! Começo a dirigir e disco para Angeline, as unhas de Lau afundam em minha coxa e eu dou graças a Deus por estar de calcas, mesmo que sejam finas, o pano protege. –Ah! Angeline- grito de dor quando a médica da minha mulher atende.

-Carter o que é isso?- Lauren geme de dor ao fundo.

- Não é sexo explicito doutora! A bolsa estourou!

-Certo, venham para o hospital, estou de plantão hoje. Já estou aqui!- respiro aliviado, assinto e desligo jogando o celular no banco de trás do carro, olho para a minha esposa e o seu rosto suado com uma expressão apática que antes estava tranquila e agora está carregada de dor, me dá vontade de chorar, uma agonia percorre meu corpo.- calma amor.

-Não dá Carter- ela arfa nas palavras e eu piso no acelerador desrespeitando qualquer lei de trânsito, que se foda os outros, o que me importa agora é minha mulher e meus bebês.

Manobro uma curva e os gritos agoniantes de Lauren se tornam mais intensos, por um momento me lembro do incidente no casamento de Paul em Nevada, tento me esquecer desses pensamentos, a dor é porque meus filhos estão chegando. Estaciono na primeira vaga.

-Vai ficar tudo bem Lauren!- deposito um beijo em sua testa suada, tiro meu cinto.

-Dói tanto- dá um grito agudo, a pego no colo, realmente as dores aumentaram muito. Parece que o meu desespero é tanto, mal sinto o peso.

Chego à porta do hospital e me deparo com duas enfermeiras e Angeline, uma cadeira de rodas espera a minha mulher, a ajeito e respiro fundo, ela chora muito e isso está me assustando.

Querido ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora