Surpresa

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Há dois anos o livro 1 de Destino Íntimo era lido através de um Book Tour, realizado pela blogueira Raphaela Oliveira, do blog Doce Encanto. Dentre as resenhas que me foram apresentadas, a dessa leitora foi a que mais se aproximou do que procurei passar com a história e foi além, estendendo-se ao meu estilo de escrita, analisando profundamente, algo que eu não esperava. Por isso, entrei em contato e convidei-a a escrever o prefácio da obra, que foi inserido na segunda edição do livro. Mais uma vez surpreeendeu-me, fazendo-me, hoje, perceber que a obra é um desafio à mente. Espero que apreciem tanto quanto eu.

Prefácio

Caro leitor,

Prefaciar Gisele Galindo e sua obra Destino Íntimo é trabalho de carpinteiro da arte literária. Nem mesmo os deuses do Olimpo saberiam dizer qual o meu papel diante de tamanha façanha justificada no desvairismo. Outrora, classifiquei a obra como: corajosa, ousada, luxuriosa e letal. Ainda continuo com tais palavras, acrescidas de uma - intensa.

Certamente, nasci com veias poéticas para que possa me valer de momentos assim - veias dignas de se esvair em palavras e fonemas decodificados nas falas e reações de Luna e suas aventuras fantásticas em selvas sobrenaturais – apaixonantes – do caos ao delírio.

Ler Destino Íntimo é descobrir, mesmo que não queira, alguns dados. Nem todos. Sem conclusões. Sim! Ideias submersas em loucura a qual todo autor se encontra ao tecer seus devaneios no papel, naufragando leitores afoitos que estão sempre buscando por respostas – não as encontrará no âmago desta autora, pois este é o ínterim de quem se perde em suas palavras. Gisele estende o gabarito de sua obra, quase um concerto, a uma próxima oportunidade, e quando menos se espera, a sensação é de que está quase se chegando a um lugar que ela esconde, faz parte do íntimo do livro, a qual derivou o nome tão apropriado e complexo tanto quanto os sentimentos que meros mortais acreditam decifrar em cada parágrafo. Para quem aceita - são inúteis as tentativas. Para que não aceita - retorne ao início da leitura e deixe-se intensificar pela riqueza dos personagens, o segredo está nas entrelinhas. Os curiosos terão o prazer em descobrir as conclusões, confrontando obra e dados. Para quem rejeita conselhos, trabalho perdido explicar o que já não aceitou, mesmo antes de ler. Esta é a escrita de Gisele Galindo.

Imagino que a autora, antes de escrever tal engenho, tenha se permitido a sentir um turbilhão de sensações e sentimentos. Arrisco-me a imaginá-la dando alma aos personagens em um pensamento: “Não há ninguém para me olhar por cima do ombro. Estou aliviada!”. Depois, como num impulso irreprimível, veio a necessidade de escrever. Se estivesse no escuro, mal distinguia o débil contorno claro de uma folha de papel – descreveu Luna com um apreço que me pareceu ardiloso, mas é pura necessidade... Passou a escrever como se tivesse lançado um barco negro no mar bravio. Fez sua escrita com luvas sem cor e óculos escuros, parando a todo instante, passando a mão embainhada sobre as páginas para sentir os contornos e as expressões das letras que não tem perfil. O resultado foi um tipo específico de texto, talvez os que se assemelham ao surrealismo em seus primeiros anos, porque é deste modo que se compõe a alma que tracei de Gisele. Quando sente a impulsão de instinto quase lírico, escreve sem pensar, sem deduzir, tudo que seu inconsciente grita, chora, arranha e deseja. Deixou para pensar depois: não só para revisar, corrigir, alterar, nem ao menos passou-me a impressão de justificar o que escreveu.

A inspiração de D.I. é extravagante e fugaz, oriunda da arte violenta, que revira as vísceras e aperta o peito. Qualquer empecilho que possa prejudicar a concentração durante a leitura, perturba e emudece o mundo real, e para quê voltar? Se tão pouco se sabe distinguir a diferença após a leitura: realidade x surrealismo = Destino Íntimo. Obra que somada a Lirismo, não consiste em prejudicar a louca estrada do estado lírico para avisá-lo das pedras e cercas de arame do caminho que precisará percorrer para chegar até a página 260. Deixe que tropece, resvale e se fira, assim é o amor que se revela pela arte moldada por Gisele. É deixar ser levado pelas repetições fastientas, de sentimentalidades românticas, de pormenores inúteis que se expressam aos poucos, como o corpo da amante nua, revelando-se...

A segunda impressão assolada na consciência desta obra é a de que Gisele não quis reler o que conseguiu extrair do âmago. Impôs certa continuidade, mesmo para aqueles que assim não a definem. Ela, Gisele, disse em minha imaginação leitora e louca: “Eu tenho que soltar as letras... Tenho que deixá-las voar e seguir... Deixo-me levar pela pulsação das letras à medida que elas vão se desenhando no papel; a pontuação desaparece... Repetições, ritmos, estruturas serão quase biológicas, não intelectualmente concebidas...”

De olhos fechados, por detrás das pálpebras, as palavras de Destino Íntimo iam se movendo como se fossem numa tela - são suspiros a procura de um orgasmo... Ela, a autora hermética por tantos devaneios, escreveu para mim, pensei, na tentativa de me apagar, fazendo-me uma cópia fiel de seus personagens. Assim desejei por um dia, enquanto durassem as 260 páginas pragmáticas que eram o avesso de minha realidade, porém, o sonho contínuo do absoluto surrealismo de mim mesma, através da ótica da autora.

Querendo roubar o contexto, e fazer dele, minha personalidade persuasiva, mergulhei diretamente num sonho como se ele fosse real, assim como foi tantas vezes, Destino Íntimo, de Gisele Galindo,

Eis aqui, um fã.

Adriana Vargas

Escritora, advogada, coordenadora

do CNA e agente literária

Destino Íntimo - Uma Jornada ao Pulsar de Um Estranho - Livro 1 - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora