A mais delicada das joias

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O vento frio cortava a noite, desliza pela calçada e pelo asfalto até bater no corpo do Patriota que ajeitava sua espingarda nas costas e sua pistola no coldre, ele já tinha um alvo ao longe, em uma simples loja roupas que já estava fechada, vultos e sombras se moviam desordenadamente.

Era hora de agir, ele ajeitou sua bandana, sacou sua calibre 12, se aproximou do local vagarosamente e atravessou a porta de vidro já aberta pelos meliantes, dois homens, sem nenhuma característica especial, estavam assaltando a loja, um usava uma meia-calça na cabeça e outro usava uma máscara de vampiro, enquanto um segurava uma bolsa o outro a enchia com roupas que julgava serem caras, o Patriota os observou por exatos três segundos até que um deles o percebeu.

-Ei você!- disse o vampiro com um monte de calças nas mãos, o da meia-calça largou a bolsa no chão e sacou um revólver prateado

-Paradinho! Nem tente reagir.

O Patriota simplesmente inclinou a cabeça levemente e desceu a espingarda até a altura da cintura lentamente, quando o meliante estendeu a mão para pegar a arma o vigilante disparou fazendo o bandido cair para trás com violência, o vampiro tentou pegar o revólver do parceiro que havia caído no chão, mas o Patriota levantou a 12 até a altura do olhos e disparou, uma poeira subiu já que o tiro pegou em uma coluna de sustentação do local, o Patriota disparou mais uma vez e o som do tiro se misturou ao grito do meliante que agora estava definitivamente morto.

O herói se aproximou com cuidado do vampiro e pegou o revólver de sua mão, mas logo percebeu que não se passava de um simulacro prateado e brilhante, ele encarou o instrumento e pode ver uma figura feminina se aproximando e sem pensar duas vezes lançou-lhe um golpe no pescoço da moça debruçando-a sobre o balcão da loja.

A moça estava desesperada e suava muito, ela estava assustada e nervosa, não fazia parte do grupo, na verdade não estava lá para roubar mas sim para ajudar, ou era o que ela pensava, usava uma roupa de couro da cor roxa com um decote profundo e com uma saia pesada também feita de couro.

A moça respirou fundo, não sabia o que o vigilante poderia fazer com ela naquela posição, mas ele simplesmente a soltou e voltou a tratar dos meliantes, pegou o simulacro novamente e colocou-o em cima do balcão junto a moça que pouco a pouco se recuperava do susto.

-Parado! Por favor, não reaja!- disse a moça suando frio.

Novamente o Patriota encarava alguém que o ameaçava com voz de prisão.

-Porque?

-Como?

-É que você não é a primeira pessoa a tentar me prender.

-Você é um criminoso! É meu dever lhe prender.

O Patriota olhou para os corpos no chão em uma ameaça clara do que poderia acontecer com a moça e sem falar mais nada saiu do prédio.

A garota ficou hipnotizada pela marca de violência que a cercava, ela pensou por alguns segundos e depois voltou a realidade indo atrás do homem que havia feito tudo aquilo.

-Ei, você!- disse a moça seguindo o herói pelas ruas escuras - Volte aqui seu meliante.

-Meliante?!- o Patriota nem ao menos olhou para a garota que gritava feito uma louca trás dele- Esse foi o melhor que você pensou?

-Como assim?

-Vá embora, volte para sua casa e não vai se machucar.

-Porque você não me matou?

O homem parou subitamente, olhou com o canto do olho para a garota que nervosa esperava uma resposta.

-Qual é o seu nome?

-Me chamo Safira- disse ela com uma pose heroica.

-Algumas pessoas falam em mudar o mundo e isso já é uma vitória comparado aqueles que apenas reclamam, mas alguns como nós fazem algo para fazer essa mudança acontecer, não te apoio mas não farei nada pra lhe impedir, apenas não fique no meu caminho.

O Patriota avançou na garota e novamente a imobilizou contra a vitrine da loja, passou a mão em seu decote e a deslizou até as coxas da moça que estava apavorada, e por fim passou os dedos no pescoço da moça puxando delicadamente seus cabelos ruivos.

-O que... O que você vai fazer?- a voz da moça tremia e sua pele estava encharcada de suor, ela engoliu seco e fechou os olhos marejados pelo medo.

-Perfume forte demais, sinto ele daqui, decote profundo e provocante para distrair os outros...  seria um bom artifício se você  soubesse lutar para se defender, roupa de couro apertada limitando seus movimentos, e por fim safiras não são roxas, são azuis assim como seus olhos.

O homem a soltou e seguiu o seu caminho sem olhar para trás, aos poucos o branco de sua camisa desaparecia na escuridão da rua mal iluminada, a moça apoiou suas costas na vitrine e deslizou para baixo em lágrimas, seus olhos se fixaram em um grande cartaz que exibia a foto do Canário em uma pose heróica, agora ela sabia que aquilo era uma mentira e que a realidade era dura e violenta, mas ainda assim fascinante.

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