Egoistas e mercenários

23 2 0
                                    

A cidade era bela, ou pelo menos parecia da janela do Canário que ignorava o cenário enquanto assinava vários contratos publicitários, usava sua clássica roupa de herói nas cores verde e amarela mas sem a máscara pois não conseguia ler quando a usava, a sua espera uma secretaria carregando pastas e usando um terno justo e provocante recolhia os documentos já assinados e os carimbava, era uma indústria da publicidade e do marketing funcionando em perfeita harmonia, como era natural para eles o capitalismo. De repente a porta sala se abriu, os dois detetives entraram na sala com passos firmes acompanhados por um policial que colocaria medo em qualquer um, o Canário se levantou rapidamente e se dirigiu aos homens com um sorriso no rosto.

-Olá senhores, em que posso ajuda-los?- disse o Canário cumprimentando-os

-Antes de mais nada, eu sou Olaff e este é o meu parceiro, pode chama-lo de Joe

-Muito prazer, e você é...

-Sou o sargento Marcelo.

-E... Qual é o assunto?

-Bem... - Os detetives se entreolharam e Olaff sacou de sua pasta a foto do corpo do General- Viemos lhe avisar sobre a morte do General Vonbraw.

O Canário mudou a expressão amistosa para uma face de tristeza, para disfarçar deu um sorriso leve e se virou para a secretária dizendo alguma coisa em seu ouvido.

-Que infelicidade! Nós não éramos muito ligados mas eu o respeitava como qualquer outro.

-Eu sei que pode ser inconveniente mas tenho que fazer algumas perguntas, tudo bem para o senhor?- perguntou Joe

-Sim claro! O que querem saber?

-Bem, onde o senhor estava ontem a noite? - perguntou Olaff, do seu lado passou um homem de jaleco levando uma prancheta em suas mãos

-Bem... Eu estava em casa, assistindo a televisão, só um minuto!- disse o Canário recebendo o homem de jaleco

-Senhor aqui estão as análises da água, me desculpe o incômodo!

-Sim, tudo bem, mas enfim, os senhores tem mais alguma pergunta?

-Sim, você se relacionava ativamente com a vítima?- perguntou Joe com um pequeno bloco de notas em suas mãos

-Não, como eu disse não éramos tão chegados!

O sargento se dirigiu a uma grande prateleira na sala onde estavam dispostos vários artigos temáticos, desde lancheiras e bonecos até caixas de cereal e pacotes de biscoitos, todos com desenhos e fotos do Canário e de um ou dois heróis menos conhecidos.

-Me desculpe... Canário, mas com o que o senhor trabalha exatamente?- perguntou o sargento

-Bem, com tudo um pouco, basicamente marketing.

-Não seja inconveniente!- retrucou Joe envergonhado - Não precisa responder Senhor.

-Não se preocupem, essa é uma pergunta recorrente, e aliás podem me chamar de Daniel.

-Não tem medo de ter revelado sua identidade?

-já chega sargento, temos uma investigação séria sendo feita aqui!

-Na verdade Joe, isso pode ser importante! Senhor... Quer dizer... Daniel você pode ser uma vítima em potencial.

-Eu sabia dos riscos quando revelei minha identidade, eu sei me cuidar!

-Mas fique alerta, cuidado nunca é de mais.

-Acho que isso já é o bastante, vamos embora.

-Esperem!- o Canário pegou um de seus bonecos feito de pano e jogou-o para para o sargento - Espero que tenha um filho, esse nem foi lançado ainda.

-Obrigado!- o sargento deu um leve sorriso e seguiu para o elevador sendo seguido pelos detetives.

A porta se fechou e Joe deu um tapa na porta do elevador.

- Droga!

-Você está bem Joe?

-Sabe a vergonha que eu passei la dentro?!

-Me desculpe detetive, mas se você não está pronto para esse tipo de pressão...

-Como é...- Joe olhou para os lados de forma descontrolada - Eu... Eu não sei nem o que falar, que inacreditável - Joe encarou o sargento cara a cara, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa a porta se abriu - Seu superior vai saber disso!

-Calma Joe! Olha evite fazer esse tipo de comentário, eu particularmente acho que ele é fã desse cara, então você entende não é ?!

-Sim tudo bem

Olaff saiu apressado pelo saguão do prédio atrás de seu parceiro, o sargento saiu calmamente observando o cenário a seu redor, haviam muitos brinquedos, fantasias, objetos decoração, entre outros objetos temáticos sobre os heróis, muitos desconhecidos pela maioria mas o sargento os reconhecia de batidas policiais, uma cessão de figuras de ação chamou a atenção do policial, pois nela estavam o Canário e o Patriota lado a lado extremamente bem modelados, ele contemplaria mais a obra mas o dever o chamava.

Ao sair do prédio os dois detetives já o esperavam no lado da viatura, mas de repente uma mulher ruiva esbarrou no sargento que levou a mão ao tronco e fez um leve e contido gemido de dor, a moça percebendo o que fez se virou com uma expressão de espanto.

- Me desculpe senhor!- disse a ruiva cheia de sacolas - Eu estava distraída...

-Não se preocupe senhora, isso não foi sua culpa! Mas tome cuidado da próxima vez.

A moça seguiu seu caminho e o sargento entrou na viatura junto aos detetives.

-O tiro de ontem ainda está doendo sargento?- perguntou Olaff no banco do passageiro.

-Sim, um pouco.

-Teve sorte, o tiro era de rifle, podia ter varado facilmente. - completou Joe

-Pois bem, vamos direto para a delegacia, quero ver se já fizeram a autópsia.

O sargento deu a partida, o carro seguiu o fluxo dos civis andando na calçada, não demorou muito para que o carro passasse pela ruiva, o sargento fixou seu olhar nela pois a mesma estava nervosa e ele tinha um mal pressentimento sobre a moça.

Sobre o CapuzOnde histórias criam vida. Descubra agora