Capítulo 8

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[Esse capítulo não foi revisado profissionalmente]


     O sol raiava e Lurdes não tinha se quer dormido. Ela não conseguia parar de pensar nas miseráveis palavras cuspidas de sua boca e nos terríveis soluços de Joana.
Joana ficou a madrugada toda soluçando, mesmo dormindo ela não conseguia parar de chorar e em certa parte da noite ela soltou um grito — ela estava sonhando — que deixou Lurdes com o coração apertado.
Os pais do vizinho estavam arrumando a bagunça feita por eles nessa madrugada. Toda vez que a vassoura passava no chão um som ecoava dentro do quarto de Lurdes. Ela não estava com vontade de levantar da cama, ela estava evitando olhar para Joana, seu rosto estava queimando de vergonha. Mas as vassouras a lembraram que havia uma casa inteira para ser arrumada e pelo ocorrido na madrugada ela que devia fazer esse favor a Joana.
— Bom dia flor do dia — Lurdes dizia a si mesma.
Após levantar da cama ela fica em frente ao espelho e começa a trocar de roupa. Lurdes retirou a camisola que estava toda molhada de suor e ficou em frente ao espelho penteando os cabelos.
Enquanto Lurdes penteava os cabelos as ordinárias cenas que presenciou com Marcelo naquele carro invadiram sua mente. Ela sentia ânsia de vomito quando se lembrava do Marcelo, seu corpo arrepiava ao lembrar-se do beijo que ela teve que dar.
As vassouram pararam de ecoar dentro de seu quarto, mas as vozes escandalosas do vizinho que demonstrava cansaço invadiram a casa inteira. Lurdes já estava ficando irritada por cada fala que saiam da boca daquelas pessoas.
Terminando de descer as escadas Lurdes depara com a televisão ligada e o filme A Órfã estava passando novamente. Um frio atingiu sua barriga como um se alguém tivesse dado um soco.
Incomodada com o filme ela desliga a televisão e depois começa a socar a almofada gritando tudo que queria colocar para fora.
— Burra, burra, é isso que eu sou... Eu não mereço ter ninguém ao meu lado, sou uma ordinária. Devo morrer com um tiro na cabeça, essa é a única coisa que mereço nessa vida.
Depois de se culpar por tudo que já fez de errado ela começa a arrumar a casa.
Enquanto Lurdes estava gritando Joana tinha acordado, mas ela preferiu não levantar da cama. Ela não queria olhar para Lurdes.
Joana ouvia Lurdes arrastar os moveis e ao mesmo tempo cantava um música que sempre cantou quando Joana tinha pesadelos. Ela tinha percebido que Lurdes cantarolava aquela música como um pedido de desculpa, mas aquela canção não escondia as pesadas palavras que Joana foi obrigada a ouvir.
Estressada com a voz fina e extremamente desafinada da mãe, Joana coloca os fones de ouvido e começa a escutar algumas músicas que estavam em seu celular. Joana nunca foi de aturar música depressiva, mas daquele momento tudo que ela queria é deixar de ouvir a voz de Lurdes.
A música já estava atormentando a mente de Joana e já era hora de tirá-la da ferramenta repetir que o reprodutor de música do celular oferecia.
Quando Joana foi tirar a música do repetir se deparou com uma notificação de nova mensagem.
A mensagem era de Fernanda e nela dizia:

" Oi amiga, tudo bem? Vou deixar bem avisado. Eu não estou bem e preciso conversar com vc urgente. "

Ao terminar de ler a mensagem Joana não estava nem um pouco interessada em saber o que aconteceu com Fernanda, mas ela tinha certeza que envolvia Dr. Alencar e a sua ficante.
Outra mensagem incomodou Joana e dessa vez era de um número que ela não reconhecida e a mensagem dizia:

" Você tem quatro dias para despedir de uma das pessoas que você tem um grande amor. Corra!"

— Deve ser algum atoa — Joana pensou.
A música preenchia os ouvidos de Joana e o som do telefone alertava Lurdes que alguém estava ligando.
— Alô!
— Alertadas — Dizia a voz do outro lado do telefone.
Lurdes desligou o telefone quando escutou alguém andando no segundo andar. Era Joana que estava indo para o banheiro fazer sua rotina matinal.
Do banheiro Joana foi para o quarto e começou a se arrumar. Ela pensou que a mensagem podia ser um aviso sobre Fernanda, ou até mesmo, sobre Lurdes, mas nesse momento ela não estava importando pelo que as pessoas possam fazer com Lurdes.
Descendo as escadas ela fica cara a cara com Lurdes. As duas desviaram os olhares na mesma hora. Ambas agiram como crianças que tinham acabado de brigar uma com a outra.
Terminando de descer as escadas Joana pega o telefone e começa a simular que está conversando com alguém por mensagem.
Após sair de casa Joana avisa Fernanda para buscá-la na porta de sua casa.
"Ok, já estou saindo de casa" — Fernanda respondeu.

***

O som do carro de Fernanda alertava Joana que estava na hora de sair daquela casa, como um pássaro sai de uma gaiola depois de ficar meses presa dentro da mesma.
— Rápido, entre — Fernanda dizia enquanto abria a porta do carro. Pela sua voz dava para perceber que alguma coisa estava acontecendo.
Depois de fechar a porta do carro e se acomodar no banco carona do carro ela diz:
— O que está acontecendo? Qual o motivo de tanta pressa?
Fernanda não parava de olhar assustada para cada rua que passava e não respondeu Joana.
— Você não vai me dizer?
— Calma. Temos que ir para um lugar movimentado e que tenha câmeras de segurança o mais rápido possível.
Sem entender nada Joana joga a cabeça para trás e começa a mexer no celular.
Depois de alguns minutos Fernanda estaciona na primeira vaga que encontra no pequeno e único shopping de Governador Valadares.
O shopping é reconhecido como uma galeria, os visitantes têm direito de andar somente no primeiro andar que contém poucas lojas.
As duas foram correndo para a praça de alimentação e sentaram perto de uma tomada para carregar o celular.
— Olha isso — disse Fernanda mostrando o celular para Joana.
— Isso oque?
Fernanda bufou.
— Olha esse número.
Joana olhou.
— O que tem de errado nele?
— Joana você não faz ideia do que aconteceu. Esse número me ligou essa madrugada falando que eu tenho poucos dias de vida. Eu não desliguei porque estava querendo saber mais sobre essa alerta, mas acabei arrependendo de ouvir as ameaças. A voz do ameaçador era de alguém que eu conheço, mas estava abafada e demonstrava nervosismo. Eu não sei oque fazer, estou com medo. Isso pode ser um trote, mas também pode ser verdade.
Fernanda estava gritando, a pessoa que estava almoçando na mesa do lado olhou para elas e começaram a rir. Joana não estava gostando da atitude da amiga, mas ficou preocupada com seu desespero.
— Fernanda para de escândalo, você está gritando. Conte-me melhor. Que horas foi isso, tente falar do mesmo jeito que a pessoa e deixa-me ver esse número de novo.
Fernanda entregou o celular e começou a contar:
— Era aproximadamente duas da manhã, eu não me lembro muito bem, mas no celular tem o horário, confere ai. Ele começou falando assim "Você tem exatamente quatro dias para despedir das pessoas que mais ama, seus dias de vida estão contado. A sua hora está chegando e se você não tivesse a encontrado nada disso teria acontecido. Você fez a escolha. Sua única chance é se afastar ou falando ironicamente, se matar. Você deve saber de que estou falando..." Eu não sei se foi exatamente assim, mas eu só lembro até essa parte.
Joana estava boquiaberta, era o mesmo número que tinha enviado uma mensagem de texto a ameaçando. E oque ele disse para Fernanda era muito semelhante com a mensagem que ele enviou, o objetivo parecia o mesmo. Ela não sabia como reagir, seu coração estava acelerado, sua mão estava tremendo e um frio percorreu seu corpo. Sua mente foi invadida pela preocupação e arrependimento. Ela estava entendendo tudo, alguém não queria que ela ficasse junto com Fernanda.
— Você não entendeu o que essa pessoa quis te dizer? — Joana disse.
Fernanda pensou um pouco, mas não desvendou o mistério.
— Tem algum infeliz querendo nos separar — Joana começou a conta — Hoje de manhã recebi uma mensagem de texto dizendo assim "Você tem quatro dias para despedir de uma das pessoas que você tem um grande amor. Corra!" Ela é muito semelhante ao que você me contou.
— Será que é isso Joana? — Fernanda perguntou preocupada.
— Você ainda tem dúvida disso?
— Eu acho que não. Essa foi a primeira vez que sou ameaçada, eu não sei como reagir.
— Não é só você, somos nós. A única escolha que temos é você ir para minha casa e ficar por lá alguns meses. Até porque Lurdes pode nos alimentar e, além disso, nos proteger de uma forma exagerada.
Fernanda aceitou o convite e depois de tanta conversa Joana foi obrigada contar para Fernanda o que tinha acontecido naquela noite. Fernanda ficou horrorizada com a atitude de Lurdes, mas preferiu agir naturalmente com ela.
As duas andaram um pouco no shopping e depois foram para a casa de Fernanda pegar tudo oque ela precisava.
— Não leve tudo. Caso alguém venha aqui ele pode achar que você ainda está aqui e vai perder o tempo te esperando chegar em casa.
Fernanda fez oque Joana mandou.
Depois de pegar tudo que precisava e deixar a casa bem arrumada, evitando deixar que algo entregasse o seu plano elas foram para casa de Joana.    

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