Capítulo 10

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     Já estava de noite, Joana e Fernanda não tinham comido nada. A fome estava começando a incomodá-las. Lurdes já tinha ido ao quarto e as chamou para jantar, mas as duas não a responderam.
Fernanda estava com vergonha de reclamar que estava morrendo de fome, mas para sua sorte Joana tocou no assunto:
— Vamos pedir uma pizza?
— Eu não via a hora de você falar isso. Estou morrendo de fome.
— Você tem dinheiro?
— Peguei mil e duzentos quando estávamos saindo lá de casa.
Joana ligou para a pizzaria mais próxima de sua casa e pediu a metade portuguesa e a outra de catupiry com frango.
Enquanto a pizza não chegava Fernanda e Joana estavam escolhendo um filme para assistir pelo notebook. O problema é que Fernanda gosta de filmes de romance e Joana prefere os de terror. As duas iniciaram uma pequena discussão, mas brevemente decidiram assistir uma comédia pesada. O nome do filme era Vovô Sem Vergonha e pelo trailer dava para certificar que as duas iriam enfartar de tanto rir.
A pizza ainda não tinha chegado e Fernanda não estava aguentando mais. Sua barriga fazia uns ridículos sons e tremia bastante, parecia que estava havendo um terremoto interno dentro dela.
Um som de moto quebrou o silencio da rua. As duas correram para a janela para conferir se era o entregador de pizza e pela sorte de Fernanda era ele mesmo.
— Pode deixar que eu pago. Espera-me aqui.
Fernanda desceu de pijama. A fome era maior que sua preocupação.
As duas tinham esquecido de comprar refrigerante, mas o entregador estava com um litro de refrigerante para vender.
Depois de pegar a pizza e o refrigerante, Fernanda paga o entregador, fecha o portão e sube correndo para o quarto.
— Como pode isso? — Fernanda entrou no quarto correndo, ofegando e gritando.
Joana tomou um susto pensando que era Lurdes.
— Como você entrega no quarto de alguém dessa forma? — Ela gritava com Fernanda — Nossa meu coração até doeu agora.
Fernanda começou a rir e começou a contar como o entregador era bonito.
— Quase mandei o entregador deixar a pizza e me levar para casa dele.
— Para com isso sua assanhada — Joana dizia — Vamos comer.

***

Fernanda estava prestes a estourar de tanto comer e Joana estava enrolando para terminar de comer o segundo pedaço de pizza.
O filme que elas estavam assistindo era realmente engraçado. Desde o início do filme Joana não conseguia parar de rir. Em todas as cenas ela não conseguia segurar o riso e isso a atrasava a comer sua pizza.
Em certa cena do filme o vovô enfia o pênis em uma máquina de refrigerante e seu órgão genital fica preso. As pessoas que passavam na rua começaram a rir do senhor de idade, mas nenhuma delas sabia que aquilo tudo era uma pegadinha. No momento em que o vovô tentava retirar o pênis da maquina Joana não aguentou, ela estava com a boca cheia de refrigerante. Sem querer ela cuspiu o refrigerante em sua cama, no chão e um pouco na Fernanda. As duas começaram a dá altas gargalhadas e nenhuma delas estavam preocupadas com a vizinhança.
Enquanto as duas estavam rindo até ficar sem ar. Lurdes estava terminando de se arrumar para encontrar Marcelo.
Ao contrário da ultima vez. Lurdes não escondeu que está saindo de casa. Ela deixa tudo da mesma forma, não deixou um pijama escondido para usar quando chegar, não trancou as meninas dentro de casa e ligou para um táxi buscá-la.
A buzina do táxi alertou Lurdes que ele tinha chegado, mas não fora só ela alertada. Joana e Fernanda escutaram o som e pausaram o filme para certificar se o carro estava buzinando na porta da sua casa.
O táxi buzina novamente.
Mentalmente Lurdes começa a xingar o motorista, porque ele estava alertando todo mundo que ela estava saindo naquele momento.
Dentro de seu quarto Joana fica olhando Lurdes entrar dentro do carro.
— Olha para você vê Fernanda, ela está saindo de novo.
— Será pra onde que ela está indo? — Fernanda perguntava.
Joana olhou para Fernanda e não respondeu nada.
As duas voltaram assistir o filme.

***

Joana e Fernanda não estavam conseguindo dormir. O filme as deixou bastante agitadas.
— Será que isso é verdade? — Fernanda perguntava deitada em seu quarto.
A luz do quarto estava apagada, as duas estavam deitadas e conversando.
— Isso oque?
— Essa história que temos quatro dias de vida.
— Eu não sei Fernanda, mas é bom acreditar que é verdade.
Fernanda virou para o lado e começou a chorar silenciosamente. Sua cabeça estava doendo de tanto pensar na mensagem. Ela não estava aguentando mais aquele mistério.
— Eu não aguento mais — Fernanda grita.
Joana toma um susto e ao mesmo tempo liga a luz do quarto.
— Porque você está gritando — ela começa e depois vê o rosto de Fernanda todo vermelho de tanto chorar — Porque a senhorita está chorando?
— Joana eu não aguento viver de pressão. Eu não gosto de passar aperto, muito menos ser ameaçada.
Joana começou a rir.
— Está rindo de que? — Fernanda perguntava limpando as lagrimas que escorriam por suas bochechas.
— Você está assim e hoje ainda é o primeiro dia de mistério, imagina os outros três dias. Eu acho que você vai se matar antes desse tal ameaçador nos mate — Joana ironiza e apaga a luz do quarto.
Um som de carro — o mesmo carro da madrugada anterior — quebra o silencio da rua e ao mesmo tempo Joana levanta da cama e corre para a janela. Fernanda faz o mesmo que a amiga e começa enxugar os olhos para enxergar melhor.
— Mentira — Fernanda diz com a mão na boca.
Joana olha para ela sem entender o porquê daquilo:
— Você conhece o carro?
— É um dos carros do Dr. Alencar.


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