Capítulo 11

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O céu já estava ficando claro. O sol começava a raiar, aos poucos podíamos ouvir o som de carro dos vizinhos que estavam indo para o trabalho e de longe dava para escutar as freadas dos ônibus públicos. Naquele exato momento era seis e meia da manhã e durante esse tempo todo, Joana não fez questão de tentar dormir. Ela só conseguia pensar no que estava acontecendo, ela só queria saber porque o carro de Dr. Alencar estava na porta de sua casa. Se não fosse Fernanda ela ficaria o dia inteiro sentada na beirada da cama tentando desvendar o mistério, mas sua querida amiga estava acordando.
- Bom dia Joana! - Ela a cumprimentou levantando da cama.
Após levantar da cama, Fernanda ajoelha perto de onde estava e começa a orar. Ela agradecia a Deus por mais um dia de vida, que aquele dia fosse abençoada e que nada de ruim aconteceria.
- Amém! - Fernanda finalizou a oração.
Joana ficou surpreendia. Ela nunca imaginou que Fernanda fosse religiosa.
- O que houve com você amiga? - Fernanda perguntava - Você está com cara de morta. Você conseguiu dormir essa noite?
Joana não ouviu.
- Joana, você está dormindo sentada?
- Ãn. Oi? - Joana disse assustada.
Fernanda bufou e pediu para que ela esquecesse.
As duas conversaram um pouco e decidiram descer para tomar café.
Chegando á cozinha elas deparam com uma mesa cheia de pães, bolos, biscoitos e suco. Joana sabia que aquilo era algum plano de Lurdes, mas Fernanda deixou que a inocência, ou melhor, a fome falasse mais alto e começou a comer pão e tomou um copo duplo de suco de maracujá.
- Você é louca de beber e comer o que vem dela - Disse Joana referindo-se a Lurdes.
Fernanda começou a cuspir quando deu conta que tudo aquilo foi arrumado pela Lurdes.
- Como que é?
Joana e Fernanda reconheceram a voz e seus corpos congelaram-se ao dá conta que Lurdes estavam atrás delas. Joana ficou paralisada e Fernanda não conseguia terminar de engolir o resto do pão que ela tinha colocado em sua boa.
Fernanda levantou-se da mesa e encheu seu copo com mais suco e começou a beber descontroladamente. Joana achou que era um esquema de distração de Fernanda, mas não era isso. Fernanda estava ficando vermelha e tentava dizer alguma coisa apontando para a garganta.
Lurdes chegou perto dela e começou a enfiar o dedo dentro da boca dela e lá de dentro ela retiou um pão todo babado. O pedaço de pão era muito grande, ela só descia se Fernanda bebesse um tanto de suco, mas sua garganta travou quando ouviu a voz de Lurdes.
- Ótimo. Agora vamos subir Fernanda - disse Joana.
- Como é que é? Podem parar com isso. Vocês estão correndo de mim como se eu fosse um bicho. O que está havendo nesta casa?
Nenhuma das duas responderam e tomaram rumo para o quarto de Joana.
Aproximando-se ao quarto Joana encontrou a porta aberta.
- Eu não acredito que ela fez isso- Joana disse baixinho.
O quarto estava todo bagunçado e o mais importante não estava lá dentro. O celular de Fernanda que estava carregando perto da cama tinha sumido. Fernanda começou entrar em desespero e rapidamente não se conseguiu se controlar e começou a chorar.
Enquanto as duas estavam chocada com a atitude de Lurdes. Lurdes ria por dentro, ela podia ouvir o choro de Fernanda e segurava o riso quando Joana dizia que iria tomar o celular dela.
- É muita inocência para duas garotinhas - pensava Lurdes.
Furiosamente Joana desce as escadas e prensa Lurdes contra a parede da cozinha. Ela aperta o pescoço da senhora até deixá-la sem ar.
- Cadê o celular dela. Me diga agora - Joana gritava.
Lurdes não dizia uma palavra, ela sabia que Joana não era capaz de matar uma formiga e preferiu fingir de inocente. Com um semblante de estar confusa Lurdes consegue ganhar de Joana.
Em um só golpe Lurdes vira o jogo. Ela pega o braço de Joana e a prensa contra a parede.
- Você está louca de fazer isso comigo? Você está querendo morrer garota. Saia daqui agora e suma dessa casa!
Joana ficou impressionada com Lurdes. Ela sai correndo da cozinha, sobe para seu quarto e manda Fernanda se arrumar.
- O que está acontecendo?
- No caminho eu te conto. Mas temos que ir para outro lugar.
Entrando dentro do carro Joana começa a contar o que tinha acontecido. Fernanda ficou boquiaberta e não teve palavras para aconselhar a amiga, mas Joana deixou bem claro que aquilo estava sendo um alivio para ela.
- Para onde vamos agora? - Fernanda perguntava.
- Vamos para a casa do seu amado. O Dr. Alencar.

***

As duas estavam paradas uma esquina antes de chegar à casa do Dr. Alencar. Fernanda estava formulando um diálogo para fazer de tudo com que ele deixasse as duas ficar por um tempo indeterminado morando em sua casa. Joana estava morrendo de vergonha de fazer isso, mas elas não tinham escolhas.
- Vamos - disse Fernanda acelerando o carro até a casa do Alencar.
Quando elas chegaram um frio percorreu a barriga de Fernanda. Ela estava com vergonha de conversar com Dr. Alencar novamente. Tudo que ela conseguia lembrar foi o dia em que ela foi para a boate com Joana.
Ela arfou e pediu para que o porteiro abrisse o portão.
Depois de um custo o porteiro recebeu autorização para que ela entrasse e com um pouco de raiva e medo ela entrou estacionando o carro mais próximo do portão.
Fernanda queria indicar para a sua concorrente que ela estava na casa e que não era um bom momento para ela chegar.
Entrando dentro de casa ela depara com a cozinha Silvia. Silvia é a única cozinheira da casa, todo mundo faz excelentes elogios de seus pratos e ela sempre foi simpática.
- Olá Senhorita Fernanda, como você vai?
- Oi Silvinha, estou ótima e você? - Fernanda a chamou pelo apelido.
- Estou perfeitamente ótima - ela riu - Quem é essa mocinha - ela perguntou ao reparar a presença de Joana.
- Ela é minha amiga do ensino médio. O nome dela é Joana.
- Prazer meu nome é Silvia - Silvia foi até Joana e a cumprimentou com um abraço e um beijo no rosto.
- Prazer, Joana.
- Podem ficar à vontade. Dr. Alencar já está sabendo que vocês estão aqui. Ele só foi trocar de roupa, o pobre coitado acabou de chegar do serviço.
Joana e Fernanda sentaram-se no sofá mais próximo. Ao sentar no sofá Joana pode perceber como um sofá tem suas diferenças. Aquele sofá era macio, tinha um tecido suave e um odor elegante.
Fernanda se sentiu em casa e logo foi tirando o calçado e deitando no outro sofá.
- Bom dia amor da minha vida - Dr. Alencar dizia atrás do sofá que Joana estava sentada.
Joana pulou de susto. A voz do homem era grossa e bem calma. Aquilo deixava ela bem instigada.
Fernanda levantou do sofá arrumou sua roupa que tinha amarrotado um pouco e se dirigiu até ele. Naquele momento ela tinha se tornado uma mulher. Ela estufou o peito, arrumou o andar, apertou levemente os olhos e caminhou até o seu porto seguro. Joana ficou assustada como ela tinha uma alta personalidade quando estava perto dele.
Os dois se encontraram um abraço e um beijo no rosto e rapidamente Fernanda disse que precisava conversar seriamente com ele.
- Tudo bem, mas deixa eu conhecer sua amiga primeiro.
Joana virou o rosto percebendo que ele estava referindo-se a ela.
- Olá, meu nome é Joana. Tudo bem? - disse ela caminhando até ele.
- Que prazer em conhecê-la, você que é a Joana que Fernanda tanto comenta. É uma honra te conhecer pessoalmente - ele fez uma pausa - Estou um pouco cansado, mas nunca deixei de estar bem, e você, como vai?
Joana fez uma pausa e disse:
- Não estou muito bem, mas em questão de saúde estou totalmente bem - ela riu.
Dr. Alencar não entendeu o motivo da risada e deixou ela rindo sozinha.
- É sobre isso mesmo que vim aqui conversar com você, amor - Fernanda cortou a conversa dos dois.
- Estou aqui para ouvi-las.
Fernanda pegou o braço dele e o arrastou para a sala de estar, deixando Joana sozinha na sala.
- Pode ficar tranquila amada. Irei ligar a televisão pra você, porque quando aqueles dois inventam de ficar sozinhos, a coisa esquenta - Silvia apareceu de repente dizendo para Joana.
Joana não aguentou e começou a rir e Silvia riu junto com ela.
Depois que Silvia liga a televisão e entrega o controle para Joana, ela agradece.
- Obrigada Silvia.
Silvia piscou um dos olhos para Joana.
Depois de alguns minutos Fernanda aparece aborrecida na sala. Joana de cara pensou que ela não tinha boas notícias.
- O que houve Fernanda? Conte-me!
- É que... - ela mudou o semblante como se tivesse conseguido o que queria - Vamos poder morar aqui até quando resolvermos essa história.
As duas se abraçaram e começaram a pular igual doida. Um pingo de felicidade foi suavemente pingado na vida delas, ambas só sabiam ficar para baixo, mas uma nova esperança estava surgindo em suas vidas.
- Você tinha que vê sua cara - Fernanda zombava de Joana.
- Cale a boca sua ridícula.


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