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Me arrependi de acordar assim que abri os olhos. Senti como se um rolo compressor houvesse passando algumas milhares de vezes por cima de mim. Não havia uma parte do meu corpo que não reclamasse de dor.

Maldita ressaca. Quanto eu havia bebido ontem?

Minha cabeça martelava. Olhei em volta. Onde diabos estou? Uma densa floresta se expandia ao meu redor, estava tudo escuro e ao longe ouvia o canto dos grilos.

Preciso encontrar Cara.

Tatei os bolsos a procura do celular, nada, com a minha sorte devo ter sido assaltado. Me levantei do chão e imediatamente fiquei tonto, me apoiei na árvore mais próxima e respirei fundo tentando não ir de encontro ao chão.

Um passo de cada vez, disse à mim mesmo começando a caminhar, essa floresta não pode ser tão grande, e nem ter ursos e animais famintos querendo me devorar ou índios canibais, não nada disso, aqui é seguro e esses sons suspeitos não significam nada, com toda certeza não são lobos, isso é só minha imaginação, a luz da lua vai iluminar meu caminho, olhei para o céu. Ótimo agora estou vendo dobrado, são duas luas, daqui a pouco começo a ter alucinações. Ao longe vejo uma cabana, maravilhoso a primeira já começou.

Depois de treze tombos, cinco quedas, milhares de palavrões, promessas ao vazio e palavras de animação, finalmente cheguei a tal cabana, estava tão exausto que só deu tempo de bater/me jogar na porta então apaguei quando o anjo de olhos verdes abriu.

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Senti algo gelado no rosto.

— Finalmente você voltou. — uma voz masculina saudou. — Já estava considerando te levar para a Rainha. — uma risada doce preencheu o ar.

Olhei em volta procurando a origem do som. Um ser desconhecido e estranhamente bonito me observava.

— Rainha? — resmunguei tirando o pano molhado da testa e avaliando a fascinante criatura que me observava.

— Eu estava brincando. — ele ficou sério. — Você ardeu em febre por um dia inteiro.

— O que? O Natal foi ontem? — ele franziu as sobrancelhas e eu com toda minha capacidade mental só pude constatar que o vinco que se formou ali era extremamente fofo.

— O Natal já passou faz tempo. — ele me olhou atravessado. — Hoje é vinte cinco de janeiro.

— O que? — gritei pulando da cama,(então era aí que eu estava deitado?) me arrependendo logo à seguir, senti dor em partes do corpo que em nem sabia que tinha. — Eu dormi por um mês?

— Aparentemente você entrou em coma antes de aparecer na minha porta e desmaiar nos meus braços, ou então bateu a cabeça bem forte. — ele deu de ombros e pelo seu tom de voz a segunda alternativa era a mais aceita por ele. Devia perguntar o porquê de ele não ter me levado a um hospital em vez disso eu corei e perguntei:

— Quem é você? — minha cabeça dava voltas e voltas, eu usei drogas? Esse cara gostoso do meu lado, que pode ser um assassino em série, usou drogas?

— Me chamo Harry. — ele passou a língua entre os lábios e, antes que eu pudesse dizer alguma bobagem relacionada ao seu nome, se levantou da cadeira que estava sentado e colocou a mão no bolso da bermuda que usava. — E espero que você não seja um dos espiões da Rainha. — então ele sacou uma adaga. Sim, aquele troço afiado que pode matar, ele tirou uma dessas do bolso! Uma adaga!

— Puta, merda! — berrei saltando da cama e arremessando a coisa que estava mais perto: o travesseiro, Harry o cortou ao meio espalhando penas para todos os lados me dando tempo de correr só para descobrir que a porta estava trancada, pensei então em pular a janela, mas ele me agarrou por trás colocando a arma do meu pescoço antes que eu pudesse.

— Agora, eu quero respostas. — ele murmurou rente à minha orelha, enviando arrepios por todo meu corpo e me fazendo arfar, pisei no seu pé e usei meu cotovelo para lhe dá um golpe no estômago o fazendo afrouxar o aperto o bastante para empurrar seu braço e me abaixar sem o risco de ter o pescoço cortado no processo. Me virei e acertei um belo de um chute nas jóias da coroa de Harry o fazendo ir de encontro ao chão com as duas mãos no lugar, soltando a adaga e me permitindo pegá-la.

— Acho que sou eu quem faz as perguntas. — disse rindo nervoso, tentando soar como se fosse o dono da situação quando na verdade não fazia a menor idéia de como havia feito o que acabara de fazer e ainda por cima controlar o tremor que a parte racional do meu cérebro gritava ser por conta do esforço e não pelo efeito da proximidade de Harry, o doido que queria me matar.

— Não esteja tão certo disso. — ele sorriu maroto me dando uma rasteira. — Foi um bom golpe se quer saber, mas já aguentei bem piores. — o cacheado me imobilizou e afastou o objeto afiado que eu ainda tentava pegar. — Que tal aquelas respostas? - bufei sentindo minha bunda protestar pelo impacto.

— Olha, cara, eu não te conheço e você não me conhece, então que tal você me emprestar um telefone daí eu ligo para a minha amiga e a gente esquece disso tudo? — tentei soltar um dos braços, mas Harry suspendia os dois acima da minha cabeça.

— Você trabalha para a Rainha? — ele intensificou um pouco mais o aperto, não a ponto de me machucar só para dá ênfase no que dizia.

— Não! Do que diabos você está falando? — tem um louco psicopata (melhor cortar a parte do atraente, fico parecendo um debil elogiando o cara que quer me matar) em cima de mim, meu dia fica cada vez melhor. — Me chamo Louis Tomlinson e trabalho em uma empresa de telefonia, a rainha não solicitou meus serviços, aliás ela nem deve saber da minha existência.

— Então você despreza o regime absolutista?

— Absolutista? — franzi a testa. — A Inglaterra não vive nesse tipo de regime faz tempo.

— O que é...Inglaterra? — Harry pareceu genuinamente confuso.

— Você está brincando com a minha cara?

— Eu pareço está brincando? — ele cravou seus olhos nos meus e por um instante me perdi na imensidão do verde.

— Não. — murmurei tão baixo que até duvidei que aquela fosse minha voz.

— Então?

— Então o que? — estupidez era pouco para descrever meu estado, meu raciocínio estava tão lento que tive dificuldade de lembrar a pergunta. — Ah sim, Inglaterra, bem supostamente é onde estamos.

— Estamos no território de Kayco.

— Onde fica isso? — não fazia a mínima idéia que existia um lugar com esse nome, o que de certa forma não me surpreende como deveria, primeiro eu desmaio, depois descubro que dormi por um mês, acordo em uma floresta e então desmaio de novo nos braços de um estranho que aparentemente é doente e quer me matar só o que falta é está num lugar desconhecido e inabitado no meio do nada que ninguém sabe da existência.

— Na região sul. — o cacheado parecia intrigado por eu não saber me localizar. — Como você não conhece a principal cidade de Voluptatis?

— O que diabos é Voluptatis? — Harry me lançou um olhar de você-por-acaso-é-debil?

— Não pode está falando sério. — ele estreitou as duas esmeraldas em seu rosto. — Que tipo de pessoa não sabe o nome do próprio planeta?

Obviamente o meu tipo de pessoa, pensei, saio por aí visitando novos planetas. Bem, espero que aqui tenha sinal de rede, e que Cara tenha um foguete espacial.

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Aqui estou eu de novo, o que estão achando? Volto na próxima semana, bye ♥.

Voluptatis (Larry AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora