sem escolha

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— ESCOLHA! VAMOS ESCOLHA! — gritava uma voz rouca para mim — escolha... ou prefere que escolha para vossa alteza? — Continuou a voz, não conseguia ver seu rosto, pois estava atrás de mim, um vento frio atingia meu pescoço, fazendo meu corpo todo tremer, os meus pés estavam descalços em um chão frio. Na minha frente havia dois caminhos. Cada um tinha uma placa com um nome, mas era embaçado e não conseguia ler, a mão gelada agarrou meu ombro com força.

— Acabou o tempo! — Gritou enquanto agarrava meus braços e tampava minha boca, puxando-me para trás, para dentro de um abismo de escuridão

Em um pulo acordei desesperada, colocando a mão pelo rosto em busca de algum sinal da figura misteriosa do sonho. uma faísca de luz atingiu os meus olhos, me lembrando que mais um dia começou — esse sonho havia me assustado — esfreguei os olhos algumas vezes para poder acordar — já eram quase nove horas. Virei-me de lado para a enorme porta de vidro que dava a sacada, tentando enxergar o jardim através das cortinas ainda fechadas.

Ouvi duas batidas suaves na porta, e ela se abriu, Isabel com um pequeno sorriso apareceu, estava usando o seu uniforme de sempre: um vestido preto com mangas que cobriam do seu ombro até seus cotovelos e um avental branco impecável, com seus cabelos presos em um coque bem feito, foi contratada a alguns anos, era uma jovem muito educada, e um pouco tímida.

Mantive os olhos para a janela, dava para ver o sol brilhar, o verão estava se aproximando, Isabel caminhava silenciosamente pelo quarto, mesmo sabendo que eu já estava acordada ela evitava fazer o máximo de barulho, somente quando me viu levantar se aproximou em direção à porta para terminar de abrir a cortina azul, uma outra  moça apareceu alguns minutos depois, eu já tinha visto algumas vezes pelo castelo, ela fez uma reverência sem me olhar nos olhos — o que muitos faziam — e caminhou pelo corredor em direção ao closet.

Quando finalmente tive coragem para levantar as moças já tinham terminado de preparar meu banho, era assim todos os dias desde os meus dez anos, banho em água morna, com pétalas de rosas e sais, minha mãe sempre mandava que elas o preparam dessa forma, de acordo com suas leituras — revistas de fofoca — faz muito bem para os nervos.

Após tropeçar em meus pés algumas vezes, cheguei ao banheiro, escovei os dentes e entrei na enorme banheira — a água estava quente e perfumada. Peguei um dos meus livros preferidos, Viagem ao Mundo em 90 Dias, para dar uma lida enquanto terminava o banho.

Mesmo tentando me concentrar na leitura, o sonho, ou melhor, pesadelo não parava de passar em minha mente, não fazia muito sentido, afinal o que eu precisaria tanto escolher? Mergulhei algumas vezes, na esperança de conseguir acordar .

Assim que terminei de me secar, coloquei o roupão e segui para fora do banheiro, sentando-me no banquinho da penteadeira.

Parei por alguns minutos analisando meu rosto em frente ao espelho, meus olhos azuis escuros estavam quase se fechando, meu cabelo castanho, estava todo embaraçado e molhado. Diferente de meus pais, minha pele era mais bronzeada — pois aproveitava cada momento livre para sentir o sol no jardim.

Isabel secou e penteou meu cabelo de maneira rápida e gentil, eu nunca gostei que ela fizesse isso, afinal eu era mais que capaz de penteá-los sozinha, mas a rainha insiste que faz parte de suas tarefas. Após terminar de fazer um rabo de cavalo, ela me ajuda a colocar um vestido branco com flores amarelas, e me entregou os saltos eu odiava usá-los muitas vezes contrariava as regras e usava sapatilhas, mas ultimamente estava cada vez mais difícil de infringi-las, então eu os coloquei e as moças abriram as portas para que eu pudesse sair, faltava poucos minutos para o café da manhã.

⚠️revisão⚠️ Sem Escolha- Todos tem um segredo profundoOnde histórias criam vida. Descubra agora