olhos verdes parte - 01

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Caminho até um banco que fica embaixo de uma enorme árvore, meus pais nunca vão lá, então sei que posso ter um pouco de paz.

Apesar das pessoas do lado de fora, conversando e gritando, é mais calmo e agradável do que do lado de dentro. Às vezes, aquilo mais parece uma prisão do que uma casa. Todas as regras devem ser seguidas à risca, sem questionar ou discutir ou direito de opinião, fora que todos sabem tudo sobre você, e aquilo que não sabem, inventam.

Lembro-me de quantas pessoas já vi na tevê dizendo que queriam ter uma vida igual à nossa. Cheia de luxo e mordomia. Mal sabem eles que daria tudo por uma vida normal, sem me preocupar em sair e ser morta por pessoas que não gostam de mim ou da minha família, ter amigos de verdade e não pessoas que só querem estar ao meu lado pela minha coroa, ter um relacionamento com alguém que me ame pelo que sou e não pelo que possuo. Pensar nisso faz com que meus olhos se encham de lágrimas, eu deixo algumas caírem mais depois me forço para conter as outras, antes que seja tarde — afinal uma princesa nunca pode parecer fraca.

Um vento agradável balança meus cabelos, fazendo-me fechar os olhos, para começar a tentar achar uma solução para isso, ou uma aceitação — apesar de saber que não iria adiantar muito.

Após um longo tempo, percebo que as vozes estão mais altas do que de costume, então um grito estridente de uma mulher faz com que eu me assustasse e olhasse para trás, agora várias pessoas estão gritando e correndo. O grande portão de aço não permite que eu veja exatamente o que está acontecendo do outro lado. Algo é atirado pelas brechas de cima do portão, apesar de saber que devo correr para dentro é como se algo me prendesse ali. A cada segundo, mais coisas — pedras, tijolos e até comida — são jogadas para dentro.

Sou surpreendida por uma mão agarrando meu braço e me arrastando para dentro, ele abaixa minha cabeça para evitar que algo me atinja. Após alguns desvios e tropeços, chegamos às portas de vidro, vários seguranças estão começando a se posicionar, armas sendo carregadas, ao me ver abrem espaço para nossa passagem. Um homem alto de pele morena e um nariz de "batata" grita as instruções a um dos empregados. O rapaz baixo e franzino não para de tremer, são necessários três gritos do segurança chefe para que o pobre homem entender as ordens.

— Leve a princesa para o esconderijo real — ele se vira para o segurança que ainda mantém meu braço de refém, e sussurra algo em seu ouvido.

Depois se vira para o grupo de soldados e começa a falar:

— Homens, usem as balas de borracha para afastá-los. Megan, o primeiro comando é seu: leve seus homens e tente contê-los. Arthur e Franck a dianteira é de vocês, sem deslize, quero atenção redobrada. Se a maioria dos rebeldes conseguir chegar ao ponto crítico, vocês devem utilizar os lazeres — há uma pausa em sua voz. — Se mesmo assim não conseguirmos deter a multidão, sabem o que fazer.

O que eles devem fazer? Pergunto-me, enquanto sou carregada.

Os funcionários correm desesperados, alguns caem, mas logo se levantam, foram treinados para situações como essas, mas acredito que nunca esperavam realmente passarem por isso.

Sinto meu corpo tremer, é a primeira vez que isso acontece em treze anos. Começo a ouvir os seguranças gritarem para as pessoas se afastarem. Tiros que parecem ser de avisos são feitos, mas em vão, mais coisas são arremessadas para dentro do jardim.

A mão do homem que me segura está suada e ele aperta cada vez mais forte meu braço — que com certeza vai ficar roxo. Eu sei para onde devemos ir, mas, ao mesmo tempo é como se estivesse perdida, apenas entendo que devo correr, sem questionar.

⚠️revisão⚠️ Sem Escolha- Todos tem um segredo profundoOnde histórias criam vida. Descubra agora