comunicado

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Puxei a cortina para abrir a porta de vidro e caminhei para a varanda. O  portão novo já estava no lugar — os funcionários devem ter trabalhado a noite toda para arrumá-lo, ele era maior e parecia mais espesso que o anterior. Uma rede elétrica mais extensa tinha sido colocada também, assim como arames novos.

Não havia mais corpos pelo jardim, estava tudo limpo, praticamente como antes, como se o dia anterior não tivesse passado de um pesadelo, tirando os empregados que levavam e traziam bancos novos. Sinto meu corpo dolorido, as cenas do dia anterior veem a minha mente e Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto, respirei fundo. Não sabia como conseguiria lidar com essa culpa.

Entrei novamente no quarto e fui para o banheiro. Tomei um banho rápido. Sabia que minha mãe devia estar me esperando para resolvermos as coisas dos convidados, apesar de odiar tudo isso, esperava que pelo menos pudesse manter a mente ocupada e um pouco distraída.

No manequim pendurado, estava um vestido azul-claro, eu o coloquei e calcei um salto branco com um laço azul no fundo. Eu me perguntava onde estaria Isabel, provavelmente estava de folga por causa do luto, ou junto com os outros na correria para arrumar tudo.

Fui até a penteadeira para olhar meu estado. Por sorte, só tinha um pequeno hematoma esverdeado na testa e um roxo no braço, que escondi com um bracelete, um pouco exagerado demais para o meu gosto. Devido a ter acordado tarde e à ausência de Isabel, apenas penteei meus cabelos para trás, colocando uma tiara.

Sentei diante da pequena mesa e retirei a tampa do prato de comida, o cozinheiro havia preparado torradas com geléia, meu bolo preferido de chocolate com morangos e um suco. Após morder alguns pedaços da torrada, vi o bilhete:

"Encontre-nos na sala de descanso às 11h
Ass.: Rainha Melisandra."

Olhei para o relógio, já estava cinco minutos atrasada. Dei mais uma enorme e última mordida na torrada e engoli o suco de uma vez — queria ver a cara da minha professora de etiqueta me vendo fazer isso. Saí quase correndo do quarto, sabia quanto os atrasos estressam minha mãe.

Empregados traziam e levavam jarros de flores e pinturas, outros traziam janelas para serem colocadas nos lugares das que foram quebradas. Eu tive que desviar para não batermos, em nada ou em ninguém, tropecei várias vezes, mas por sorte, não caí. O chão estava limpo, os sofás que estavam cinza no dia anterior, voltaram a sua cor normal. As empregadas espanavam os móveis, a poeira era muita. Melisandra, provavelmente, não estava nem um pouco de bom humor. Caminhei o mais rápido que pude. Quando cheguei ao corredor, consegui ouvir a voz de raiva da minha mãe: "Como imaginei". Entrei lentamente na sala de descanso, e os olhos raivosos dela encontraram os meus. Ela estava acompanhada de uma mulher magra com pernas grandes e cabelos loiros curtos, usando um terninho na cor lilás e óculos, sua mão estava cheia de papeladas.

— Madeline, isso são horas? — Ela cruzou os braços., com um sorriso falso nos lábios.
— Perdoe-me, mãe, não irá se repetir — respondi abaixando a cabeça.
— Espero muito, afinal, a realeza tem que ser pontual. — Ela ergueu uma de suas sobrancelhas. — Quero lhe apresentar à senhora Eleanor Tarfh.

A moça ajeitou os óculos e abriu um pequeno sorriso.

— É uma honra conhecê-la, alteza. — Ela fez uma leve reverência — Estou aqui como assistente pessoal, para ajudá-las com a chegada dos príncipes, os discursos, as entrevistas... Bom, tudo.

Somente ao ver a enorme papelada em suas mãos, fiquei com dor de cabeça. O dia seria longo. Minha mãe sentou-se à mesa junto com a senhorita Eleanor, eu me aproximei e puxei uma cadeira para acompanhá-las.

A senhora colocou os papéis sobre a mesa, essas coisas são cheias de burocracias. Após olhar suas anotações e separá-las cuidadosamente, ela começou a explicar.

⚠️revisão⚠️ Sem Escolha- Todos tem um segredo profundoOnde histórias criam vida. Descubra agora