Capítulo 6

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Mastiguei o chiclete e disse:

-Quem é a aquela mulher?

Jonas procurou pelo salão cheio de pessoas, e acenou com a cabeça para a mulher de pantalona branca,  em dúvida se era mesmo ela.

-Minha Tia Theresa. Por que? - Virou se para mim e apoiou os cotovelos no joelho.

-Nada. - Sorri pervertidamente enquanto pensava em mil formas de cometer um homicídio.

-Duda...? - Disse com uma cara assustada enquanto levantava as costas numa posição de auto-defensiva. - O que você vai... - Luke interrompeu-o com um berro.

-Hey!

Eu estendi minha mão direita até o alto erguida, e completei:

-Hitler!

-Credo, sua racista. Você que tem que morrer. - Jonas fingiu estar ofendido colocando a mão sobre o peito e depois riu.

-Seu lixo, cala a boca. Se eu morrer, faço um pacto lá das macumba pra puxar seu pé a noite.

-Sai, sua boba. - Limpou uma lágrima falsa e Luke começou a zuar.

***
Estávamos eu e Luke sentados num banco de madeira pintada de branco que descascava, e Jonas se ofereceu pra pegar refrigerante pra gente.

-Lu... - Chamei-o e ele ainda seguia Jonas com os olhos longínquos.

-Que? - Ele disse sem parar de fitar John.

-Vamos sair, enquanto o Jonas não volta...?

Sugeri isso, mas o convite não estava restrito a apenas uma simples fuga. Luke podia pedir qualquer coisa, e então eu faria. Ele sabia que me tinha nas mãos, igualmente eu sabia que ele tinha todo o poder sobre mim. Peguei a mão dele que estava do meu lado direito, e as deixei entrelaçadas. Uma coisa de casais cliches,  mas se pegar na mão dele para me sentir segura era ser clichê,  então eu queria ser clichê para o resto da minha vida.  Repentinamente, Lucas levantou e me puxou, caminhando para o fim da extensão da grande área do sítio. Havia um pomar ali atrás, Jonas dissera. Logo depois, tinha a cerca que dividia a fazenda e uma floresta, a qual avisou-me seriamente, de não ir lá sozinha.

-Lucas? - Eu disse o nome dele, querendo fazer uma pergunta, mas não obtive resposta - Lucas? - Disse um pouco mais alto. Eu e Luke estávamos já dentro do pomar do sítio, onde supostamente era o local mais "apropriado" para dar uns perdidos, disse Tom uma vez.

As folhas secas no chão recém-pisoteadas por nós dois começavam a fazer um belo e grande barulho. Parecia cacos de vidro quebrando a cada passo. Levantei minha cabeça até o ponto mais alto que conseguia, e vi as copas das árvores fecharem o céu dali. Elas davam sombras, e estava realmente fresco naquele lugar.

Algumas folhas farfalhavam, com a corrente de vento vinda do lado leste. Meu cabelo parecia ser convidado dessa maravilhosa dança, e ele agitava no mesmo ritmo que as folhas das árvores caídas no chão.

-Vem, eu te ajudo. - Lucas disse do outro lado da cerca. Ele já pulou? Como assim? No que eu estava prestando atenção, senão esse garoto de cabelos castanhos e lisos? No que eu estava prestando atenção, senão esses dois olhos azuis irresistíveis? No que eu estava prestando atenção, senão o seu corpo divinamente projetado? No que eu estava prestando atenção, senão em Lucas Brightness?

-Nossa, nem tinha visto que você já pulou! - Disfarcei meu pânico repentino com essa frase ridícula que me pareceu apropriada.

Comecei a rir, mas Lucas tapou minha boca com o mão por cima da cerca, tomando cuidado para não furá-lo.

Ao Mesmo Tempo - Ana GabrielaOnde histórias criam vida. Descubra agora