Capítulo 3

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Enquanto pulava fechei os olhos rapidamente, ouvi alguém gritar meu nome mas como de costume, ignorei.

Sentir o vento e a gravidade quanto da própria terra, quanto à gravidade da situação me puxarem para baixo. O rio então me atingiu e havia caído nele. Eu senti água gelada percorrer todas as superfícies do meu corpo magro. Toda a minha roupa foi molhada e eu subitamente comecei a afundar. Eu batia os braços na água incessantemente. Eu não sei nadar! Queria eu dizer mas não poderia abrir a boca. Então tentei respirar e a água entrou pelo meu nariz pequeno. A minha garganta estava a queimar e eu começava a perder o juízo - se é que ainda tinha algum. Simplesmente vi tudo escurecer, senti cãibra no peito, dor de cabeça forte e comecei a dormir contra minha própria vontade.

***

Não sei quanto tempo se passou ou a quantidade de tempo que demorei para passar dessa para melhor.

Primeiro senti um peso sobre meu peito tentei respirar mas acabei tossindo. Senti meus pulmões expelindo água de dentro deles. Meu corpo queria vomitar aquela água do rio. Por que mesmo eu pulei daquele rio?

E outro peso estava sobre a minha boca. Não era um peso normal. Eu sentia como se esse peso me ajudasse a inspirar e expirar o ar. Não sei se era coisa da minha imaginação mas esse peso tinha o formato exato da minha boca. Parecia uma bombinha de respirar feita exclusivamente para mim. Será que... Abri os olhos e vi Tom fazendo respiração boca-a-boca, em mim. Levantei rapidamente e olhei pra ele.

-Ana? - Ele perguntou com uma cara de preocupado e eu fiquei com ódio disso. Não estava acostumada com gente me olhando desse jeito e não ia ser um nerdzinho de nariz empinado que ia se preocupar comigo.

Então suspirei com frustração  e um leve cheiro de perfume masculino navegou para dentro de mim. Continuei a olhar para cima. Sim, Tom estava em cima de mim, fazendo respiração boca-a-boca. ESPERA AÍ... O QUE?!

-Tomás?! - Empurrei ele pelo peito. Perguntei/Exclamei/Buguei/Gritei/Afirmei... Sério isso, produção? - Onde eu... Como eu... - Sinceramente, estava meio desacordada, o que foi bastante estranho e eu parecia bêbada, de tanta tontura. Uma for forte atingiu meu peito e eu senti uma pontada. Fiquei ofegante mas não deixei de dizer:

- Droga! A porcaria da minha... roupa...  está enchar...cada!

Olhei para o meu corpo magricelo. Vi que eu estava com a mesma calça clara rasgada, mesma roupa, só que descalça. Eu estava numa situação crítica. Apesar dos meus pais terem bastante money,eu pintava meu cabelo... Eu mesma. Não queria ele lindinho, nem perfeitinho. Meu cabelo fazia parte de mim. Sei lá, era um loiro meio patricinha, aí joguei um azul nas pontas, nada demais.

Minha mãe deu um ataque quando chegou em casa e viu, que a sua bela filha de cabelos loiros e lisos, pintou suas pontas de azul escuro. Na verdade, eu havia pintado essa bodega toda, mas ela disse, que era pra deixar só nas pontas, - como ela me conhece "bem", criou essa sentença - , que se eu não obedecesse, me deixaria dormir fora de casa. Eu não aceitei, e fui dormir na grama do jardim. Mas aí começou a fazer frio, e eu voltei.

-Você pulou em um rio. Você se afogou, e eu te salvei. - Tomás disse como se fosse tão óbvio, e eu não entendia. Ah, claro. Você quer me beijar... Aí me joga de um rio, me droga - fazendo com que eu ficasse inconciente.... - , me estupra... me agarra... me beija... faz tudo quanto e coisa! Quando acordo, vejo essa cara branca em cima de mim, ainda me beijando. O que ele quer que eu responda?! Obrigada por me salvar?

-NÃO! Não! Não... Você... - Limpei a boca, porque não tinha álcool em gel ali, pra me desinfetar de Tomás - Você me beijou! - Na melhor das hipóteses...

Ao Mesmo Tempo - Ana GabrielaOnde histórias criam vida. Descubra agora