A prova estava uma merda e a alternativa foi obedecer o que a Judy tinha gritado que era para ir à diretoria, não é? Se bem que ela nem chegou a gritar, mas foi o que pareceu na hora. Eu me senti aqueles personagens de jogos de luta que sofrem um golpe de super ondas sonoras sabe... Que o cabelo chega a voar...? Pois é.
Por mais que eu odiasse a coordenação, eu pelo menos - dessa vez , não iria para lá sozinha. Na verdade, eu já estava acostumada.
Grande bosta... o Tom e nada, acho que prefiro o nada, porque o nada fala mais...
Sem dizer que ele é nerd... O pior tipo de garoto! Conheço bem: se acha, faz todos os deveres, nem sempre é inteligente, mas se esforça para ser o melhor... Típico de um N-E-R-D, bem assim, com todas as letras sem tirar nem pôr nenhuma.
Pelo menos uma coisa eu podia esperar... Tom, é o irmão mais velho de Jonas - meu bff -, o que me leva a pensar que eles moram juntos e se moram juntos, já viveram muitas coisas juntos, e se viveram muita coisa juntos, Tom sabe histórias terríveis/engraçadas/patéticas/tristes/ferradas e nojentas/escandalosas de Jonas que ninguém mais sabe, só pelo fato deles serem irmãos, morarem juntos, e terem passado a vida inteira juntos. - Okay, isso foi estranho.
Acabei falando isso um pouco alto e Tom me olhou confuso, balançou a cabeça e continuou andando. Estávamos a caminho da diretoria e os corredores pareciam diminuir a cada passo que eu dava em direção ao holocausto. Tom andava como se houvesse um peso de 100 kg em suas costas, seus olhos estavam cheios de lágrimas que poderiam cair a qualquer momento. Fiquei com um pouco de pena porque a família do Jonas não é rica, e os pais deles fazem de tudo para manterem os três filhos em boas escolas e se algo acontece com algum deles, esse perde a bolsa, e os pais ou tem de pagar, ou colocá-lo em uma escola inferior.
-Tem certeza que quer ir para lá? - Perguntei ao Tom, segurando o braço dele para que ele parasse de andar.
-Querer eu não quero. Mas enquanto não levarmos uma suspensão, a professora não vai deixar-nos assistir sua aula novamente. - Fungou e limpou um olho.
-Posso safar você. Eu já estou toda ferrada mesmo, quer matar aula? - Apoiei meu peso num pé e com o outro, eu o deixei de lado. Cruzei os braços, esperando que a resposta fosse não.
-Por que você faria isso? Me "safar" ? - Fez as aspas com os dedos calejados.
-Porque sou rica e meus pais mandam nessa bagaça que todos chamam de "cidade". - Imitei-o com os dedos no ar e dei um sorriso cínico mas ao mesmo tempo verdadeiro.
-Ah, então é verdade...
-O que? - Descruzei os braços e ergui o peito. Quem ele pensa que é?
-Falam por aí que você é metida, e arrogante. - Ele já havia parado de chorar feito menininha e na área da testa e das sobrancelhas a pele estava avermelhada, ainda mais porque ele era branco como uma vela.
-Aff, nunca devia ter dito nada. Que se dane! Vamos logo, que eu já saio desse inferno. - Puxei o braço dele, e comecei a marchar com raiva para a diretoria.
-Não! Não, espera! - Ele parou, o que me fez parar também já que o peso dele devia ser dobro do meu. Para um nerd você bem de forma hein garoto...
-O que foi, seu merda? Tá com medinho da Angela? Ela é diretora... Ela pode te expulsar... Ela pode falar para todas as faculdades do país, que você é um... - Provoquei-o, e eu iria continuar, enquanto ele não me interrompesse e abrisse aquele focinho e começasse a falar. - Seu medroso! Cagão! Cagão! - coloquei a mão esquerda na frente da boca e comecei a gritar alto - Ca-gão! CA-GÃO!
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Ao Mesmo Tempo - Ana Gabriela
RomanceDuda é obscura e vazia. Muitas pessoas acham que isso tudo é um personagem criado por ela, outras dizem que é um escudo para se auto-bloquear. Mas ela simplesmente é assim. Não faz o que faz por querer, ela só não sabe o certo nem o errado. Duda tem...