Não estava lá ninguém, e então eu fui vasculhar aquele sítio estranho e escuro. Aquele candeeiro era de pilha, logo, não era ligado a nenhuma tomada. Peguei nele e começei a andar por aquele sítio. Era um sítio amplo e escuro, haviam lá umas escadinhas, três escadinhas, que davam para uma porta de metal. Abri essa porta e esse foi o meu maior terror.
A sala era escura, pequena e fria. Havia uma secretária que ocupava uma das paredes, nessa secretária haviam fotografias e papéis por todo o lado, tudo espalhado. Noutra parede havia um mapa grande, o mapa de Inglaterra, e nesse mapa estavam aqueles pioneses com linhas azuis, vermelhas e brancas. Sabem aquelas cenas que nós vemos nos C.S.I. quando os psicopatas perseguem as suas vítimas? Sim, era isso que eu estava a ver. Havia um bloco A4 de capa preta com um elástico parecido a um diário gráfico. Abri-o. Havia uma tabela com várias colunas que diziam respetivamente : data; hora; roupa que tinha vestida; aulas que tive; quando apanhei o autocarro; quando cheguei a casa; quantas vezes mexi no telemóvel; o nome da minha rua; se tomei banho; se saí à noite; a que horas saí de casa (se saí); a que horas é que cheguei a casa; com quem falei; com quem não falei.
Ok, isto era uma obsessão enorme pela minha pessoa. Uma obsessão horrível e nojenta. Senti-me mal. Virei costas e fui à procura de uma saída. Encontrei duas portas e não sabia qual delas abrir: podia ser a que dava para a rua; ou a que desse para outro lugar que eu desconhecia.
Abri a porta do lado direito, foi a porta que me deu impulso.
Abri a porta e uma dor enorme afetou-me os olhos. Era luz, a luz do sol. Tinha saído dali, daquele edifício que afinal era abandonado e era um parque de estacionamento. Fiquei confusa: um parque de estacionamento no meio do nada?, eu estava num descampado, só havia terra, ervas secas e cocó de cão. E eu descalça, com as leggins rasgadas e sem blusa, o meu sutiã desgastado e sujo. Quem me visse poderia pensar várias coisas de mim, e aposto que coisas boas não iriam ser. Sentia-me desprotegida. Começei a andar por entre aquele mato. Haviam algumas árvores e avistei uma estrada lá ao fundo.
Andei cada vez mais depressa, corri, até que torci o pé. O meu corpo caiu no meio de ervas secas e terra molhada quando ouvi um tiro seguido de um grito.
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A Casa
Mystery / ThrillerUm livro emocionante, onde nada do que esperavas acontecer acontece. Pode ser uma simples casa numa simples rua, uma simples casa bonita pensava Diana. Mas será que também é por dentro ?