Capítulo 7 -- A porta

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     O meu coração está a tremer,  o telemóvel continua a tocar. A porta abre-se. Respiro de alívio, é o meu pai.
      - Fogo,  pregaste-me um susto!
      - Eu? Obrigada, acabo de entrar em casa e assustas-te comigo. Não é toda a gente que recebe um elogio tão bonito da sua filha. - responde o meu pai com um tom irónico.
       - Não é isso pai, desculpa. É que o teu telemóvel não parou de tocar a manhã toda e quando ouvi uma chave a tentar abrir a porta assustei-me... também não é normal estares em casa a estas horas.
      - Pois não Diana, mas dei por falta do telemóvel e vim cá a casa ver se estava aqui. Quem é que ligou?
      - Não sei. A chamada desligava assim que eu chegava perto do telemóvel.
      - Hum, ok. Até logo. - dá-me um beijo molhado na testa e fecha a porta.

      Vou para o meu quarto e deito-me na cama. Uma coisa que eu adoro quando me deito na cama é olhar para o teto. O meu teto é todo revestido de espelho e o meu pai pintou estrelas nele que brilham à noite. Ajudam-me a adormecer e fazem-me lembrar da minha irmã,  foi ela quem teve esta ideia quando eu tinha insónias.
      Ligo o computador. Entro no site da minha mãe para ver quantas visitas tivemos esta semana. Mil trezentas e quarenta e cinco.  Subiram em relação à semana passada, e também só o tem à um mês por isso este número é bom... acho eu.
     Recebi uma notificação do Skype. Um pedido. Abro a janela do Skype para ver de quem é. Não tem fotografia e o nome é Tyra Isles. Muito a medo clico no aceitar. Assim que viro costas ao computador recebo mais outra notificação. É uma mensagem da rapariga que acabei de aceitar como contacto. A mensagem diz apenas olá e eu retribuo.

   ---- Skype com Tyra Isles ----

Tyra: Então estás boa?
Eu: Sim... e tu?
Tyra: Também,  eu sou a Tyra e acabei de criar esta conta e apareceram-me várias contas para eu adicionar e tu foste uma das minhas escolhas. Vives onde?
Eu: Eu sou a Diana, vivo em Londres. Mas como é que te apareceu a minha conta se nunca aparece a conta de outras pessoas a não ser que as procures e depois adiciones?
Tyra: Bem, o meu computador é dos mais recentes...
Eu: Mas isso não tem nada haver com o tipo de computador,  mas sim com as atualizações da aplicação.
Tyra: Pois, mudando de assunto... eu também sou de Londres!
Eu: Ok.
Tyra: Estás sozinha em casa?
Eu: Não,  por acaso hoje tenho a família toda em casa e estão a chamar-me. Parece que tenho de ir... Adeus!
Tyra: Ok, até logo.

---- Fim da conversa ----

   Não sei quem ela é mas sei que é estranha. Estranha e parva. E também se pode dizer queé burra.  Bloqueio-a e desligo o computador. Ouço saltos a subirem a escada e a abrirem a porta de minha casa, é a minha mãe.

      - Olá Diana,  cheguei! Podes me  vir ajudar com as compras por favor?
      - Olá!  Claro, dá cá esse saco. - agarro o saco e ajudo-a a carregar tudo para a cozinha.
      - Bem, estava a pensar em fazermos macarrão com queijo para o almoço, ajudas-me?
      - Ajudo. Olha, mãe?
      - Diz.
      - Mandaram-me um pedido no Skype hoje...
      - Hum... um rapaz?  - pergunta a minha mãe com um sorriso de orelha a orelha.
      - Não  (risos), quem me dera. Foi apenas uma rapariga parva e burra. Chama-se Tyra.
      - Amiga nova?
      - Não mãe,  ela era mesmo estranha. Mas mudando de assunto... esta semana tiveste mil trezentas e quarenta e cinco vistas no teu site.
       - Ainda bem, hoje á tarde atualizamo-lo juntas.  Agora lava a alface e corta-a para uma tigela.

Algumas horas depois...

     Sento-me na mesa grande da sala e ligo o computador.
      - MÃE,  PODES VIR. - grito a avisar a minha mãe que o computador já está ligado.
      - VOU JÁ! - retribui-me o grito.
     Enquanto estou à espera da minha mãe abro o site e vejo que recebi outra notificação no Skype. Mais um pedido. De quem será?  Oh, já sei... da minha nova amiga Tyra. Tyra, a Chata.

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