Capítulo 5

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Já sentada, olhei novamente para o carinha dos olhos estranhos mas ele não estava olhando, então não pude ver se a cor de seus olhos já tinham mudado novamente.

Então reparei que a garota do cabelo tricolor tinha alguma coisa nas mãos. Contive a respiração mais uma vez quando percebi que o que a garota tinha era um sapo.

Que tipo de menina pintava o cabelo de três cores e levava um sapo para um acampamento?

Coloquei a mala no acento ao lado para que ninguém se sentasse ao meu lado. Suspirei fundo e olhei pela janela. O ônibus ia bem rápido, embora eu não soubesse como a motorista conseguia alcançar os pedais.

- Sabe como se chama quem vai para o nosso acampamento? - a voz vinha do lado do banco onde estava a garota com o sapo.

Achava que não era comigo até virar o rosto e perceber que estava completamente enganada. Ela olhava diretamente pra mim.

- Quem? - perguntei.

- Os caras que vão para os outros acampamentos. São seis acampamentos num raio de cinco quilômetros em Fallen.

Notei que ela não estava mais com o sapo. E não tinha nenhuma caixa ou coisa semelhante onde ela pudesse ter guardado o bicho.

Era só o que me faltava. Daqui a pouco aparece um sapo no meu colo.

- De "osso duro de roer" - ela disse.

-Por quê? - levantei meus pés até a ponta do banco, no caso de algum sapo querer aparecer por ali.

- O acampamento antes se chamava Bone Creek, que significa Riacho dos Ossos. - explicou - Por causa de uns ossos de dinossauro que acharam...

- Ah - interrompeu o garotos dos olhos estranhos com um sorriso malicioso em seus lábios. - Também nos chamam de "osso duro"

Risinhos maliciosos preencheram o lugar.

- Qual é a graça? - resmungou a garota toda de preto num tom irritado.

- Não sabe o que é ter osso duro? - continuou o carinha. - Então vem cá que eu te explico.

Quando ele se virou que notei seus olhos novamente. Mãe do Céu, eles estavam dourados.

A garota gótica se levantou como se fosse sentar ao lado do garoto.

- Não faça isso. - a garota do sapo falou para ela enquanto se levantava também, cruzando o corredor até a garota gótica, sussurrando algo em seu ouvido.

- Nem pense em me provocar novamente, bonitão. Como coisas maiores que você na calada da noite. - A mesma voltou a se sentar com uma carranca nada contente.

- Alguém aí falou calada da noite? - Uma voz feminina soou dos fundos do ônibus.

Me virei para ver de quem era a voz. Uma garota que eu não tinha reparado, levantou-se. Ela tinha cabelos pretos e usava óculos de sol quase da mesma cor. Sua pele pálida e sem cor é que fazia parecer anormal.

- Vocês sabem por que mudaram o nome do acampamento para acampamento Shadow Falls? - Perguntou a garota do sapo.

- Não - disse alguém na frente do ônibus.

- Por causa da lenda indígena de que, no crepúsculo, se você ficar de pé debaixo da cachoeira, pode ver as sombras dos anjos da morte dançando.

Anjos da morte dançando? O que tem de errado com essa gente?

Isso é um pesadelo? Afundei mais no banco e tentei acordar dos sonhos como a dra. Day tinha ensinado.

Concentração, concentração. Respirei fundo.

Midnight • [Book One]Onde histórias criam vida. Descubra agora