O Chefe

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Chegando em casa, Mary vai até a cozinha e se depara com sua mãe, falando ao telefone super animada.
Ela nunca tinha visto sua mãe assim, desde a morte de seu pai! Mary fica surpresa e ao mesmo tempo curiosa para saber o que estava acontecendo.

- ...Mãe?
- Ah, filha, espere um momento!
- Tudo bem...

Mary fica na sala esperando sua mãe desligar o telefone. Depois de uns minutos (ou horas), finalmente pôde falar com sua mãe.

- Finalmente!!
- Ah, filha! Desculpe! Estava resolvendo uns...assuntos.
- Com quem estava falando?
- Com o meu novo chefe!
- Então...conseguiu o emprego?
- Sim!!! Não é uma maravilha?
- Sim, é...
- Mas e você, mocinha? Fez amigos?
- Er...sim! Pra falar a verdade fiz vários amigos. Os alunos de lá são tão gentis! Principalmente os professores. Achei que seriam...rabugentos!
- Hahaha, viu? Sabia que ia fazer amigos...
- É...desculpe por ter duvidado de você. Mas mudando de assunto, como é seu chefe?
- Ah, filha! Nem sei por onde começar!
- Começa pela aparência.
- Tudo bem! Hum...ele é alto, cabelos loiros, olhos lindos, um sorriso encantador...
- ...
- Que foi?
- Você não está gostando dele, não é?
- Tem algum problema se eu gostar?
- Claro que tem mãe!! Isso é um grande problema!!
- Ora, não pense assim.
- Como não?? Você está traindo o papai!
- Traindo seu pai? Ha! Seu pai é um homem morto. O que William não vê, William não sente.
- Não fale assim do meu pai!!
- "Não fale assim do meu pai"! Garota seu pai nem se importava com nós duas. Pare de dizer essa bobagem.
- Claro que ele nos amava! Ele fazia de tudo para nos ver feliz. Você só não via isso porque ficava ocupada demais, gastando o dinheiro dele. Pensa que não via? Você roubava a carteira dele e depois ia pro shopping com as suas amigas!!
- Como você...
- Sinceramente, você é a pior mãe do mundo.

Mary, já com lágrimas nos olhos, corre em direção ao seu quarto e se tranca nele. Ela nunca imaginaria que sua mãe fosse assim.
Rosa, quando percebe o que tinha feito, já era tarde demais. Deixou sua própria filha magoada e ainda por cima falou de seu marido. Que sempre a tratou com respeito, como se fosse uma rainha!

- Essa não...o qie eu fiz!? O que...eu fiz...

Rosa começa a chorar, imaginando que depois dessa briga, Mary nunca mais irá sorrir para ela.
E Mary, que estava no quarto, chora baixinho, lembrando de seu pai. Das brincadeiras que ele fazia, do jeito que ele sorria...de repente, escuta seu celular tocar.

- ...Alô?
- Alô! Mary?
- Eu mesma...
- Ha! Sabia que acertaria seu número!
- Espera...Felipe?
- Eu mesmo! Hehe...
- Como descobriu meu número?
- Lembra quando estávamos no cinema?
- Sim, lembro...por que?
- Pois é, na hora de sair você esqueceu o seu casaco comigo.
- E você não me falou nada!?
- Er...haha! Que loucura, não?
- É...loucura!
- Você está bem, Mary?
- Estou sim, por que pergunta?
- Sua voz...
- O que tem?
- Parece que estava chorando.
- Ah, é só impressão...
- Hum...tudo bem. Vem aqui em casa pegar seu casaco!
- Por que VOCÊ não vem pra cá?
- Preguiça, hehe.
- Ah, tudo bem. Pelo menos não vou ouvir a voz da minha mãe.
- Huh? Por que?
- Depois te explico. Até daqui a pouco então.
- Até...

Mary desliga o celular e se arruma para ir à casa de Felipe.
Ela não estava muito afim de sair. Estava triste, cansada e não queria se levantar para fazer nada.

- Talvez ele me ajude a me alegrar... - pensou Mary.

Minutos depois, Mary estava pronta e bonita para ir a casa de Felipe. Estava prestes a sair de seu quarto quando lembrou de sua mãe. Se ela estiver na sala, será um problema em sair pela porta da frente.
Mary pensou, pensou e pensou até que teve a ideia de sair pela janela de seu quarto.
Não era tão alto para ela pular e havia um colchão velho caído no chão, o que poderia amortecer sua queda na hora.
Mary respirou fundo e pulou. Como ela tinha pensado, o colchão amorteceu e ela pôde sair de lá sem fazer barulho.

Algumas horas depois, Mary finalmente chega na casa de Felipe.
Aquele lugar era de dar arrepios! A casa era totalmente velha. As paredes estavam rachadas, móveis e vidros quebrados por toda parte! Como Felipe conseguia morar em um lugar tão sujo daquele jeito? Mary se manteve calada, observando tudo em sua volta.

- E aí? Gostou da casa? - Felipe aparece atrás de uma mesa, toda empoeirada e com algumas partes soltas.
- Nossa! Essa é sua casa???
- Hahahaha, claro que não! Quem é que moraria em uma casa tão...sombria e suja como essa?
- Também queria saber...
- Hehe...ah, pegue. Não se preocupe, seu casaco não sujou. Guardei ele na minha bolsa!
- Muito obrigada. Mas me diz, se essa não é sua casa...o que faz aqui então?
- Eu sempre venho aqui para pensar.
- Ah...
- Agora me diz você. Por que não quer falar com sua mãe?
- Ah, tivemos uma briga.
- E qual o motivo?
- É que...ela está gostando de um cara...e eu não quero que ela fique com outra pessoa e esqueça do meu pai.
- Ah...entendo. Também tenho problemas com meu pai por causa disso. Mas, mudando de assunto. Já que está aqui, quer curtir um pouco?
- Fazendo o que?
- Relaxa, você vai gostar. Apenas me segue!
- Hum...está bem.

Mary e Felipe vão até uma parte da casa, parecia um porão. Mas, diferente das outras partes, o porão estava totalmente limpo e iluminado. Felipe vai até uma mesa que havia lá e pega duas bebidas e liga o aparelho de som. Os dois bebem, dançam e conversam muito e acabam ficando mais íntimos.
Mary esqueceu totalmente dos problemas e se sentiu mais a vontade.
Felipe acabou bebendo demais e passou mal. Mary teve que levá-lo até sua verdadeira casa mas acabou dormindo lá mesmo, por causa do álcool.

Os dois têm uma ótima noite de sono...

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