2.Desabafo

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Todos dizem que "A adolescência é a melhor fase da vida". E sabem que mais? Eu caí nessa.
A minha perspetiva da adolescência era mais do tipo: cabelo perfeito,vida social perfeita,roupas perfeitas,pele perfeita,namorado perfeito,amigos perfeitos. Tudo perfeito.Mas mais uma vez tirei as conclusões erradas.

A minha vida é mais do tipo: o meu cabelo a cada dia que passa torna-se ainda mais feio;a minha timidez e vergonha criam uma barragem entre mim e as pessoas á minha volta;as lojas de roupa nunca têm aquilo que eu quero e acabo por me vestir de uma maneira ridícula;a minha pele tem mais borbulhas que poros;os rapazes giros não vivem no planeta Terra e aqueles que acredito que são meus amigos,quando menos espero "espetam-me a faca nas costas".
Mas como eu existem muitas adolescentes. Só que como eu não há ninguém.

Eu sou diferente. Sou anormal. Sou monstruosa. Sou a Crystal,uma rapariga que aparentemente é normal,mas é tudo menos normal.

Tudo se deu aos meus oito anos de idade. Eu notei que as crianças da minha escola não se aproximavam de mim porque achavam que eu era um "monstro". E tinham razões para isso.
Afinal eu não conseguia agir normalmente e a razão disso são os meus seres.
Nunca falei disto a ninguém porque se iriam afastar ainda mais de mim.
Não sei o que se passa comigo,mas eu sinto que dentro de mim há algo que não me deixa ser eu própria,algo que me prende,algo incontrolável.
Sinto que existe mais do que um "eu" em mim,não me sinto como uma única alma,e isso é deveras assustador.
As pessoas não se podem aproximar de mim porque eu sou imprevisível,nunca sei o que sou capaz de fazer,porque há "alguém" ou "alguéns" a viver em mim e que me dominam de uma forma tão poderosa que me deixa submissa,sem poder fazer nada para impedir.
Comigo pode-se esperar os possíveis e os impossíveis. É como se eu fosse tóxica. Eu não quero magoar ninguém,mas também não me quero sentir sozinha...

Mais tarde,mudei-me para o colégio e fez-me bem. Consegui fazer poucos mas bons amigos (contam-se pelos dedos das mãos) e eles sim,são verdadeiros,aceitam-me como eu sou,sem me julgar.

A Jenny é a minha melhor amiga.
Conhecemo-nos á tanto tempo que já perdi a conta dos anos. É a única a quem consigo contar os meus segredos mais obscuros,e só ela é que sabe que eu sou algo mais que uma rapariga normal.
Adoro aquela miúda.
No meu grupo de amigos,não há ninguém que se possa sentir mal.Todos nós temos os nossos problemas,mas a harmonia do grupo consegue apagá-los da cabeça durante os momentos em que estamos juntos.
Somos como uma verdadeira família (acho eu).

E por falar em problemas. Há algo que me anda a encomodar seriamente,desde a última vez que o grupo se uniu e o rapaz novo apareceu.
O Ashton tinham-me deixado bastante confusa com aquela resposta. A sua voz ecoava na minha cabeça citando a frase "Talvez não tenha rumo" repetidamente.
Mas porquê? Porquê?
Eu só preciso de respostas para as minhas assombrações.

Uma Questão de Tempo - IrwinOnde histórias criam vida. Descubra agora