4.Suspeitas

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Era sexta-feira e como não haviam aulas durante a parte da tarde, o nosso grupo de amigos combinava sempre uma saída para o fim de tarde.
Tínhamos um sítio só nosso,numa praia não muito longe do colégio. Como nós gostávamos de lá estar...de ver o sol a pôr-se,enrolados em mantas e iluminados pela fogueira incandescente ao mesmo tempo que convíviamos calorosamente uns com os outros. Era simplesmente fantástico.
Já lá tinhamos passado muitos bons momentos,e as memórias aqueciam-me o coração.

Desta vez,conversávamos de uma maneira menos entusiasmada do que o costume e não uns com os outros.
Conversávamos aos pares e falávamos baixo,como se estivéssemos com medo que algum professor nos apanhasse a coxichar,tal como nas aulas.
Era algo estranho de se ver;não condizia connosco.

Enterrompi o silêncio que havia entre mim e a Jenny e,espontâneamente,saiu-me:
-Jenny,como é que conheceste o Ashton?

-Bom,foi algo de engraçado. Não sei se sabes quem é o Michael Clifford,aquele rapaz do típico cabelo colorido,do décimo segundo ano.- ela tentava explicar-me quem era o rapaz,movimentando as suas mãos no ar.Acenti-lhe, dando lhe a aprovação de que podia continuar. - Nós somos bastante amigos,já desde muito pequenos e dalgum tempo para cá,que nós tínhamos a ideia de forma uma banda,e estávamos á procura de um baterista. O Michael já conhecia o Ashton,e nas férias de verão reuniamo-nos para ensaiar algumas covers,mas descobrimos que não tínhamos muito jeito e então decidimos parar de o fazer,mas é claro que continuámos a manter o contacto.
Quando o Ashton disse que andava no colégio perto do nosso,começámos a falar mais e foi aí que ele me contou que tinha problemas com álcool,e então falei-lhe do teu grupo. Ele não concordou em vir,mas eu sentia a necessidade de fazer algo por ele e obriguei-o. E é basicamente isso.Mas porquê essa pergunta agora?

-Por nada,apenas curiosidade.

-É impressão minha ou tu estás a dar demasiado importância a apenas "ao rapaz novo do grupo"? - Ela deixou escapar um sorriso matreiro,e antes que lhe pudesse responder- ou será que ele para ti é mais do que "o rapaz novo do grupo"? -Desmanchou-se em gargalhadas,mas aquilo não tinha ponta de piada.

-Estás a ser ridícula,Jen. Eu não o conheço! Tenho princípios e não gosto de qualquer um. -Falei-lhe de uma maneira um tanto ou pouco arrogante,mas aqueles comentários davam-me cabo dos nervos.

-Calma,Crys. Só achei esse súbito interesse suspeito.

-Achas mal.

Passei-lhe um dos meus fones e ela colocou-o no ouvido. Estava a dar a Can you feel my heart dos Bring Me The Horizon. Ficámos em silêncio, divididas entre a música e a mistura de vozes de quem continuava a falar.

-Sabes,Jens,na segunda-feira encontrei o Ashton na biblioteca,e ele começou com uma conversa esquisita. -decidi quebrar o gelo e tentar encontrar respostas para as minhas inquietações.

-Como assim?

-Ele disse que eu era sempre tão indiferente e fria,e que me queria conhecer...

Ela ficou meio que confusa,mas acabou por me responder:

-Acho que se o Ashton teve a autonomia de ir ao teu encontro e tentou conversar contigo,ele deve ter ido mesmo com a tua cara porque ele não é assim com ninguém. Considera-te sortuda!

Sorri-lhe ridículo e não lhe perguntei mais nada.

Deixei que a música ocupasse o lugar dos meus pensamentos.
Eu não podia deixar que o Ashton se aproximasse. Eu não quero arrastar mais ninguém para os meus problemas. Chega de magooar tudo e todos.

Sleeping with one eye open sooava no volume máximo aos meus ouvidos,mas o peso da música não conseguia ser equivalente ao peso do Ashton na minha cabeça.

Apoiei a cabeça no ombro da Jenny. Sentia-me exausta. Verifiquei as horas no meu telemóvel e se tinha alguma interação no Twitter. Nada.
Aconcheguei-me melhor na manta que me combria.
Acabei por adormecer,mas apenas por breves minutos permaneci em sono. Acordei com Rose a acordar-me para voltarmos ao colégio.

Suspirei. Eu não queria acordar,nunca. Já não pertencia ali e a única maneira de eu conseguir escapar á realidade deprimente que é a minha vida,era dormir.

Com muito esforço e pouca vontade lá me levantei e sacudi os grãos de areia da minha saia.
Rose puxava-me mas o meu corpo contrariava a sua vontade.

Assim que chegámos ao colégio,corri para a banheira.
Pressionava o sabonete contra a minha pele com a tentativa de limpar o meu interior,mas sem sucesso. Nada mudou,apenas o cheiro a lavanda aderiu na minha pele.

Não havia hora de o vazio em mim ser preenchido.
Preciso de rumo,agora que descobri que talvez não o tenha.

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Obrigado por lerem,prometo não desiludir!

Não se esqueçam de deixar um comentário para eu ter um balanço daquilo que eu estou a fazer bem ou mal porque é a minha primeira fic e eu estou um bocado a leste.

Votem se quiserem e se gostarem!

Ly xx

Uma Questão de Tempo - IrwinOnde histórias criam vida. Descubra agora