Uma Questão de Tempo - Irwin

9. Instabilidade

{Crystal}

Estava fora de mim. Nem podia acreditar que o Ashton me tinha invadido daquela maneira. Sentia-me descoberta. As lágrimas lavavam-me o rosto percorrendo-o descontroladamente. Agora ele sabia como eu me sentia e eu estava consciente de que ele me iria pedir uma explicação para aquele texto. Mas eu não estava pronta para expor o meu interior dessa maneira.

O sol batia fortemente na janela do dormitório deixando-o bastante quente. Aproximei-me do parapeito e debrucei-me apoiando a minha cabeça nas mãos num triste e melancólico suspiro. Os meus cotovelos pareciam fraquejar e perder a força desistindo de segurar a minha cabeça, talvez porque esta estivesse a transbordar de pensamentos e preocupações. Aborrecida,estendi-me na minha cama e ali passei uns breves minutos entre soluços e choro até adormecer.

***

Acordei atordoada,como se tivesse levado uma valente pancada. O meu cérebro lantejava no meu crânio. Parti do princípio que o dia não ia correr nada bem. Não estava preparada para enfrentar o Ashton e ao longo do dia, fui soltando profecias para que não nos víssemos. A situação já era embaraçosa o suficiente.

O colégio inteiro andava numa autêntico frenesim por causa das Olimpíadas do Saber. Aqui,os "crânios" tinham a oportunidade de se gabarem do seu quociente de inteligência acima da média e de esfregar a vitória na cara de qualquer outro aluno. Era irritante de se ver mas toda a gente admirava e ia assistir a este concurso patético, e eu não era exceção.
A biblioteca parecia não ter mais capacidade para receber nem mais um aluno. Apostava até que a multidão lá de dentro sentia uma certa dificuldade em respirar. Aquela concentração de alunos era inevitável e eu tinha mais que fazer do que tentar entrar numa biblioteca para levar com cotoveladas e inalar o suor de desconhecidos. A Jenny estava entusiasmadíssima pelo que decidiu correr o risco de ser atacada por aqueles mutantes.

-Não vens? -Perguntou-me ela a um passo de entrar na biblioteca.

-Não,vou tentar combinar alguma coisa com a Laurel,já não estamos juntas há algum tempo. Vemo-nos depois.

Ela piscou-me o olho de uma forma cúmplice como era habitual e mergulhou na multidão.

Soltei um sorriso e fui para um sítio mais calmo. Enquanto caminhava,saquei do meu telemóvel e digitei o número da Laurel.

Depois de uma conversa telefónica repartida por mechericos e temáticas,acabámos por combinar encontrarmo-nos num café ali aperto. Desliguei a chamada e passei pelo dormitório para agarrar na minha carteira.

Sair dos portões do colégio sabia sempre muito bem,dizer adeus a livros e estudos com apenas uma coisas na cabeça: diversão.

Caminhei e rapidamente cheguei ao café. Empurrei a porta de vidro e dei logo de caras com a Laurel. Corremos uma até á outra e envolvemo-nos num abraço caloroso cheio de saudade.
A Laurel sempre foi das minhas amigas mais próximas mas acabámos por ser separadas quando ela no sétimo ano se meteu em sarilhos. Foi apanhada no dormitório dos rapazes com o Jack Fields, ou mais conhecido por sacaninha. Ganhou a fama por trair sempre as namoradas e levá-las á depressão. Ele era sempre tema de conversa nos corredores pois não havia dia em que ele não fizesse porcaria.
A Laurel habilitou-se e acabou por ser expulsa do meu colégio. O pai dela passou-se e não a deixou sair de casa por mais de um ano. Agora frequenta o colégio dos Navegadores,o mesmo que o Ashton. Sentia muito a falta dela e aquela tarde vinha mesmo a calhar.

Separámos o abraço e ocupámos uma mesa. Falávamos de uma forma animada e discutíamos aventuras e peripécias entre altas gargalhadas e sorrisos.
O ambiente tornou-se tenso quando ela me perguntou pelo Ashton. Fiquei surpreendida por ela saber, mas já calculava que a Jenny lhe tivesse contado. Desabafei o que se tinha sucedido e ela limitou-se a agarrar-me na mão e a sorrir desajeitadamente. Não entendi a linguagem corporal da Laurel mas decidi não questionar.

Perguntei-lhe se ela tinha encontrado alguém e ela soltou um riso de entusiasmo que,ao mesmo tempo, desvaneceu dos seus lábios enquanto ela fixava o olhar na porta.
Confusa com o que se estava a passar,voltei-me e deparei-me com um grupo de rapazes que entravam de uma forma agitado pelo café dentro. Um deles estableceu logo contacto visual comigo. Ashton. Isto não podia estar a acontecer.
Tornei a voltar-me para a frente e dei um golo no sumo de laranja.

-Acho que vocês deviam falar,não faz sentido estarem assim. -A Laurel tentava acalmar-me mas sem sucesso.

Eu permaneci em silêncio,abanando a minha perna nervotivamente.

Senti um vulto a aproximar-se. O Ashton encostou-se á mesa olhando-me receoso. Percebi que ele estava a tentar iniciar uma conversa comigo na tentativa de se desculpar.

-Crystal,eu sei que estás magoada comigo,mas por favor ouve-me. Dá-me um minuto,é a única coisa que te peço.

Eu sentia-me a explodir. Uma ansiedade imensa parecia deixar-me sem ar. Tudo andava á roda e me envolvia numa enorme aflição. As vozes dos meus seres enchiam-me a cabeça numa discussão tremenda. Eu sentia-me a cair num abismo e a desabar em lágrimas. Numa tentativa de fuga de mim mesma,ataquei a minha cabeça,puxando os meus cabelos. Sentia-me possuída e fora de mim. Senti as mãos do Ashton nos meus braços forçando-me a parar. Soltei-me e corri para fora do café enquanto gritava e me mexia desesperada. Aquelas vozes eram a única coisas que ouvia. Não tinha qualquer controlo sobre mim mesma e de repente,tudo ficou sossegado e escuro.

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Olá a todos!

Antes de mais queria pedir desculpa pela minha ausência durante tanto tempo. Por vezes as coisas nem sempre correm como planeado e foi exatamente esse o motivo pelo qual me afastei.
Mas agora estou de volta e comigo trago-vos um novo capítulo.

Tenho algumas dúvidas se irei ou não continuar a escrever esta fic porque não sei se está a fazer muito sentido para vocês. Deixem nos comentários a vossa opinião e ajudem-me a decidir.

Tenham umas ótimas férias de Verão e aproveitem-nas ao máximo. 🌞😊😘

Ly,

Cláudia xx