Capítulo 4 (Lorena)

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  -Finalmente Lorena! Aonde você se meteu? -Manuela estava encostada no capô do carro e disparou aliviada quando me viu

-Me desculpe, eu me perdi da saída
-E o Ian? Ele te fez alguma coisa? Por que se fez... -Outra coisa que acontecia com a Manuela, quando ela estava sob o efeito de alcool, é a coragem que ela ganhava
-Não, ele não fez nada, só tentou me forçar a conversar com ele, mas eu recebi uma ajuda
-Uma ajuda? De um homem? -Ela arqueou uma sobrancelha para mim
-E isso importa?
-Nessas circunstâncias sim -Riu- Esse rapaz que te ajudou era pelo menos gatinho? -Não sabia se deveria contar a ela, se contasse o que havia acontecido a Manuela sabia que ela pensaria um turbilhão de besteiras, mas por outro lado, sabia também que ela não me deixaria em paz
-Foi o Luan que me ajudou...
-Luan? Ai meu Deus! Você tá dizendo que aquele cantor lindo e gostoso te salvou das garras do Ian? Amiga, ele te quer!
-Não seja tola, ele só foi cavalheiro! Vamos ou não vamos embora? -Disse impaciente
-Vamos né -Quando ela retirou as chaves do bolso, eu a tomei de suas mãos- Ei, o carro é meu!
-Mas a única pessoa em condições de dirigir aqui sou eu -Ela pós língua e entrou do lado do passageiro.O trânsito de madrugada era bem tranquilo, quando comparado com o horário de pico.
Chegamos a minha casa pouco mais de uma hora depois. Como a casa de Manuela ficava um pouco longe da minha, e ela não estava em condições de dirigir, acabei achando melhor ela dormir em minha casa naquela noite.
Coloquei um colchão para ela ao lado da minha cama, e enquanto ela terminava de se acomodar, fui para o banheiro e tomei uma banho bem relaxante, a maneira como Ian havia agido ainda me assustava, se Luan não tivesse intervindo... Luan, por que de repente eu havia ficado tão ansiosa para que quarta-feira chegasse logo? Por que eu não conseguia parar de agradecê-lo pelo que havia me feito? Por que eu não conseguia parar de pensar nele? Confesso, talvez a sua forma de agir, sua educação e a sua beleza tenham me chamado a atenção, mas isso não justificava meus pensamentos em relação a ele. Balancei a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos, terminei meu banho e sai do chuveiro enrolada na toalha de banho.
Quando retornei ao quarto, me deparei com Manuela "desmaiada" no colchão, seus sapatos de salto espalhados pelo quarto. Ri. Minha amiga era mesmo uma maluca.
Vesti minha camisola e desci até a cozinha para pegar um pouco de água. Me assustei quando vi minha irmã sentada a mesa:
-Susi? O que faz acordada?
-Eu quem deveria te perguntar isso, aonde estava até essa hora?
-Estava em um show com a Manuela, não viu o bilhete que eu deixei? -Apontei para a geladeira, e vi que ela se sentiu culpada quando viu que o bilhete estava mesmo lá
-Eu não tinha visto...
-Susi, você tem que parar com isso! Sei que sou sua irmã mais nova, mas você tem que entender que eu já sou adulta! Não precisa se preocupar comigo, você já tem muito trabalho como minha assessora, eu sei me cuidar!
-Me desculpe Lorena, mas com os nossos pais em pé de guerra, eu... -Dizia preocupada. Eu a entendia, o relacionamento de nossos pais não era mais o mesmo. Eles brigavam com a frequência que respiravam, e acho que só se dirigiam a palavra quando o assunto envolvia a nós duas ou o trabalho, ou como hoje, quando saiam com os amigos e tinham que fingir uma coisa que não existia:
-Eles já voltaram do jantar? -Me apoiei na mesa, bem ao seu lado
-Já. Acordei quando eles desceram do carro brigando. Casamentos são uma droga! -Ela esmurrou a mesa. Me doía ver minha irmã daquele jeito, sabia que mais do que qualquer um, ela sabia o quanto um relacionamento poderia ser desastroso. Quando ainda morávamos em Madri, Susi conheceu um homem que tinha interesse em ser meu empresário. Após alguns meses de namoro, eles se casaram e pouco tempo depois se divorciaram, ela descobriu que ele a traia. Foram tempos difíceis.
-Há Susi, você não deveria dizer isso...
-Dizer o que? A verdade?
-Sabe, ainda acho que você vai encontrar um homem que vai derreter esse seu coração de pedra -Ri dela, enquanto enchia o meu copo com um pouco de água para voltar para o quarto- Aliás, quarta-feira teremos um convidado especial no teatro.
-Convidado especial? Quem?
-O cantor que eu fui ver hoje, Luan Santana.

Chuvas de ArrozOnde histórias criam vida. Descubra agora