Capítulo 12 (Lorena)

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-Pronto, está entregue -Luan disse depois de estacionar o carro em frente a minha casa
-Me diverti bastante, o show estava incrível -Acariciei seu rosto e lentamente ele se aproximou me dando um selinho
-O que nós vimos do show né? Porque a maior parte passamos no estacionamento kk -Ele riu
-Bobo -Revirei os olhos- Não quer entrar? -Lentamente Luan acendeu a tela de seu celular para poder ver as horas, já se passavam das 23:00 da noite.
-Sinceramente, acho que seus pais não vão gostar de me ver rondando a casa à essas horas, mas, eu queria te pedir uma coisa
-O quê?
-Seus pais estarão em casa amanhã?
-Provavelmente sim, amanhã é o dia de folga do meu pai e minha mãe vai no escritório organizar alguns papéis, mas até a hora do almoço estará de volta, por quê?
-Eu gostaria muito de falar com eles, queria pedir sua mão oficialmente
-Sério? -O olhei espantada, ninguém nunca havia feito nada parecido por mim antes e quando eu dizia ninguém, queria dizer o Ian
-Por quê está surpresa?
-É que... Eu nunca vi alguém fazer isso antes
-Está me chamando de velho? -Sua risada foi contagiante
-Não, mas, é um tanto quanto inusitado -Depois de se recompor, ele parou por alguns instantes me encarando
-Lorena, quando eu estou namorando uma garota, eu gosto de fazer tudo da maneira mais correta possível com ela, eu estou com você agora, então, acho que é o mínimo que eu posso fazer -Ele acariciou meu rosto ternamente
-À que horas você quer vim?
-A hora que seus pais puderem me receber
-Você é um amor sabia?
-Só não quero te perder -Ele me olhou tão sério, que por um momento, pensei que ele estivesse apavorado
-Não vai me perder, porque eu também não quero ficar sem você -Acariciei seu rosto selando nossos lábios
-Não quero cometer o mesmo erro duas vezes Lorena, você entende? -Ele sussurrou por entre meus lábios, encostando sua testa na minha e acariciando meus cabelos
-Não vai -Sorri para ele- E eu sei que no momento certo, você vai ter coragem pra me dizer o que aconteceu, mas se quer saber a verdade, não dou a mínima para o que aconteceu no seu passado, eatou preocupada com o agora
-Sem conhecer meu passado, como pode saber quem eu sou?
-Não é preciso saber muito para ver quem você é Luan
-E quem eu sou Lorena?
-Você é um homem muito educado, divertido, talentoso, amigo, companheiro... você é perfeito! -Eu o olhava nos olhos- Eu não sei o que tanto te atormenta, mas, por favor, por mim, para de se culpar tanto, ta?
-Vou tentar -Ele me lançou um sorriso fraco e depois nos abraçamos com força. Depois de nos desperdimos, Luan foi embora e eu entrei em minha casa. Como que por um milagre, toda minha família estava reunida na sala de estar, acho que fazia anos que eu não via uma cena como aquela:
-Olá querida! Que bom que já voltou, chegou a tempo de ver o filme conosco -Olhei na televisão, e vi que o filme 'Um Amor de Perdição', baseado no Romance de Camilo Castelo Branco, havia acabado de começar. Era o segundo filme que fazia referência ao livro. O primeiro filme que meus pais viram juntos depois de casados. E apesar da imagem em preto e branco, confesso que eu amava a história que ele passava:
-Eu adoraria, mas estou muito cansada
-Sua irmã me disse que você saiu com um rapaz... -Meu pai comentou
-Sim, nós estamos namorando
-Namorando? Desde quando?
-Desde amanhã, quando ele vier pedir minha mão formalmente e o senhor conceder
-Como é Lorena? -Susi perguntou espantada e meus pais também me encararam
-É isso mesmo que vocês ouviram, meu namorado vai vir amanhã, pedir minha mão em namoro
-Afinal, de que planeta este jovem é? -Meu pai me encarou desconfiado
-E então, posso convidá-lo para o almoço? -Ri, ignorando-o
-Claro que sim querida, eu e seu pai vamos adorar conhecer seu namorado -Minha mãe encarou meu pai, esperando que ele concordasse com ela
-Claro, quero conhecer esse rapaz e saber se ele é adequado para você
-Obrigada, vou ligar para ele então, boa noite -Sorri subindo para meu quarto. ********Na manhã seguinte, acordei completamente eufórica, em poucas horas Luan estaria ali para finalmente conhecer meus pais. Tomei uma ducha rápida e me vesti adequadamente para recebe-lo:
-Bom dia -Disse para Susi, que estava na sala de estar
-Oie. Uau! Como você está linda! Isso tudo é para receber o Luan?
-Claro que sim kkkk Aonde estão nossos pais?
-Nosso pai está la em cima e nossa mãe ja deve estar chegando do escritório
-Ótimo!
-Você gosta mesmo desse rapaz né Lô? -Calmamente caminhei até ela e me sentei no sofá ao seu lado
-Mas do que isso, eu o amo
-Como pode ter certeza? Quer dizer, tem o que, um mês que vocês se conheceram?
-Susi, certas coisas não tem explicação, acontecem porque tem que acontecer -Quando olhei para minha irmã, vi o quanto ela parecia confusa em relação ao que eu havia acabado de dizer. Calmamente estendi minha mão para tocar a sua- Quando você gostar de alguém, vai entender o que eu quis dizer
-Eu entendo Lorena -Ela me olhou profundamente, e por um momento, pensei ter visto seus olhos marejarem
-Cheguei! -Minha mãe anunciou animada, enquanto adentrava a sala- Estou atrasada? -Ela me olhou fazendo careta
-Não, o Luan só vai chegar daqui a uma hora
-Ufa, me ajuda a preparar o almoço? Comprei algumas coisinhas no caminho -Ela levantou uma sacola de compras que estava em suas mãos para que eu pudesse ver
-Claro! Vamos Susi? -A convidei enquanto me levantava do sofá
-Claro, vamos sim -Ela passou as mãos no rosto rapidamente, era como se estivesse tentando evitar algumas lágrimas. Provavelmente havia tocado em um assunto que mexia com um passado da minha irmã que eu não conhecia, mas ainda teria muito tempo para falar sobre isso com ela.
Minha mãe havia resolvido encarnar uma típica mulher do Matogrossense na cozinha, preparando comidas típicas do estado, tudo para poder agradar Luan. Há estava ajudando a preparar mais algumas coisas, quando a campainha tocou:
-Deve ser ele -Anunciei desfazendo o nó do avental e indo até a porta. Quando a abri, lá estava Luan. De jeans, camisa branca e tênis, ele me pareceu mais tranquilo do que eu esperava:
-Oie -Ele abriu um largo sorriso quando me viu
-Oi -Me inclinei o abraçando com força
-Cara, cê ta linda! -Ele segurou em minha mão me fazendo dar uma voltinha
-Você já me disse isso ontem
-Mas é que ontem você também estava linda, aliás, você é linda Lorena -Me aproximei para beija-lo, mas rapidamente ele se esquivou
-Seus pais...
-Estão lá dentro -Coloquei meus braços em volta do seu pescoço e o beijei rapidamente:
-Senti saudades disso -Ele comentou sorrindo
-Não vai se acostumando -Ri me soltando dele- Vamos entrar? -Ele acentiu com a cabeça e pegando em sua mão, o levei para dentro. Minha mãe e minha irmã já vinham da cozinha a nosso encontro:
-Luan, está é minha mãe, Ester. Mãe, este é o Luan
-Luan, finalmente nos conhecemos em? Minha filha tem falado muito de você
-Também ouvi muito sobre a senhora, é um prazer conhecê-la -Eles apertaram as mãos- Olá Susi, como vai? -Ele também cumprimentou Susi, quando a viu ali do lado
-Bem Luan, obrigada. -Após alguns segundos em silêncio, meu pai apareceu descendo as escadas. Ele estava vestido em um terno e tenho certeza de que havia se vestido daquela maneira de propósito, apenas com o objetivo de intimidar Luan:
-Então você é o rapaz que esta namorando minha filha? -Ele deu alguns passos em nossa direção
-Luan, este é... -Quando fui apresentá-lo, ele me enterompeu
-Permita que eu me apresente, Olavo Montillo, pai da Lorena
-É um prazer conhecê-lo senhor Olavo, meu nome é Luan Rafael
-Ainda não me respondeu a pergunta que te fiz
-Claro -Luan pareceu um pouco incomodado, mas ele soube contornar a situação muito bem- Sim, sou eu quem está namorando sua filha, mas, ainda falta o concentimento dos senhores
-Por quê resolveu vir aqui e fazer isso?
-Eu gosto de fazer as coisas da maneira mais correta possível senhor Olavo.
-Sem querer interromper, mas o almoço ja está pronto, vamos até a cozinha? -Minha mãe interviu, percebendo o quanto meu pai estava sendo duro com Luan
-Vamos meu amor? -Peguei no braço de Luan o levando até a cozinha. Depois de nos servimos, nos sentamos todos a mesa:
-E então Luan, o que está achando do almoço?
-Perfeito senhora Ester, me fez lembrar do meu Mato Grosso do Sul agora -Luan comentou satisfeito
-Minha mãe se preocupou muito em fazer comidas e temperos que fizessem referência a sua terra -Comentei
-Não precisava ter se incomodado tanto
-Então você é do Mato Grosso do Sul? -Meu pai perguntou
-Sim, de Campo Grande
-O que você faz da vida? -Era incrível como meu pai era "delicado"
-Pai? -O repreendi
-O que foi? Só estou perguntando qual é a profissão deste jovem
-Eu sou cantor, cantor sertanejo
-Ouvi dizer que você é muito conhecido aqui no Brasil
-Sim, mas graças a Deus minha música esta tomando outros rumos agora
-Como vocês se conheceram?
-Eu ja lhe dice pai, em um show dele que eu fui com a Manuela
-Senhor Olavo, sua filha entrou na minha vida de forma inesperada, mas hoje é uma das pessoas mais importantes que tenho -Luan olhou para mim sorrindo e segurou minha mão- E eu gostaria de pedir ao senhor e a senhora Ester, que me deem a mão de Lorena em namoro -Ouve um minuto de silêncio antes que eles respondessem. O mais estranho, foi a maneira como minha mãe olhou para Susi e somente depois deu sua resposta:
-Bem, minha filha parece estar muito feliz com você Luan, eu nunca a vi assim antes -Minha mãe nos olhou com ternura- Por isso eu lhe dou meu voto de confiança e minha bênção
-Obrigada mãe. E o senhor, pai?
-Também lhe darei meu voto de confiança rapaz e espero que não magoe minha filhinha, eu lhes dou minha benção.
-Obrigado senhores, prometo cuidar muito bem desta mocinha aqui -Luan me olhou sorrindo e apertando minha mão levemente. O resto do almoço foi tranquilo, meu pai continuou fazendo perguntas a Luan, mas nenhuma tão alarmante.
Após o almoço fomos todos para a sala. Luan e eu nos sentamos em um sofá, meus pais e minha irmã no outro. Luan agora falava um pouco sobre sua família, enquanto meus pais ouviam com atenção o que ele tinha a dizer. Estavamos em um bate-papo contagiante, até a campainha tocar:
-Eu atendo -Susi se levantou rapidamente indo até a porta, enquanto eu tinha minhas mãos entrelaçadas nas de Luan. Quando a porta se abriu, todos voltamos nossos olhares para ela:
-Ian? -Susi indagou assustada, enquanto ele adentrava a sala. Como que por irônia, de todas as pessoas que estavam ali, as primeiras que ele viu, foram eu e Luan, e pela sua cara, ele não gostou nada, nada.

Chuvas de ArrozOnde histórias criam vida. Descubra agora