Bloody Mary

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Antes de chegarmos, Alice disse que queria respirar um pouco de ar puro e que ainda tinha meia hora antes do prazo de Victor estourar, por isso paramos em uma esquina próximo da principal e de uma boate com o nome escrito em letras vermelhas, garrafais e em neon.

- Já esteve em um lugar assim antes? - perguntei enquanto analisava o jeito como ela agia. Caminhou até mim e me encostou no carro, passando a mão em meu peito.

- Por favor, Arthur. Eu era uma médica em tempo integral e não tinha tempo nem para respirar, que dirás para andar em lugares como esse - respondeu correndo suas mãos por meus ombros, aproveitando para retirar meu terno e minha gravata. - Agora que não respiro mais, mereço me divertir. Não concorda? - beijou-me os lábios devagar, segurando-me pelo pescoço.

- Não temos tempo e sabe disso - respondi me afastando.

- Eu não estou sozinha, solta em Baltimore. Eu tenho você comigo - respondeu se afastando, não antes de passar a mão em meus cabelos, de uma maneira que deixou os fios arrepiados. - Então vamos nos divertir - beijou-me novamente e segurou em minha mão, levando-me até a entrada do local.

Haviam dois homens enormes ali, além de uma fila gigantesca de pessoas aguardando entrar. Alice apenas os encarou e sorriu. Os humanos na porta não perceberam, mas quem estava ao seu lado viu quando as presas ficaram salientes.

- Bem-vindos ao Bloody Mary - colocou uma pulseira no braço dela e uma no meu. Nele estava escrito apenas a letra "V". Podia imaginar o porquê.

Abriram as portas para a gente e entramos. A música estridente, comandada por um Dj no ponto mais alto do lugar, parecia querer estourar meus tímpanos. Era completamente ornamentado como uma cena típica de filmes de terror barato. Muito sangue espirrado por toda a parte e cabeças penduradas. As cabeças eram falsas, mas o sangue não.

Pelo jeito do lugar e pela apresentação do cartaz, diziam que ali era uma boate para quem queria sentir dor ou provocá-la. Não era à toa que haviam pessoas passando por processos de escarificarão ou levando chicotadas, brincando com coisas como ganchos e velas. Mesmo em minha inteira loucura, criada pelo fato de ser um assassino e predador por natureza, me senti completamente desconfortável. A única coisa que se tornava agradável ainda era o cheiro de sangue no ar.

- Me veja a coisa mais forte em seu bar - Alice pediu ao homem do balcão e encarou uma mulher com braços completamente tatuados por um tempo longo demais. Sorriu para ela e me encarou. Sussurrando. - Dá uma olhada o que está acontecendo na mente daquela garota e me diz que topa, por favor.

Encarei a mulher por um tempo, percebendo de fato o que acontecia ali. Observava a cena de sexo que se passava pela mente dela, envolvendo ela, Alice e eu.

- Nem pensar - respondi, encarando a loira em minha frente.

- Arthur, não pode se privar das pequenas coisas da vida - ela soltou o ar dos pulmões. - Estamos em pleno século XXI, somos livre e somos imortais. Droga, aproveita isso. Aproveita a sua eternidade ou então não valerá a pena viver nem mais um dia - levantou-se do balcão, mesmo que o barman já tivesse lhe servido a bebida e virou-se para mim outra vez. - Eu vou ao banheiro.

Assenti enquanto ela se dirigia até o local, piscando antes para a mulher tatuada quando passou por ela. A garota pediu para que o homem enchesse o copo outra vez e entornou a bebida. Levantando-se em seguida. Me adiantei ao me aproximar e pegar em seu braço, fazendo-a me olhar.

- Não vai querer fazer isso - adverti. - O melhor que você pode fazer é ficar longe.

- O que você é? Louco? - puxou o braço com força. - A pessoa não pode mais nem ir ao banheiro nesse lugar? Que absurdo.

Eterno - Livro 2 (Trilogia Imortal)Onde histórias criam vida. Descubra agora