Eterno - Livro 2 (Trilogia Imortal)

Inocência Perdida

Atenção: Nesse capítulo contém uma cena de sexo. Se você não quiser ler, por favor, pare a leitura quando chegar na parte do texto que está em itálico.

Olhei para os lados, na tentativa de identificar os outros no meio de toda aquela confusão. Victor ajudava Annabelle a sair da sala, assim com Ethan levou Andrei e Tricia. Alice estava atrás de mim e logo Steve se juntou a nós, porque estávamos no meio do salão. Samantha pegou a sua filha e tentava escapar, mas um dos sujeitos as encurralou em um canto.

Antes que eu pudesse tomar qualquer atitude, um lobisomem de pelo cinza quase branco, voou contra a subespécie e lhe arrancou a cabeça com apenas uma mordida. Rosnou com a boca melada de sangue e nos encarou, passando por cima de nós quando percebeu que outra criatura iria nos alcançar pelas costas. Só então reparei que aquele lobisomem era o Steve.

— Alice, eu quero que você saia daqui — mandei quando observei em volta e percebi que a coisa ficaria feia a qualquer momento.

— Não vou — respondeu franzindo o cenho. Era teimosa.

— Não quero discutir com você — falei. Eu queria protegê-la. Queria que, no meio de todos aqueles vampiros mortos e de todo aquele sangue, ela vivesse para contar a história. Não me importava de morrer para ela continuar. — Por favor.

— Não me conhece, não é mesmo? — perguntou. Desviou-se de mim e correu na direção de uma das paredes, onde tinha duas espadas cruzadas. Saltou, apoiando-se em uma mesa, e pegou-as. Ao cair de volta no chão, foi quase ao meu lado. Entregou-me uma delas e sorriu. — Agora podemos conversar — colocou a ponta da espada em uma das tramas da renda de seu vestido, para testar a lâmina, e abriu uma fenda de alto a baixo. — Não é prata, mas está bem afiada. — comprovei o que ela disse quando passei o dedo na lâmina e ela fez um corte profundo.

— Vamos arrancar algumas cabeças — sugeri.

— Mantenha-se vivo — me mandou. A puxei rapidamente para mim e lhe beijei os lábios, sem demorar.

— Você também — respondi. Corremos em direção oposta quando mais daquelas coisas invadiram o salão. Os gritos de desespero eram altos, o sangue escorria pelo chão de madeira, fazendo com que escorregássemos a cada passo. Suplicas e lamentos eram ouvidos daqueles que perderam a família. Muitos que estavam ali eram Comuns, mas tinha os Modificados que conheciam Andrei.

Ia ser uma perda grande para os dois lados.

Seguia buscando sobreviventes, em meio a aquela quantidade de pessoas mortas, mas paralisei ao perceber Melissa segurando o corpo de sua filha. A roupa de bailarina, cor de rosa, completamente encharcada de sangue e a mulher se chorava como se nunca mais fosse ser feliz. Eu realmente duvidava que fosse ser novamente. Lembro-me quando Christine perdeu a nossa filha Ilinca, quando tinha apenas oito meses, e achei que ela fosse enlouquecer de vez. Eu não sabia como poderia confortar aquela mãe, porque não fui capaz de confortar minha própria mulher.

Meus pensamentos foram interrompidos quando vi dois indivíduos, da subespécie, seguirem na direção de Melissa. Segurei o cabo da espada com força e os deixei se aproximar o máximo que eu sabia que seria seguro para ela. Assim que estavam onde eu queria, ergui a espada com toda a força e corri. Consegui cortar a cabeça do primeiro, mas o segundo desviou e veio em minha direção. Segurou-me, com suas garras, e me arremessou contra um dos cantos do lugar.

Alice chamou meu nome com preocupação do outro lado da sala. Ela estava ocupada dando cabo daqueles que se disponibilizou a matar, mas ainda assim se certificava que eu ficaria bem. A criatura usou o espinho da ponta de suas asas e me furou o ombro esquerdo, antes de ser arrancada de cima de mim e ser alvejada por meu irmão. Ele atirava apenas com o braço direito, já que o esquerdo estava imobilizado. A minha dor era a sua dor. O meu grupo de caça, junto com os de Victor, entraram no local atirando também. Deram cabo de todos os outros indivíduos da subespécie que permaneceram vivos.