Morte Súbita

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Alice passava os dedos em meu peito, enquanto permanecíamos deitados no chão da casa do lago. Os seus cabelos loiros estavam espalhados por meu braço e sua respiração compassada, quase como uma melodia embalando aquele momento tranquilo que ainda compartilhávamos. Seu corpo nu permanecia em contato com o meu, antes que começasse a beijar-me o tronco.

De todas as formas que pensei, nunca imaginei que a nossa primeira vez fosse daquele jeito. Querendo ou não, aconteceu tão naturalmente que acabou sendo algo tremendamente marcante.

— Acho melhor voltarmos para a mansão — deixou escapar com a voz baixa, quase como um sussurro. — Provavelmente já devem ter sentido a sua falta. Sem contar que o sol já vai nascer.

— Podemos esperar anoitecer outra vez. Por mim não voltávamos tão cedo — respondi enquanto tomava seus lábios em um beijo calmo.

— Sabe que essa casa não tem proteção UV. Não posso ficar nela durante o dia — alisou meu rosto e sorriu. Me abraçou e me puxou para cima dela outra vez, colocando-me entre suas pernas. — Daqui para Baltimore é uma hora. O seu carro também não tem proteção. Viro pó durante a viagem — respondeu e fincou as unhas em minhas costas. Deixei um gemido me escapar enquanto ela voltava a tomar meus lábios outra vez, empurrando-me levemente para o lado.

— Você atiça e me afasta?

— Digamos que estou guardando algo para mais tarde — respondeu com um sorriso brincalhão nos lábios.

— Já estou ansioso — respondi sentando-me no tapete. — Infelizmente você tem razão quanto a casa, o carro e o sol — Alice continuou deitada enquanto me levantava e buscava nossas roupas, que estavam espalhadas por todos os lugares. Nos vestimos e seguimos para o meu carro em seguida.

Dirigi de volta a Baltimore e entramos na propriedade, da mansão, meia hora antes do sol nascer. Alice esperou que eu guardasse o carro na garagem e seguiu comigo para dentro. Assim que entramos, dois vampiros me imobilizaram e mais dois arrastaram Alice pelo corredor, em direção ao banker subterrâneo. Eu comecei a me debater nas mãos daqueles homens, até que eles me soltaram e corri em direção onde ainda ouvia os gritos da mulher que pedia para que a soltasse.

Só percebi que estávamos nas masmorras quando vi outros dois vampiros a colocarem em uma das celas, com barras revestidas em prata, e a trancarem lá dentro.

— Tirem ela daí, agora! — mandei. Os vampiros engoliram secamente quando perceberam que já havia perdido meu controle e as presas duplas estavam à mostra. Assim como meus olhos completamente negros.

—Temos ordens de não deixá-la sair — respondeu um dos comuns que há pouco havia fechado a cela. Precisou usar uma luva própria para conseguir fechar o trinco.

— Ordens de quem? — rosnei.

— Minhas — respondeu meu irmão e me virei para olhá-lo. Descia as escadas, ao lado de Sean, e seguiu diretamente até a cela onde Alice estava. Ela havia segurado a grade, em uma tentativa de escapar, e acabou queimando a mão. Victor me lançou um olhar sério e de mim para Alice. Eu tive a certeza que ele sabia o que havia acontecido entre nós.

— Porque? — ela perguntou enquanto segurava a mão queimada e se afastava das grades.

— Você esteve longe por duas semanas. Como você se alimentou nesse período, Alice? — perguntou. O nome dela foi pronunciado bem devagar. — Estamos com dieta restrita e você sabia disso. Como conseguiu sangue nesses quinze dias?

— Eu levei algumas bolsas de sangue — respondeu. Era o óbvio a se fazer. Victor olhou para Sean que segurava um tablet nas mãos.

— Não houve nenhuma baixa nos estoques, sem ser programada — respondeu e meu irmão voltou a encarar Alice.

Eterno - Livro 2 (Trilogia Imortal)Onde histórias criam vida. Descubra agora