Ratos Brancos - Final

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Ela ergueu as vistas, em nossa direção e as lágrimas banharam seu rosto com fúria. Os cabelos escuros ainda estavam lá, mas não era mais preto e sim avermelhado, parecendo que a tinta havia desbotado. Enquanto que na raiz já havia mais de três dedos de fios loiros. Estava também mais abatida, magra e debilitada. As olheiras estavam gigantes em seu rosto e os lábios rachados, como se não bebesse alguma coisa há muito tempo. Se encolheu no canto da sala, sem desviar os olhos, quando percebeu que éramos nós ali.

— Não vocês — deixou escapar entre um soluço e outro. Eu tentei falar alguma coisa, tentei confortá-la, mas a minha mente não obedecia. Tudo o que eu queria era cravar minhas presas naquela artéria pulsante que eu via bem embaixo da pele de seu pescoço.

— Arthur — meu irmão sibilou entre os dentes. Também não conseguia desviar os olhos dela. Apertava os dentes com tanta força que doía em mim.

— Não podemos... eu não posso — respondi fechando os olhos com força. Não reparei que se tornaram negros conforme a encarava. Só percebi quando vi o medo em seu rosto. Senti o gosto de sangue em minha boca quando as presas feriram meus lábios.

— Ora vejam só quem chegou para a festa — uma voz se alastrou pela sala, antes que uma luz acendesse no alto e conseguíssemos ver uma sala de observação clarear. Havia uma mulher loira nela, com os braços cruzados e usava um jaleco. — Sejam bem-vindos. Estava imaginando quando chegariam.

— O que fez com ela? — Victor perguntou quase em um sussurro.

— A essa altura você já deve saber, visto que sua forma lhe entrega — comentou com um sorriso largo nos lábios pequenos. Era, definitivamente uma mulher linda. Em nada se assemelhava ao irmão. Não tinha nenhum traço. — Imagino como deve estar sendo difícil, não é? Ouvir o coração dela bater tão rápido desse jeito, mas isso é bom, sabiam? Assim ele bombeia mais sangue. Vocês conseguem imaginar a quantidade de adrenalina que tem correndo pelas veias de Alice agora?

— Eu vou matar você — ameacei.

— Não. Você vai matá-la. Se não for você, será seu irmão. De qualquer forma ela morre. Simples.

— Porque você está fazendo isso?

— Porque um de vocês tirou a coisa mais preciosa para mim e comigo é na base do olho por olho, dente por dente — respondeu colocando as mãos para trás e respirando fundo. Tentava se acalmar, mas era claro que aquela mulher estava mentalmente instável.

— Do que você está falando? — Victor perguntou e a mulher sorriu descontrolada, antes de espalmar sua mão no vidro. Nela havia uma foto.

— Esse era o meu marido. Gabriel era o nome e eu o amava mais que tudo. Ele morreu há alguns anos...

— Droga! — Alice sussurrou e eu a encarei. Ela sabia sobre o que aquela mulher estava falando.

— Engraçado é que eu nunca vi o coração de ninguém explodir, como o dele explodiu e fiquei curiosa quanto a isso. Então acabei descobrindo que vampiros existem e que um deles foi responsável por matar meu marido.

— E o que nós temos a ver com isso? — meu irmão insistiu e eu já conseguia entender o que havíamos com isso. Victor nada, mas eu era culpado.

— Haviam marcas de presas duplas, no pescoço do Gabe, e descobri que essas presas só eram encontradas nos primeiros ou nos diretamente ligados a eles. Então eu pedi a polícia para ver as imagens de segurança da estrada e eu consegui identificar o vampiro. Um dos gêmeos. Só não sabia quem — Victor me encarou no momento seguinte e abaixei a cabeça —, mas pela reação de vocês agora, já faço ideia de quem tenha sido — me encarou furiosa e sua feição tornou a ser de uma pessoa fria e calculista.

Eterno - Livro 2 (Trilogia Imortal)Onde histórias criam vida. Descubra agora