(Paralelo) Dia de sorte

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Raspou mais uma. Nada.

Jogou o papel por cima do balcão e pegou outro do chão.

Não se conformava com o que havia acontecido. Em um segundo foram de aliviados para aflitos. Estavam quase saindo da cidade quando aquela “passeata” os atingira. Sempre ficava com medo de andar por ali, pois os prédios eram altos e não se conseguia prever o que apareceria nas esquinas, e foi justamente o que aconteceu. Apesar de toda a cautela, haviam topado com uma massa tão espessa daqueles malditos que não houve solução a não ser sair correndo e abandonar a trilha que seguiam desde ontem.

Raspou mais uma. Nada.

Sempre o chamaram de destrambelhados e o faziam comer poeira na estrada, mas ali dentro da cidade... a história era outra... Não era fácil fugir deles desviando de veículos... para falar a verdade era impossível, e foi por isso que ele estava ali. Lembrava-se do momento em que sentiu o jipe saltando brevemente e chocando-se com o ônibus. Foi arremessado sem cerimônia para longe da metralhadora montada, batendo a perna em um ponto de ônibus na calçada. Riu debochadamente. Tivera sorte, pois os malditos se distraíram mais com seu companheiro que jorrava sangue do que com sua perna quebrada.

Raspou mais uma. Nada.

E tudo isso para pegar aquele tanque e seu piloto. Tudo bem, ele havia matado seus companheiros, mas entrar na cidade? Achara aquilo suicídio, e se comprovara ser. Aquele maldito havia se mostrado inteligente, pois sabia que se o seguíssemos dentro da cidade deveríamos ser muito burros, e o fomos.

Ouviu uma batida mais forte e o vidro trincar.

Suspirou.

Raspou mais uma. Um sorriso brotou em seus lábios, havia ganhado cem reais naquela raspadinha.

Só poderia ser seu dia de sorte.

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