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GENTE VEM CÁ
antes de começar eu tenho algumas coisas pra falar... A primeira: quero me desculpar pela demora de att, mas é que eu pensei em desistir da fic novamente por pensar que tava uma bosta e etc mas voltei!! A outra coisa é: durante a leitura vocês vão notar que tem uns dois parágrafos viradinhos assim, é um Flash Back, beleza? É isso, obrigadaaaa e boa leitura. muah x

Karen proibiu Michael de dormir no mesmo quarto em que estava. Fez com que o diretor arrumasse um quarto só para seu filho, sem criaturas existentes e até mesmo, inexistentes.

"Eu já disse que ele é real, mãe." Michael choramingou. Estava deitado da cama, encolhido juntamente ao travesseiro, implorando mentalmente que sua mãe o entendesse.

"Você inventa essas merdas desde que era pequeno..." Karen encarava a janela, sem coragem alguma para olhar nos olhos do filho. "Não acha que já está grandinho para ter amigos imaginários, Michael?"

"Ele não é meu amigo imaginário." Outro choramingo, trazendo de brinde algumas lágrimas que escorriam por sua pele pálida. "Você não viu a cama dele? Estava desarrum-"

"Cale a boca." Rosnou. "Você não vê como deixa todo mundo doente?" Finalmente se virou, encarando o garoto na cama. "Chora como uma criança, chora o tempo todo." Seu tom de voz estava se tornando mais alto a cada palavra. "Por que acha que eu te mandei para cá, uhn?"

"Você deveria me entender, você é psiquiatra." Murmurou.

"É impossível entender a mente de um louco."

~*~

Depois que sua mãe foi embora, Michael não sentia vontade nenhuma de sequer levantar da cama, perdera toda a motivação que havia conquistado nos últimos dias e se sentia cada vez mais inútil.

Seus pensamentos estavam em casa, quando era menor, sem seus meio-irmãos te perturbando e com seu pai te defendendo de qualquer coisa. Se lembra bem quando começou sua amizade com Oliver, foi logo após seu pai morrer.

"Oliver nunca existiu." Rosnou.

Michael estava tão triste e ao mesmo tempo tão entendiado... Ele queria ver Luke, ou até mesmo Ashton, mas talvez esse não fosse o momento certo. Caminhou até a janela, encostando sua testa sobre o material de vidro, vendo o amplo jardim que ficava ao lado do pátio do colégio.

Estava chovendo, portanto não tinha tantas pessoas do lado de fora. "O céu está tão triste quanto eu?" Havia uma única garota gargalhando, correndo pela chuva com seus braços abertos e uma capa de chuva amarela, havia algumas flores naquele tecido plastificado no tom laranja. Michael sorriu. Sempre gostou de laranja e amarelo, são cores felizes que enchem os olhos. Observou então o jardim, dando um longo suspiro após trocar seu ponto de atenção. Passou o olhar por cada tipo de flor que se encontrava ali, mas seus olhos buscavam por uma única criatura: Luke. Michael era observador e isso era um fato, sempre queria entender o porquê das coisas apenas as olhando, em silêncio e sozinho.

Corria os olhos em busca de algo que prendesse sua atenção, algo interessante o suficiente, mas tudo estava tão sem graça... Começou a pensar em Luke, uma criatura tão perfeita e inventada por sua mente, como era criativo... Se questionava sobre a existência de todas as outras coisas, e se sua mãe não fosse real? E se nada disso fosse real? Ele simplesmente não sabia distinguir o real do imaginário, a realidade e a fantasia caminhavam lado a lado na mente doente do garoto de cabelos coloridos.

Permitiu irritar-se, Luke era real, e nenhum médico consagrado no mundo poderia dizer ao contrário. Michael o beijou mais de uma vez, e em todas as vezes sentiu-se em casa, mas não onde ele morava. Michael sentiu finalmente o significado da palavra lar.

"E por que veio para cá?" Michael perguntou enquanto comia um pedaço do chocolate que estava dividindo com Luke.

"Não sei ao certo." Deu de ombros, indiferente. "Foi vontade do meu pai, para ser honesto." O loiro suspirou, encarando os olhos verdes a sua frente. "Mas foi bom porque nos encontramos, não foi?"

O garoto então se lembrou sobre como sua mãe era ingênua em pensar que Luke não existia, nem se deu o luxo de perguntar sobre a lista de alunos do segundo ano, afinal, ao que parece, seu único objetivo era machucar Michael, e isso ela sabia fazer muito bem.

Caminhou até a porta ignorando algumas de suas roupas espalhadas pelo chão, deu um longo suspiro antes de sair do cômodo, estava decidido que provaria a existência de Luke, não à sua mãe, mas a si mesmo.

~*~

O gemido de Luke se tornou seu som favorito. Era como uma melodia, calma e intensa, fazendo com que espasmos percorressem o corpo de Michael. Seu cheiro, tão viciante... O garoto de cabelos coloridos estava certo de que aquilo se tornaria seu primeiro vicio adolescente. Luke era a passagem do céu ao inferno, era o que dividia o bem do mal, era o caminho do amor para o ódio.

O gosto de Luke era doce como sua personalidade, se Michael pudesse descrever seria algo como chuva. Tudo em Luke o lembrava chuva. Seus olhos azuis que mais pareciam o céu após uma tempestade, seu cabelo loiro, como o primeiro raio de sol depois de uma tarde chuvosa. Luke era um anjo, um anjo real.

"Eu vou embora, Luke." Michael sussurrou, acariciando as costas do menor, admirando a perfeita escultura que era seu nariz.

"Você já disse isso." Suspirou. "E eu prometi que te visitaria, não foi?"

"Você vai sumir quando me medicarem." Choramingou. Parecia tão frágil, sentia-se uma criança ingênua aprendendo os problemas do mundo.

"Eu sou real, droga, Michael!" Luke levantou a cabeça, encontrando os olhos de Michael marejados, ele odiava ver o garoto chorar. "Você não me sentiu agora?"

Tudo o que o garoto fez foi assentir com a cabeça, ele estava com medo. Medo de nunca mais ver Luke, medo daquela ser a última vez.

Ele sabia que seria.

~*~

para vocês, o Luke é real ou não?

existence // mukeOnde histórias criam vida. Descubra agora