Cap. 2

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Um ano depois, 2 meses para o natal♤

Resmunguei com o barulho infernal do maldito despertador. Eu não iria me render a ele. Não mesmo.

Me virei para o outro lado e cobri a cabeça com o travesseiro. Comecei a cantarolar uma música mentalmente e assim ignorar o som torturante. Ouvi gritos. Minha mãe, chamando meu nome. Me virei e cantarolei mais alto. E ela gritou mais alto.

- JÁ VAI!!! - gritei, por fim, me rendendo.

Me sentei na cama e desliguei o despertador com um tapa, para não dizer um soco. Resmunguei mal-humorada e me levantei. Me arrastei para o banheiro e tomei um banho de água fria para acordar. Escovei os dentes e voltei para o quarto, enrolada em um roupão quentinho. Com relutância, tirei o roupão e me vesti. Uma calça jeans rasgada, uma blusa e all-star pretos, além de um casaco de couro que nunca deixava de usar, mas mantinha em ótimas condições. Saí do quarto batendo a porta e desci as escadas.

- Finalmente! - disse uma mulher, completamente impecável, além de minha mãe.

Ela tinha uma loja de móveis e estofados, já meu pai tinha uma imobiliária, que eu podia chamar de bem sucedida, pois estava ganhando uma boa fama. Meu irmão/tortura mais novo, Bernardo, estava sentado na mesa, me olhando com cara de "vou aprontar algo". Eu simplesmente não entendia como meus pais podiam achá-lo tão inocente. Quando brincávamos,  a culpa sempre era minha. "Você é a irmã mais velha, Laura, tem que cuidar dele!" ou "Você tem 15 anos ou 5? Por que é o que parece!" E mais um monte de blá blá blá que eu sabia decor.

- Bom dia pra você também, mãe. - falei, me sentando na ponta da mesa, de frente para o torturinha.

- Você ia ficar na cama de novo? - minha mãe perguntou.

- Existem dúvidas? - falei, o mais sarcasticamente possível.

Ela apenas respirou fundo e se virou. Ninguém mais duvidou de mim depois que pintei meus cabelos loiros claros do preto mais escuro que tinha no salão. Até lembro da careta de meu pai quando cheguei em casa. Só aquilo já fez valer a pena.

O torturinha jogou um biscoito em mim. Tentou disfarçar, mas eu vi, devido a minha prática nas brigas pesadas que tinha com ele. Contra-ataquei e joguei um biscoito dentro de seu copo de leite. O choque com a bebida fez com que respingasse para todos os lados, inclusive em seu rosto. Ele arregalou os olhos e eu já sabia o que vinha a seguir:

- MAMÃEEEE!!! - ele gritou.

Me endireitei na cadeira e fiz minha melhor cara de inocente

- O que foi, querido?- minha mãe perguntou.

- A Laura... - começou.

- Eu não fiz nada! - interrompi - para de fingir.

- Laura! Quantos anos você...- ela falou.

- Tem - intertompi, imitando sua voz - 15 ou 5? Me poupe, já decorei o discurso.

Levantei da mesa e joguei minha mochila nas costas. Cruzei a sala e bati a porta, sem nem me dar ao direito de ouvir as broncas furadas de minha mãe.

Fui caminhando tranquilamente, me acostumando com o frio. Cheguei na escola em cinco minutos, uma longa distância na minha opinião. Entrei no pátio da escola. Como sempre, dividido em grupinhos de alunos. Número 1: as patricinhas. O núcleo delas era Victoria Violet. Vivi, como a chamavam, vv (vaca velha), como eu a chamava. Número 2: os atletas. Metidos, egocêntricos e burros. As pessoas diriam também gatos, mas a burrice ofuscava o resto para mim. Sério. Número 3: os nerds. Bom, todo mundo sabe as características deles. E número 4, meu grupo: os rebeldes, ou delinquentes, como os professores chamavam. Ah, e tinha também os góticos, que eram esquisitos e, como eu já dei o exemplo, ninguém lembrava deles. Andei até meu grupo e sentei no chão, ao lado de Beth, minha amiga de cabelo rosa. O nome dela era Elisabeth, mas ela detestava esse nome.

Um Pequeno Conto de Natal (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora