Cap. 3

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♤ Um mês e um dia para o natal ♤

Acordei, e novamente lutei com o despertador.

Tudo normal e blá blá blá, até a hora de sair da escola.

Estava distraída, rindo internamente da careta que meu irmão fez quando virei um copo de leite em sua blusa, quando alguém me chamou. Não reconheci a voz e me virei para olhar. Era Antônio.

- Hã... - ele disse sem jeito, ajeitando os óculos expessos - a gente tem que combinar um dia para o trabalho.

- Dá licença! - Caio disse - eu estava falando com ela. Se não se importa, ela fala com você depois. - ele empurrou o CDF e riu.

Nesse momento, ele fez duas coisas que eu odiava. 1°: humilhar alguém que não fez nada. 2°: falar por mim. Empurrei ele e falei:

- Pra que isso? Ele não fez nada. E não fala por MIM!!! - gritei - quando seu cérebro voltar a funcionar, falo com você de novo. - falei, virando as costas e indo em direção a Antônio.

Caio apenas deu de ombros e saiu, com Beth ao seu lado. Perfeito, havia acabado de arranjar briga com todos. Respirei fundo e estendi a mão para Antônio (tá! Cansei de ficar chamando ele de Antônio, então vou escrever Toni). Ele pegou minha mão e se levantou.

- Obrigada. - falou.

- Não agradeça, tá? Você continua sendo um CDF. - falei - agora fala. O que você quer?

- Bom, eu vim falar pra gente marcar uma data para fazer o trabalho.

Já tinha até me esquecido do trabalho. Assenti.

- Que tal amanhã? - ele perguntou.

Em plena sexta-feira? Ah é, meus amigos estão brabinhos, então acho que tudo bem. Sem vontade, assenti. Me virei e saí.

- Na minha casa. - falei - às 13h.

×××

Acordei no dia seguinte, já pensando na chatice que vinha em meu caminho. Me arrumei, casaco de couro sem falta, e desci para brigar com o torturinha mais um pouco.

Saí de casa quase me arrastando. Hoje é sexta- feira, só mais um pouco e o final de semana chega, você aguenta. Meus amigos eram teimosos mesmo, tanto que nem vieram falar comigo. Caramba! Tipo, eu só tinha defendido um guri, pra que todos ficarem brabos comigo? Bom, como também sou teimosa, não me rendi, por um tempinho, depois me aproximei.

- Achei que não quisesse falar com a gente. - Caio falou.

- Agora eu quero. - falei.

- Bom, agora eu não. Vem gente. - ele disse, apontando para o outro lado do pátio.

Todos foram atrás, até Beth. Parece que vou ter que arranjar uma nova turma, porque esses não arredam o pé. Pensei.

A aula correu tranquila. Fui pra casa, almoçei, e só então me lembrei de Toni. Resmunguei e fui para o meu quarto, na esperança de que ele não aparecesse. Meus pais tinham saído para trabalhar, e o torturinha estava na escola. Resumindo, eu estava sozinha. A campainha soou por toda a casa. Desci e abri a porta. Gente, eram 13h em ponto!

- Oi - ele falou, ajeitando os óculos.

- Entra. - falei.

Ele entrou e nós nos
acomodamos no chão da sala, em cima do tapete felpudo que eu amava. Fizemos grande parte do trabalho em silêncio, até minha barriga roncar.

- Você está com fome? - perguntei.

Ele assentiu. Me levantei e o chamei para a cozinha. Peguei um pote de sorvete, chantilly, granulado e cereja. Resumindo, tudo o que eu mais amava. Peguei duas colheres na gaveta e me sentei na mesa, seguida por ele. Entreguei a colher e começei a comer. Vi que ele não estava comendo.

Um Pequeno Conto de Natal (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora