4 - O único que se importa.

123 12 12
                                    

- JUSTIN! - Catherine continuava a gritar.
As pessoas em volta gritavam e corriam por algum motivo, eu estava zonzo no chão tentando reconciliar o que estava acontecendo. Catherine sentou-se ao meu lado chorando e dizendo coisas que eu não entendia.
- A polícia, Catherine! - gritou Meredith tentando tirá-la de perto de mim.
- Me solta, eu não vou a lugar nenhum sem ele! - ela agarrou-se em meu peito.
- Caralho, Catherine. Eu não tô morrendo! - tentei tirá-la de cima de mim. - Vamos, temos que sair.
- Olha, Catherine, não fica aqui se não tu ta ferrada. - Meredith saiu correndo e sumiu entre os carros.
- Você ta bem? - ela levantou tentando me ajudar.
- Não sei cara, agora vamos. - puxei ela e senti meu braço latejar.
A gente corria e esbarrava nas pessoas que pareciam perdidas, vez ou outra eu ouvia a Catherine soluçar, aquela idiota tava chorando porque? Eu que tava sangrando pra cacete e ela que chora. Abri a porta do carro e ela me olhou assustada.
- Entra, Catherine. Vão pegar a gente!
- Eu não vou deixar você dirigir assim! - ela puxou as chaves do carro da minha mão.
- Qual é? - a olhei incrédulo. - Ta doida?
- Justin você ta ferido! - ela sentou no banco do motorista. - Vem?
- Você sabe dirigir pelo menos?
- Justin, eu aprendi a dirigir com o meu pai!
Eu não tinha muita escolha, meu braço tava doendo pra caralho e a polícia tava vindo. O jeito era deixar a Catherine dirigir e metermos o pé dali.
Ela me olhou assim que eu coloquei o cinto de segurança e acelerou. E porra, ela fez uma curva perfeita e quase voou com o carro. Surpreendente. - pensei enquanto olhava a concentração dela no volante. No canto do olho dela ainda haviam lágrimas, acho que ela deveria estar arrependida pela situação louca que meteu a gente.
- Tem alguém vindo atrás de nós. - disse ela olhando o retrovisor.
- Droga! - olhei também e era a polícia. - Mete o pé, Catherine!
Eu só tinha uma escolha a fazer, era levar a Catherine pra nossa toca e sumir com aquele carro.
- Catherine, segue minhas instruções.
- Ta, mas vai rápido que eles não largam a nossa cola.
- Argh.. - o meu braço ainda doía. - Segue a próxima reta e vira a esquina.

Por pouco a gente não bateu em um carro que vinha em uma travessa, quase vi a nossa morte cara. Mas o carro saiu deslizando e bloqueou a passagem da polícia que ficou para trás.
- AEEEE PORRA! - gritei de alivio.
- Agora pra onde vamos? - ela me olhou.
- Continua seguindo reto, lá na frente tem uma estrada, a gente tem que entrar nela.
- A gente tem que ir pro hospital, Justin. Você levou um tiro.
- Agora quer salvar a minha vida depois de colocar a tua em risco? Faz o que eu tô mandado, Catherine.
- Não vou deixar você ferido. - ela freou o carro. - E não vou te obedecer.
- Porra garota, para de teimosia! - tirei o cinto. - Você acha que eu vou ficar assim? Eu sei o que tô fazendo. Se não quer dirigir saí daí que eu dirijo.

Por um instante ela ficou quieta mas logo em seguida ela voltou a ligar o carro bufando de raiva.
- Segue reto. - ri.
De repente começou a chover, era só o que faltava naquele dia de merda. A estrada ficou cada vez mais confusa, as árvores balançavam e parecia mais um temporal do que uma chuva qualquer. No meio do caminho, faltava muito pouco pra que chegássemos, por ironia uma árvore enorme havia caído e fechado a estrada deixando a gente sem passagem nenhuma.
- E agora? Satisfeito? - ela olhou pra mim indignada. - Vamos ficar presos no meio do nada por causa de você!
- Por minha causa nada, se não fosse por você a gente ia ta em casa dormindo e eu não teria que estar sangrando! - retirei o cinto. - Sabe qual o teu problema? Tu acha que não e culpada de nada!
- E sabe qual o teu problema? Você acha que pode mandar na minha vida! Eu não preciso de você cuidando de mim, Justin! Eu não preciso de você!
- Ah é? - abri a porta do carro. - Então fica aí, que eu vou seguir meu rumo e cuidar do braço que eu levei tiro por sua causa.
Sai do carro e ela ficou lá gritando e xingando que nem uma doida, aquela garota realmente era estúpida. Comecei a caminhar sem olhar para trás, já estava ficando farto de ter que aguentar a Catherine, cheio daquelas brigas infantis. Eu nunca havia me irritado tanto com uma garota, se não fosse pelo meu propósito eu jamais estaria ali, jamais teria cruzado o caminho dela se ela não tivesse cruzado o meu antes. Eu continuava a caminhar quando um grande barulho invadiu o ar e ecoou junto ao grito da Catherine, gelei por um instante mas quando vi ela estava correndo em minha direção e outra árvore havia caído e arrebentado um fio de energia.
- Você não pode me abandonar aqui. - ela continuava correndo. - Meu pai não te paga bem pra isso.

Born To YouOnde histórias criam vida. Descubra agora