Capítulo 1

144 6 3
                                    



O despertador tocou ao mesmo tempo em que minha mãe gritava no andar debaixo:

"SOPHIE! LEVANTA!"

Espreguicei devagar me acostumando com a claridade aos poucos, franzindo o cenho por que estava claro demais e... Foi quando a minha ficha caiu. Me levantei correndo, não dando tempo do meu cérebro processar o que eu estava fazendo e minha cabeça girou. Tive que segurar no batente da porta e fiquei parada um tempo até eu parar de ver que tinha quatro pés. Fala sério, para uma completa destrambelhada, ganhar mais um pé esquerdo não estava na lista do que eu necessitava urgentemente.

Corri para o banheiro carregando meu nécessaire comigo, mas antes de fechar a porta ouço minha mãe me chamando mais uma vez.

"Estou indo mãe!", gritei "dez minutos", e fechei a porta antes de ouvir o que mais ela tinha a dizer.

Entrei no chuveiro, e conforme a água caia sobre minha cabeça e meu corpo, minha mente se tornava cada vez mais clara e eu conseguia pensar. Três horas era o que me separavam da minha antiga vida e nada mais nada menos que a faculdade. E não era uma faculdade qualquer, na mesma cidadezinha pequena cheio de fofoqueiros a qual eu morava. Não, muito mais do que isso, ela se localizava na Califórnia, no estado da minha cidade dos sonhos, Los Angeles, onde eu iria seguir e concretizar meu sonho de ser atriz.

" Sophie, vamos nos atrasar", gritou minha mãe batendo na porta "Sai desse banheiro!"

"Já acabei", respondi fechando o chuveiro.

Depois de dez minutos práticos, colocando a roupa, penteando o cabelo, e passando uma maquiagem leve, porque ninguém é obrigado a ver como eu sou uma beleza ás 8 horas da manhã, parei em frente ao espelho e me encarei por alguns curtos minutos. Sempre achei meus olhos pequenos para o meu rosto, quando eu sorrio, eles fecham quase que completamente. Estreito os olhos fazendo careta em frente ao espelho para ver se ser idiota nos primeiros minutos do dia ajuda meu humor dar uma guinada. Rio sozinha, "a garota do olhar penetrante", era o que Dylan, o ex namorado da minha irmã, comentava quando me treinava no futebol, falava que meu olhar era capaz de distrair o adversário e os segundos que eu ganhava eram perfeitos para uma jogada surpresa e quem sabe dar uma reviravolta no jogo. Não era à toa que sempre fui muito boa naquela brincadeira de quem desviava os olhos primeiro, ninguém em casa ganhava de mim, eu só perdia às vezes para o Dylan por que ele sempre me comprava com doces, o que fazia minha irmã brigar com ele por subornar uma garota de oito anos. Meu sorriso some e a tristeza me domina por um instante, a saudade batendo. Nunca mais joguei futebol desde então. Sou desperta do transe pelo meu celular, e ao ver o nome na tela dou um suspiro triste, mais uma despedida. E eu estava cansada delas.

"Oi Mary."

"Ai meu Deus! Você já ta acordada? É hoje amiga!" gritou Mary, minha melhor amiga desde os meus três anos.

"É", falei meio desanimada.

"Vamos lá Sophie, animação! Sem clima de enterro hoje, por favor!"

"Tá animada para se livrar de mim né?", falei me sentando na cama.

"Não é isso, você sabe que eu só quero a sua felicidade, você precisa disso Sophie, precisa mais do que ninguém"

"Eu sei" falo cabisbaixa, mexendo em um fio solto da minha calça jeans. Mary sabia o inferno que tinha virado minha vida depois do acidente de carro.

Doce Sophie (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora