Capítulo 18

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A semana correu bem, me adaptei aos treinos de futebol, as aulas estavam cada vez mais puxadas e senti a pressão do início do semestre. Falava com meus pais via Skype e com Kat via FaceTime quase todos os dias depois do jantar. Minha irmã ficou bastante surpresa com o fato de eu estar jogando futebol, acho que ela não esperava que depois de anos eu voltaria, afinal desde que Dylan se foi eu nunca mais pisei num gramado. Mas eu estava animada e contei isso com tanta empolgação que fiquei meio mal ao ver seu semblante meio pra baixo. Não por eu ter voltado a jogar, mas por eu lembrá-la dele. Sei que ela tentou ficar feliz por mim, mas não conseguiu disfarçar seu sorrisinho frouxo. Lógico que Kat não está numa fossa eterna por causa do Dylan, mas a lembrança ainda era dolorida. Quando Kat entrou na faculdade, começou a sair com um colega, o Brady e está com ele até hoje, um cara gente fina apesar de não conversarmos muito, jurei nunca mais me aproximar tanto assim das pessoas, muito menos de algum namorado da minha irmã. Brady era um cara legal, cursava medicina e fazia minha irmã feliz, mas mesmo assim Dylan sempre vai ocupar uma parte do coraçãozinho dela e nunca vou julgá-la por isso, o primeiro amor é eterno, e esse era motivo para eu nunca ter me apaixonado. Evito ao máximo chegar a esse ponto. Me dá arrepios só de pensar.

Talvez seja apenas paranoia minha e eu deva deixar para lá meus medos e seguir em frente, afinal tudo aconteceu com Kat, não comigo, e ela está seguindo a vida firme e forte. Às vezes eu mesma não entendo porque eu sou travada desse jeito, mas não sei, tem horas que eu simplesmente não consigo. Não consigo me entregar a alguém e correr o risco de sofrer o que a Kat sofreu e sofre um pouco até hoje, é uma atitude covarde e mesquinha, mas tem um outro lado... Ninguém nunca se arriscou o suficiente para me fazer pensar em mudar de ideia, ninguém deu aquela mexida aqui dentro... Quer dizer, talvez já tenham me balançado... Um pouco. Tá, Philip me balança mais do que um pouco, mas é raiva, eu sei que é.

Eu estava no meu quarto agachada, procurando meu moletom que eu tinha emprestado para á Olive uns dias atrás e ela simplesmente esqueceu de me devolver, quando senti alguém atrás de mim.

"Doce Sophie, o que você tá fazendo?"
Dei um pulo batendo a cabeça na gaveta que estava aberta, já dizendo todos os palavrões que me vinham a cabeça de tanto que doeu.
"Mas que coisa Philip!", falei me levantando "Não sabe que portas servem para bater, não?"
" A porta estava aberta"
"Mesmo assim, isso não te dá o direito de entrar"
"O que você tá aprontando?", perguntou me ignorando totalmente.
"Nada que seja da sua conta"
"Se não tivesse aprontando nada, não teria se assustado."
Revirei os olhos ainda massageando a minha cabeça. Certeza que formaria um galo.
"Eu estou procurando meu moletom do time", falei olhando para ele, e é claro que a criatura estava vestindo o mesmo moletom.
"Esse que você estava procurando?" ele apontou para a própria roupa e em seguida tirou um moletom igual, porém de tamanho menor da mão que estava nas costas "ou esse?"
"Ei! É o meu moletom!", falei indignada
"Eu sei Doce, Olive me emprestou"
"Que? Para que, posso saber?", falei pegando meu moletom das mãos dele.
"Porque tinha uma peguete minha com muito frio, aí emprestei para ela"
Parei de respirar, o ódio me consumiu e eu comecei a bater no braço dele, emprestando o MEU moletom para qualquer uma?
"É mentira, é mentira", disse ele se desvencilhando dos meus tapas "Ai Sophie! Ai!"
"Quem foi a vagabunda que usou meu moletom?", falei furiosa, eu estava tão irada que sentia até aquele cheiro nojento de morango que infectava o banheiro feminino. Eca, eca, eca.
"Ninguém Sophie, é mentira!"
"Fala o nome dela estranho! Tiffany? Brittany? MEGHAN?"
O último nome me escapuliu. Eu estava tão cega que só de pensar que Meghan Dix utilizou o meu moletom enquanto desfilava a aquela bunda vagabunda pelo campus acompanhada do estranho, foi muito para minha cabeça que já tinha sofrido uma batida.
"É mentira!", Philip disse segurando os meus braços "Peraí, Meghan? Você tá se referindo a Meghan que eu estou pensando? Tem ciúmes dela Brondy? "
"Cala a boca, eu não tenho ciúme dela, só não vou com a cara dela"
" Sei, sei... Esta se corroendo por dentro de ciúmes de mim com a Dix, desde aquele dia dos amassos no corredor, né espiã demais?"
"O que? Eu? Com ciúmes de você e dela? Jamais! Pelo contrário, eu acho até que os dois se merecem, dois metidinhos a besta!"
" Não sei não em Brondy, parece que o mosquitinho da inveja te mordeu"
" Inveja do que?" , falei saindo de perto dele em direção à porta do quarto
Philip correu na minha frente e fechou a porta antes que eu conseguisse alcançá-la parando na minha frente e me impedindo de sair.
"Inveja dela, você queria estar no lugar dela naquele corredor, eu sei disso", ele falou olhando nos meus olhos.
"Para de ser tão arrogante, Dawter"
" Não estou sendo arrogante", falou ele baixando o tom de voz. Bipolaridade nos vemos por aqui "Só estou falando a verdade, tudo que aconteceu no banheiro aquele dia foi por causa disso."
"Que verdade Philip?" perguntei impaciente. Ele estava perto, aqueles olhos, aquela boca, aquelas mãos...auto controle Sophie!
" A verdade que...", falou aproximando o rosto do meu, seu hálito de menta fazia cócegas na minha face "...você está tão louca por mim quanto eu por você."
Não aguentei e explodi em gargalhadas. A cara de sedutor de Philip foi por água abaixo e ele me olhava sem entender, qual é 'Você está louca por mim quanto eu por você?' Me poupe.
"Tá, ótima interpretação Philip, palmas para você, o Oscar do ano! Conseguiu mais rápido que Di Caprio, não?"
Ele não abriu a boca enquanto eu ria, ele só continuou me encarando. Do nada ele se virou, abriu a porta do quarto e saiu, sem dizer uma única palavra. Ele estava tirando uma com a minha cara não estava? Quem em plena consciência espera que uma garota se declare assim do nada? Ainda mais eu, que não tenho nada a declarar, tá bom... Louca por ele! Há! Eu? Nunca.
Revirei os olhos e olhei o moletom cheirando morango, procurei tanto para que acabasse no cesto de roupa suja, porque venhamos e convenhamos era nunca que eu usaria aquilo, só de imaginar uma das peguetes de Philip usando meu moletom meu estômago dava voltas.
Peguei outro moletom qualquer e sai do quarto, ao fechar a porta vi uma nota fiscal no chão.

Lavanderia da LASF - $23,00 moletom

Abaixei, peguei a nota e li o nome no cupom fiscal. Philip Dawter. Ele tinha mandado lavar o meu moletom? Por isso o cheiro de morango! Comecei a sentir aquele leve peso do arrependimento nas costas. "...Louca por mim quanto sou por você", por você. Eu no caso. Fiquei tão abismada com o fato dele estar dizendo que eu era afim dele que nem prestei atenção no resto. Ai meu Deus, Sophie sua burra!

                                                                     ***

Eu estava dividida entre agradecer e deixar quieto. Uma parte minha pedia loucamente para que eu saisse correndo atrás de Philip e que ele explicasse tudo! Exigisse o que era aquela maldita nota fiscal, porque isso? Porque agora? Outra parte dizia que se alguma piriguete tivesse usado meu moletom, ele não tinha feito mais do que a obrigação dele. Afinal, quem pega o moletom dos outros emprestado, sem autorização e ainda devolve sujo? Seria o extremo de um cara de pau. Eu sai do dormitório dividida em que decisão tomar. E se eu fosse pedir desculpas, eu iria falar o que? Sou louca por você também? Eu nem sabia se era mesmo! Nunca fui de dar falsas esperanças a ninguém. E se eu não fosse? Eu seria uma completa babaca? Ou pior, e se eu chegasse lá, e descobrisse que era mais uma de muitas das brincadeiras dele? Igual quando me beijou no avião? Philip sarcástico não estava na minha lista de necessidades do dia.

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⏰ Última atualização: Sep 29, 2016 ⏰

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Doce Sophie (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora