Capitulo 16

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Tentei evitar ficar encarando o tal do 'Chad Huther', mas a semelhança era inacreditável, tanto que tomei uma bolada na cara por ter parado de prestar atenção no jogo.
- ACORDA BRONDY! - gritou o treinador.
Devido ao meu desmaio, acabei no time do Philip, e apesar de ele ter se mostrado, digamos assim, preocupado com o meu bem estar antes, o jogo o tornou extremamente competitivo. Ele gritava comigo no meio do campo, e apesar de eu gritar mil vezes que estava livre, ele preferia perder a bola para o adversário do que passar para mim, sendo que eu estava no time dele! E apesar de todo meu auto controle, aquilo estava me dando nos nervos. Mas ai a minha ficha começou a cair. Não importava se o sósia demente do ex-namorado da minha irmã estava ali, não importava o fato de Philip ser extremamente bipolar e querer me menosprezar em campo, o que importava era o que o treinador Stevens acharia do meu primeiro treino, a minha vaga estava em jogo. E é por isso que fiz o que fiz.
Respirei fundo e esqueci de todos a minha volta, o meu foco estava na bola. Corri e consegui ficar sob comando dela, escutei vários 'passa para mim', 'to livre', mas não dei atenção a nenhum dos chamados, ninguém me escutara antes, porque tinha que escutar alguém agora? Não, senhor. Corri em direção ao gol, driblando cada pessoa que aparecia no caminho, desculpem mais a bola era minha. Minha vontade era de rir, mas a concentração era tanta que tenho certeza da carranca que era minha cara. Até que então estava lá, o gol e eu. E eu não pensei duas vezes, olhei nos olhos do goleiro e olhei para o ponto que eu pretendia chutar. Vi o goleiro se inclinar para o lado em que eu dedicava meu olhar, e chutei na direção oposta. Gol. Simples assim. Se Dylan me visse fazendo um de seus truques agora ficaria orgulhoso.
Sorri vendo o garoto goleiro me encarando espantado, virei me em direção ao treinador com um sorriso no rosto. A sensação que percorria minhas veias era boa. O sinal tocou anunciando o fim do treino. O treinador Stevens me olhava como se tivesse crescido mais uma cabeça no meu corpo. Vi Matt sorrir largamente, mas não desviei minha atenção do treinador, o que ele ia falar era o que importava. Ignorei até uns gritos vindos da arquibancada, Olive estava pirada.
- Então? - perguntei para o treinador.
Meu coração estava disparado no peito.
- Garota... - exclamou o treinador e ele olhou para o resto do time que já estava em volta de mim. Philip me encarava boquiaberto. Afastei a onda de satisfação que isso me trouxe - o que foi aquilo?
Olhei para baixo e corei.
- Quando eu mandei você acordar, achei que iria ao menos tentar acompanhar o time, mas eu não sei te explicar o que foi que eu vi. Já jogava antes? - perguntou o treinador.
- Eu jogava no colegial.
- Só?
Assenti com a cabeça.
- Bom, muito bom - falou concordando com a cabeça e olhou para o resto do time - Então, o que acharam?
Minhas mãos suavam. Eu tinha total noção dos olhares em mim, mas o que mais me incomodava era o olhar de Chad, ele me observava com um sorriso travesso nos lábios, o que assustadoramente fazia ele se parecer ainda mais com o Dylan.
- Qual é o nome da garota? - perguntou Chad para o treinador, quebrando o silêncio.
A irritadinha não quer que você saiba o nome dela, pensei.
- Essa é a Sophie - respondeu o treinador. Obrigada, treinador Stevens.
Chad andou em minha direção e forcei meus pés a não me fazerem sair correndo dali. Pela visão periférica, vi Philip dar um passo à frente. Protetor mode on novamente? Há.
- Sophie - repetiu Chad parando na minha frente - bonito nome.
- Obrigada - respondi meio seca. Bonito nome? Ah, vai te catar!
Ele sorriu e eu continuei encarando-o
- Apoio totalmente sua escolha em mantê-la no time, treinador. Além de ser visivelmente boa no futebol, tem uma aparência agradável de se ver... Lógico, se ela não se estressar sempre a toa. Porque ouvi dizer que ela é meio, tipo assim... irritadinha.
Aparência agradável de se ver? Irritadinha? Mas que merda!
- Ora seu...
- Apoio sua escolha em mantê-la também treinador - interrompeu-me Philip parando do meu lado. Olhei para ele já muito puta da vida por não ter me deixado falar poucas e boas pro sósia barato.
- Eu topo a Sophie no time também, desculpa as palavras treinador, mas ela realmente foi muito foda hoje. - falou Matt sorrindo para mim.
- Muito bem, chega de elogios por hoje, se não ela vai ficar mal acostumada. - disse o treinador.
Todo mundo riu, inclusive eu.
- E para aqueles que ainda duvidavam, Sophie é a prova viva que uma garota pode fazer vocês comerem poeira - continuou.
- Eu avisei - falei dando de ombros fazendo eles rirem.
- Mas já tá convencida assim? Mal entrou pro time. - falou Philip.
- Pois é, mal entrei e já te fiz comer poeira.
Matt gargalhou e o treinador nos interrompeu.
- Paqueras a parte, enfim. Fim de treino pessoal. Para os chuveiros.
Todo mundo riu. Inclusive Philip. Otário. Paqueras a parte? Qual é!
Todos foram para os vestiários e eu fiquei para trás junto com o treinador.
- Se não se importa, eu prefiro tomar banho no meu alojamento.
- Por mim, tudo certo - falou o treinador.
- Obrigada - falei já me afastando e me virei para ir embora.
- Sophie? - ele chamou.
Olhei para ele.
- Obrigado.
- Pelo que?
- Por me provar que eu estava errado.
- Sobre?
- Garotas não sabem jogar futebol.
Eu ri e sai andando em direção às arquibancadas.
Pensei que Olive tinha perdido a paciência e ido embora com a minha torcida organizada. Mas foi só eu pisar para fora do campo que ela surgiu junto com Oliver, Beatrice e Tyler.
- Eu não acredito no que eu acabei de ver! Viu, eu sabia! Que gol foi aquele? Essa é a minha garota! - falou Olive me abraçando.
Oliver me abraçou, seguido por Tyler e Beatrice.
- Obrigada gente.
- Você me fez pensar em voltar a jogar - disse Tyler.
- Você jogava? - perguntei
Ele assentiu com a cabeça.
- Porque saiu?
- Eu não conseguia associar muito bem os treinos com os estudos então...
- Entendi
- Só acho que você devia voltar, Ty - falou Olive.
- Como que eu vou voltar Liv, agora além dos estudos virei babá.
- Babá? - Olive começou a rir - quem é a criança infeliz?
- Você - falou ele rindo e ela fechou a cara.
- Muito engraçado, nossa morri de rir - falou ela irônica.
- Pelo amor de Deus, casem logo! - exclamou Oliver - já tem o meu total apoio.
Olive olhou para o irmão com fogo nos olhos.
- Você ficou maluco? Casar? Com ele? Nunca!
- Qual é cara, tá me tirando? - falou Tyler.
Olive o furou com o olhar.
- Porque? O malfoyzinho não aguentaria tanta felicidade?
- Por acaso a Hermione tem uma queda pelo draco que eu não to sabendo? - revidou ele.
- Não sei nos livros, mas talvez na vida real... - brincou Beatrice.
- Escuta aqui, você pode até estar a afim do meu irmão, mas isso não te dar o direito de opinar na minha vida.
Beatrice ficou muito vermelha, e a sorte dela foi Oliver estar distraído o suficiente para não ter ouvido o que a irmã falou. Ou estava só fingindo, não sei.
- Olive - repreendi-a - ela está brincando.
- Brincadeira de mal gosto.
- Desculpa Olive
- Ta perdoada - respondeu ela e sorriu para Beatrice.
Eita menina bipolar.
- Voltando ao assunto, volte a jogar Tyler... Vai ser legal. - falei incentivando-o.
- É, vamos ver...
- Vai Ty... Você e a Phi no mesmo time! Vai ter torcida dose dupla!
- Olive... - eu e Tyler dissemos juntos e rimos.
Ela deu de ombros e continuou a resmungar sobre torcida organizada até chegarmos ao nosso alojamento.
Tyler e Oliver foram aos alojamentos masculinos enquanto eu, Olive e Beatrice entramos no nosso alojamento. Enquanto eu pegava minhas coisas para tomar um banho, Beatrice e Olive deitaram na minha cama para ver alguma coisa na TV até eu estar pronta para ir comer alguma coisa.
Tomei um banho e já separei meu uniforme para lavar. Me troquei rápido e voltei para o quarto vendo minhas amigas gargalharem de alguma coisa que estavam vendo no meu computador. Pera, meu computador!?
- O que vocês estão fazendo? - perguntei, minha voz soava estranha.
Olive não deve ter percebido meu desconforto com a situação e continuou a rir.
- Sophie, você era tão bonitinha aprendendo a jogar futebol! Quem é esse gato que tava te ensinando?
Meu sangue gelou. Dei passos rápidos e fechei a tela do meu notebook.
- Quem deu autorização para vocês mexerem nas minhas coisas? - perguntei brava.
Finalmente percebendo meu estado de humor, a risada parou na hora.
- Desculpa Sophie, a TV não estava passando filmes bons e pensamos em ver alguma coisa no Netflix, seu computador estava mais perto e eu o peguei. Desculpa - falou Olive.
- A culpa foi minha - disse Beatrice - eu estava procurando o aplicativo e acabei na pasta de vídeos, e cliquei em um e abriu. Estava engraçado. - falou com uma risada tímida.
- Não mexam nas minhas coisas, entendeu? - falei, faltava ar - eu não gosto que vejam minhas coisas.
- Desculpa - murmuraram.
Respirei fundo. Não surte agora.
- Tudo bem, mas não mexam mais. Por favor.
As duas assentiram e eu controlava minha vontade de gritar com elas. Apesar de não ter sido proposital, elas ficaram vendo. O vídeo que minha irmã fez um dia antes do acidente, antes de minha irmã saber que estava grávida, antes da gritaria, antes de Dylan perder o controle do carro por estar chorando de mais e ter batido em um caminhão fazendo sua vida se esvair de seu corpo e a vida do bebê que ainda estava no ventre da minha irmã. Antes da vida da minha irmã ter se tornado um mar de choro, antes das fofocas começarem sobre minha irmã ter perdido o bebê por causa do acidente e ser culpada pela morte de Dylan de acordo com o povo medíocre da minha cidade. Kat não tinha culpa de nada, além de tudo perdera duas coisas que amava. E eu era a única que sabia que minha irmã esperava um sobrinho meu, mamãe e papai só souberam da perda de Dylan. Mas apesar de muito nova, minha irmã era minha melhor amiga e eu guardaria seu segredo para sempre se precisasse, a dor dela era minha também. Já pensei se minha irmã não amasse Dylan, ela não estaria com essa ferida interna aberta no peito. E para mim aquilo era uma espécie de recado, para que deixar uma pessoa se apossar de seu coração, se um dia ela vai simplesmente embora? Independente do tempo, sempre terá um final, e eu não estava preparada para ter um final com alguém, não queria ter essa ferida aberta igual minha irmã sentia pela perda de Dylan, mesmo que eles tivessem se casado e ficassem velhos, a morte também os separaria, então porque ficar com alguém? Eu tinha aprendido a lição com o erro da minha irmã, por mais que fosse testada mil vezes, seria muito difícil eu encontrar meu final com alguém, e se caso acontecesse, eu não permitiria.

Doce Sophie (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora