–Logo vai escurecer. –Matheus saiu do carro. –O que vocês acham? Continuamos ou não?
Romeu se levantou e olhou a rua. A rua era reta até certo ponto, onde dava uma grande curva e passava por uma serra. E se não se enganava, seguindo por ali, iriam chegar em um posto de gasolina que tinha uns dormitórios.
"Nada melhor que dormir em uma cama".
Romeu entrou no carro e tomou a frente. Dirigiram por um bom tempo, até chegarem em um posto com um grande estacionamento para caminhões. E todos sentiram um grande alivio quando perceberam os grandes dormitórios que se erguiam logo atrás do restaurante e da loja de conveniência. O prédio tinha apenas dois andares e devia ter uns doze quartos. Cada qual com uma pequena cama de solteiro e um banheiro. Cada um se dirigiu para um quarto.
Romeu tirou a roupa e entrou apenas de cueca no banheiro. Viu sua imagem no espelho velho que ameaçava cair em cima da pia. A cicatriz em seu ombro estava bem onde deveria estar. Já era quase imperceptível naquela luz fraca. O dia estava indo embora, o sol já estava se pondo. Romeu procurou o interruptor, e torceu parar haver energia. A luz deu alguns estalos e depois acendeu. Ele fitou seu olhar no espelho, e viu uma pessoa totalmente estranha. Um de seus olhos estava fechado, ainda com pequenos resquícios de sangue, o seu outro olho castanho estava fundo, seu corpo estava em pouca forma. Seu abdome pouco definido como sempre, seu corpo estava mais pálido que o normal. Ele abriu a torneira, e um liquido amarelo cheio de ferrugem foi derramado por uns minutos, até a agua ficar limpa. "Estamos com muita sorte hoje!"
Ele não pensou duas vezes e foi direto ao chuveiro, tirou a cueca e deixou a agua cair em seu corpo. Estava quente, e era relaxante, embora ainda estivesse com uma coloração pouco amarelada.
Vestiu algumas roupas limpas que tinha pegado na última loja que tinham passado enquanto ainda estava consciente. Se vestiu com o corpo ainda meio molhado, pois ainda estava fazendo bastante calor. Saiu de seu quarto no segundo andar, e foi acendendo as luzes da varanda. Belle estava voltando dos carros junto com o Gabriel.
–Os reservatórios de gasolina estão secos! –Gabriel adiantou-se, entrando em um quarto no andar de baixo.
Belle subiu as escadas e parou do lado de Romeu, que estava encostado no parapeito apenas com uma bermuda e descalço. Ela olhou ele dos pés à cabeça, fixando o olhar em sua cicatriz.
–Lembrança da guerra. –Romeu respondeu, olhando na direção em que ela olhava.
–Como foi com você? –Belle estava de olho em seu corpo, procurando outras cicatrizes, ou outras coisas a mais. –Como era sua vida antes de entrar para a FEAR?
Belle estava próxima demais dele, quando alguém chegou no fim da escada. Diego subiu com algo em sua mão.
–Olha só o que encontrei dentro do meu quarto! –Diego levantou uma pequena filmadora preta. –Vamos contar histórias de terror!
***
A noite estava quente, e todos estavam no segundo andar, na varanda, contando piadas e mais piadas, alguns contaram coisas engraçadas que haviam acontecido com eles antes de tudo ter acontecido. Mas ninguém tocou no assunto de "Como chegamos aqui".
Diego tirou a filmadora pequena do bolso do short e mostrou para os outros.
–E então? Quem quer ser o primeiro a gravar sua história? –Diego levantou a filmadora. –Temos bastante memoria, e também encontrei o carregador dela.
Matheus estendeu a mão para pegar a filmadora.
–Eu poso ser o primeiro! –Pegou a filmadora e a examinou um pouco.
***
Já estavam em seus quartos quando Vivian acordou com o barulho no carro. Algo se movia lá fora. Mas ela não sentiu o cheiro de nada fora do normal.
Algo se movia lá fora no escuro, estavam perto do carro. Um, Dois... Eram sete ao todo, e estavam se espalhando, Vivian teria que achar uma forma de avisar os outros. Estava sozinha no quarto sem seu guia, agora que conseguia se guiar sozinha pelo menos um pouco. "Péssima hora para estar sozinha" pensou.
Estava sozinha em um quarto e sem poder falar alto. Tentou chamar, mas não adiantou nada. Todos continuavam dormindo. Vivian se sentiu sufocada, sozinha e indefesa naquele momento. Se levantou e andou pelo quarto.
O que quer que seja que estava lá fora estava chegando cada vez mais perto. E pareciam estarem conversando entre si, em murmúrios. Ela não conseguia entender nada. Mas sabia que eles se entendiam, pois um sempre respondia o murmúrio do outro.
Alguém se moveu no quarto acima e se levantou da cama. Estava indo na direção da janela. Vivian sentiu uma ponta de alivio. Que não durou muito. Algo correu lá fora, indo na direção do quarto dela.
–Estão atacando! –Vivian se desesperou.
Algo atravessou a porta e correu em sua direção. Era grande e muito forte. Parou por alguns segundos antes de dar o primeiro passo dentro do quarto. Vivian estava encurralada.
Só tinha mais uma coisa a fazer.
Ela puxou a venda dos olhos. Seus olhos não levaram tempo algum para se acostumarem com a luz ambiente. Principalmente porque não tinha luz alguma. Estava de noite, e sem nenhuma luz acesa. Mas ela conseguia ver cada detalhe do quarto, da porta quebrada e do monstro que estava na sua frente. Tinha uma forma humanoide e em suas mãos os ossos eram externos, formando grandes garras.
Matheus apareceu na porta do quarto. Sendo carregado por outro monstro. Ela gritou e tentou correr para ele. Mas antes que conseguisse dar um passo, sentiu uma dor em suas costelas, que iam até a sua coluna. Olhou para baixo e viu as garras da criatura enfiadas em seu corpo. Sentiu o sangue quente escorrer por seu corpo, e o gosto de ferrugem preencheu sua boca. Seu nariz queimou quando ela tentou respirar e o sangue escorreu por sua boca. Ela tentou gritar, mais não conseguiu.
Um estrondo grande fez Vivian pular da cama assustada. Estava no escuro novamente. E agradeceu baixo por ter sido apenas um sonho.
Diego bateu outra vez na porta do seu quarto e a chamou.
–Vamos Vih! Logo estaremos na estrada! Ou pra ser mais exato, na areia!
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FEAR - Guerra Biologica
AzioneSinopse Depois de uma grande guerra biológica contra um vírus criado pelo exército inglês, o mundo está, pouco a pouco se regenerando dos estragos causados. Florestas, são raras agora, e passaram a ser território dos rebeldes. Onde parte da populaç...