Sabe quando sente seu mundo caindo? Como se seus pés não tocassem mais ao chão? Quando você, por mais que olhe, não consegui acreditar no que seus próprios olhos vêm?
Pois é. Era exatamente assim que me sentia logo depois de encontrar a pessoa que mais amava nos braços de outro. Encontrar a pessoa que jurou amor eterno. Que jurou depois de vários gemidos de prazer proferidos que nunca iria me deixar, mas mesmo assim aconteceu.
Eu me via sem rumo, por mais que andasse não conseguia achar meu caminho de volta.O som estridente do celular me fez sair do meus pensamentos, levei a mão ao aparelho que repousava no bolso de atrás do meu shorts jeans, o tirei e olhei o brilhante visor. Era ela. A vadia, não, não deveria xinga-la. Respirei fundo e olhei a foto que continuava no visor do aparelho. Como eu amava aquele sorriso, como eu amava quando ela enrrugava o nariz para a câmera e prendia a lingua entre os dentes de forma encantadoramente infantil. Droga eu ainda a amava. Parei em uma praça e resolvi atender.
-Amor.... - Como ela ousa? -Amor onde você esta? Estou preocupada! - Se fosse ontem, eu juro que acreditaria, que sorriria como sempre fazia, mas agora, ah, agora eu sentia nojo.
Respirei fundo pela vigésima vez daquela ligação. Tirei o aparelho do ouvido e desligue, coloquei em cima da mesa da praça e encostei a testa na mesma, retirei a câmera que estava em meu pescoço e coloquei do lado do aparelho. Nao me permitiria chorar, nao por um motivo bobo como aquele, eu nao era fraca ao ponto.
O celular tocou mais uma vez, eu apenas o ignorei. Eu era burra? Sim! Eu era trouxa por pensar que ela muraria? Mais uma vez sim. Eu queria gritar? Sim. Agora só pra fechar, eu ainda daria uma chance para ela? ....
Olhei para cima, e procurei uma loja que sabia que tinha ali. Me levantei com raiva e caminhei duro ate lá.
-Boa tar...
-Me vê uma garrafa da sua bebida mais forte! - Esbravejei em furia sem deixar que o rapaz que atendia concluísse o comprimento cordial.
-Quantos anos tem? - Ele me olhou de baixo a cima duas vezes. Sério? Eu tinha mesmo que passar por aquilo? Ele nao poderia simplesmente me dar o porra da bebida? Olhei para trás verificando os meus pertences. Tudo ok.
-18 - Disse de forma petulante.
-Identidade! - Ele olhou de forma desconfiada.
-Nao trouxe, será que pode simplesmente me dar a bebida?
-Sinto muito, sem identidade... Sem bebida. - Ele deu um sorrizinho, o que foi a gota d'agua para minha fúria explodir.
-Me escuta muito bem... - Puxei a gola da camisa pólo que ele usava e fiquei por cima do balcão, ficando bem próximo dele. -Eu nao estou no meu juízo perfeito, nao estou com uma puta gota de paciência no meu corpo nesse momento. - Apertei mais a gola dele. -Então, ou você me vende essa porra... - dei um sorrizinho traiçoeiro. -Ou eu juro que vou enfiar sua cabeça no rabo da próxima pessoa que aparecer na minha frente. - Praticamente rosnei para o pobre garoto, eu sei que ele nao tinha culpa, mas se para conseguir o que queria era preciso ameaçar uma pessoa inocente... Então que seja.
-Ok....ok.... - Ele me olhou com medo. -Eu vou lhe dar a garrafa, mas saia daqui logo depois tudo bem? Nao quero encrenca. - Jogou aos mãos para o alto e logo o soltei.
Passei aos mãos no cabelo e o prendi no topo da minha cabeça. Estava impaciente e aquele garoto nao ajuda muito. Meus pensamentos já estava criando varias situações de homicídio quando ele voltou.
-Olha. - Ele se aproximou com duas garrafas de líquido morrom. -Eu tenho isso. - Ele colocou a bebida no balcão. -E tenho isso, qual prefere?
Intercalei o olhar nos rótulos mais vezes do que o necessário. Sera que eu tinha mesmo que sucumbir a esse vicio para aquietar minha mente e corpo? Se eu bebesse o que iria acontecer comigo? Por experiências passadas, coisa boa nao seria. Mas quem se importa?
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Oneshots
RomancePrecisava de um espaço para dissolver meus pensamentos caóticos, e nada melhor do que os nada famosos Oneshots :) Espero que gostem