A Princesa Flutuante

Ela não pode ser nossa!

A malvada tia havia retirado todo o peso da criança. Se você me perguntar como a bruxa conseguiu isso, eu lhe respondo: " É a coisa mais fácil do mundo. Bastou eliminar a força de gravidade". Pois a princesa Makemnoit era uma filósofa e sabia tudo sobre as leis da gravidade, da mesma forma como sabia tudo sobre as linhas da palma da própria mão. E, como além disso, era bruxa, era capaz de abolir as leis gravitacionais num abrir e fechar de olhos - Ou pelo menos travar suas rodas e enferrujar suas engrenagens para que elas não funcionassem de jeito nenhum. Mas o que nos importa mesmo é o que acontece depois que ela eliminou a gravidade, e não como ela conseguiu fazer isso.
O primeiro resultado desse feitiço foi que, quando a ama começou a embalar a criança, A Princesinha levitou de seus braços em direção ao teto. Felizmente, a resistência do ar fez que sua levitação parasse a alguns centímetros do topo. E lá ficou ela, na mesma posição horizontal em que,de forma surpreendente, escapara dos braços da ama, sacudindo os pezinhos e sorrindo. Aterrorizada, a ama correu, tocou a sineta e pediu o criado que ele trouxesse uma escada imediatamente. Tremendo da cabeça aos pés, ela subiu até o último degrau e ergueu as mãos para conseguir agarrar a aba da grande fralda da menina.
Quando as pessoas tomaram conhecimento daquele fato estranho, ouvir uma terrível comoção no palácio. O momento em que o rei descobriu, então, foi uma repetição do que havia acontecido com a ama. Espantado por não sentir nenhum peso ao segurar a filha, começou a embalar lá nos braços, ele e ela foi subindo vagarosamente em direção ao teto, como já fizeram antes. E lá ficou ela, flutuando tranquila e confortavelmente, como se podia notar por seus risinhos.
O rei olhava para cima, boquiaberto, tremendo tanto que sua barba sacudia como a relva batida pelo vento. Por fim, voltando-se para rainha, que se sentia igualmente apavorada, ele disse, olhos arregalados, gaguejando e arfando:
- Ela não pode ser nossa filha, rainha!
Mas a rainha, muito mais inteligente do que o rei, já começara a desconfiar de que aquele problema não havia surgido do nada.
- Tenho certeza de que a criança é nossa - ela respondeu. - Nós é que devíamos ter tido mais cuidado no batizado dela. Gente sem convite não poderia ter comparecido.
- Oh, não! - exclamou o rei, batendo o indicador na própria testa. - Agora compreendi tudo. Já descobri quem provocou tudo isso. Você não percebe, rainha? A princesa Makemnoit a enfeitiçou.
Então a rainha respondeu:
- Foi o que eu disse.
- Perdoe-me, meu amor; não prestei atenção no que você falou.
Então, voltando-se para um criado, ordenou:
- João, traga-me a escada que uso para subir ao trono. - Ele era um rei baixinho e tinha um trono muito alto, como acontece com muitos outros reis.
Trouxeram-lhe a escadinha do trono, puseram-na em cima da mesa de jantar, e João subiu até o último degrau. Mas não conseguiu alcançar a princesinha, que pairava no ar como uma nuvem de riso infantil, gargalhando até não poder mais. - Tome estas pinças, João - disse sua Majestade. E, subindo na mesa, passou-as ao criado.
Então João conseguiu alcançar o bebê e, com a ajuda das tenazes, a princesinha foi puxada para baixo.