Capítulo 3 - Sussurrar

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Capítulo 3 - Sussurrar

14 dias antes do acontecido.

Bill ficou em silêncio. Sua respiração se controlou o máximo que conseguiu. Seu corpo permaneceu em estado de completa imobilidade. Apenas sua audição encontrava-se em movimento, captando qualquer ruído que pudesse sair do exterior da Casa.

Myrella, para sua surpresa, também se manteve em quietude extrema. Mas suas intenções não eram tão "boas" quanto se podia imaginar: estava fazendo isso como forma de despertar a admiração de Bill sobre ela.

Mas o jovem Alfa pouco estava se importando para a garota. O invasor em seu território era a única coisa da qual ele mantinha a concentração.

Cada vez mais perto... Cada vez mais perto... Os pés de Bill pisavam no chão com tanta cautela que não propagava som algum, mesmo para a audição dos Lobos. A cada andada feita, se aproximava ainda mais da porta. Pelos seus cálculos, era só transpô-la e partir para uma luta inigualável com o invasor.

E quando sua mão encostou na maçaneta e a girou sem propagar ruído algum, seu corpo impulsionou para a frente, defendendo seu território.

***

Mya estava a caminho da Casa quando sente uma vibração em seu bolso. Seu celular.

Ao olhar para o visor, estranha com o fato de se tratar de um número desconhecido.

-Alô?

-Mya... - a voz era tão familiar que ela se assustou. De repente, seu cérebro conseguiu, finalmente, decodificar o tom vocal.

-Sara! - a nova notícia foi tão sublime que a fez parar instantaneamente. A rua na qual se encontrava estava vazia (sem contar com os pássaros que voavam nas árvores à beira da rua), então seu tom de voz elevado não seria de incômodo para ninguém. - Sara, onde você está?

Ouviu-se ruídos do outro lado da linha parecidos com choro. A voz de Sara falhava em certos momentos, um sinal coerente de que estava triste, e caindo em prantos.

-Sara... O que foi? Onde você está? O que aconteceu? - as perguntas foram feitas tão rápidas que até mesmo Mya se confundiu com suas palavras.

-Eu... eu estou perto dos limites da cidade... - uma lufada de tosse interrompeu sua fala, e Mya começou a achar que coisas horríveis tinham acontecido com a amiga. Coisas irreversíveis. Então, em vez de continuar a narrativa, Sara começa a chorar. Não como no princípio: este era mais triste, e parecia que mais lágrimas estavam saindo dos seus canais lacrimais. Mya chegou a sentir a tristeza em si, como se fosse ela própria quem a tivesse sentindo.

-Sara... - a palavra soou carismática e consoladora, mas Mya sentiu que isso não foi o suficiente.

-Eu matei eles... Matei eles... - a voz de Sara estava carregada de emoções difusas. À princípio, Mya não entendeu o significado daquela expressão enigmática, mas conforme foi a avaliando mentalmente, um entendimento foi surgindo em seu consciente.

-Sara... - não havia o que dizer. Finalmente havia entendido o que sua amiga queria falar. De quem ela queria se referir.

-Por favor... Me ajuda... - após dizer isso, barulhos estranhos foram ouvidos do outro lado da linha. Ruídos que Mya conhecia muito bem.

-Esse barulho... Você...

-Me ajuda! Estou me Transformando de novo...!

***

Bill não esperou para ver quem estava ali, no território dos Selvagens. Logo quando sentiu seu corpo em contato com o invasor, começou a desferir golpes agressivos no rosto do indivíduo, sem se preocupar nos danos que isso poderia propor.

Sangue de Lobo - Veia de LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora