Capítulo 6 - Decompor

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Capítulo 6 - Decompor

12 dias antes do acontecido

   Stefani fechou o livro com raiva, frustrada demais para continuar lendo.

   Desabando a cabeça no braço do sofá, ela grita á plenos pulmões devido ao seu tédio. A casa, vazia, apenas a respondeu com um eco de seu grito.

   Ver novamente os Caçadores saindo para a Caça foi mais uma vez frustrante. Mas, como ainda era menor de idade - e sendo filha do líder, o que deixava tudo ainda mais difícil -, tinha que esperar seu décimo sexto aniversário para poder sentir a adrenalina correr em suas veias. A adrenalina de caçar Escravos da Lua.

   Até lá, suas aventuras só seriam nas páginas dos livros.

   Ela colocou o romance que estava lendo no lado oposto do sofá e posicionou seu rosto entre as mãos, respirando profundamente. Todos os livros disponíveis na estante já tinham sido lidos - alguns até relidos -. Se Stefani ia ficar em casa (sem ter opção), então teria que ter um livro ao seu lado. Um novo, de preferência.

   Mas onde arranjar?

   Porém, quando esticou o pescoço para olhar para cima, a resposta veio em sua mente.

   No escritório de seu pai havia uma enorme estante, cheia de livros. Diferente dos que leu, aqueles transmitiam uma história real, sobre a história dos Escravos da Lua e dos Caçadores ancestrais. Era disso que ela precisava.

   Caminhando na direção do final do corredor, Stefani logo começou a bolar uma boa desculpa, caso fosse pega. Poderia dizer que estava procurando seu pai. Ou não dizer nada. Afinal, não era obrigada a responder perguntas que julgava serem "intrometidas".

   Quando testou a maçaneta, logo percebeu que a porta estava trancada.

   "Muito esperto, papai...", pensou ela. Mas, ao contrário do que se poderia pensar, ela não estava chateada com isso. Ou com raiva por ter sido impedida de atingir seu objeto. Em vez disso, ela ficou contente; tanto a ponto de mostrar um sorriso célebre e enorme.

   Só havia um motivo para Hector ter trancado o escritório dele: havia algo secreto do outro lado daquela porta. Algo que Stefani iria descobrir o quanto antes.

   "Pelo visto meus dias não serão tão tediosos quanto eu pensei...", refletiu, com a mente já trabalhando na criação de um plano de ataque.

***

   Mya sabia que não havia mais ninguém na Casa além de Bill. E percebeu também que já estava dominando quase completamente sua audição lupina.

   Quando entrou na clareira da Casa, viu o Alfa a esperando na varanda (abandonada e quebradiça). Suas mãos estavam enterradas dentro dos bolsos, mas não pareciam demonstrar confiança. Pelo contrário, era como se ele tivesse as colocado ali para impedi-las de tremer.

   Mya notou, no dia anterior, a forma como Myrella influenciava nele. Enquanto contava tudo sobre a Cura que ela tinha dito, Bill ficava nervoso às vezes - sua voz falhava em vários tons em diferentes momentos da narrativa. Mya ainda não entendia de que forma essa garota influenciava ele, mas não demoraria a descobrir.

   Afinal, ela estava vindo vê-los. Ou melhor, vê-la. Mya não era idiota a ponto de entender que esse encontro não era para falarem sobre a Cura: era para a Ômega conhecer a namorada de Bill Jordan.

   Quando Bill contou a ela sobre os sentimentos de Myrella em relação a ele, Mya não demonstrou nada de início. As informações ainda estavam sendo digeridas. Mas agora, em seu estado claro mental - ou parcial -, Mya percebeu que Myrella era uma concorrente - com muito potencial, para se esclarecer isso. Porém a aparência não iria ajudá-la a conquistar Bill. Pelo menos ela esperava.

Sangue de Lobo - Veia de LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora