Capitulo II

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Chegando ao campus, meus olhos lacrimejaram, fiquei triste por ter que ficar longe das únicas pessoas da minha vida. Teria que começar, praticamente, minha vida do zero. Teria que fazer novos amigos, teria que estudar muito mais para conseguir boas notas, teria que ter uma boa relação com os professores. E, o mais importante, teria que me dar bem com minha colega de quarto. Eu passei os quatro meses, rezando para que eu ficasse junto com uma menina que gostasse de ler tanto quanto eu, que estudasse bastante como eu e que sofresse junto comigo ao ver filmes dramáticos e românticos. Queria. Usei a palavra certa, porque ao entrar no meu quarto me deparei com uma cena deprimente.
Metade do quarto estava todo pintando de preto, a cama estava com um lençol preto, e nas paredes pôsteres de bandas de rock. Fiquei paralisada. Porque isso está acontecendo comigo? Nada do que eu queria em uma perfeita colega de quarto se realizou. Mais que droga. Me deu vontade de trocar de quarto na hora porém ao ver o sorriso da garota punk, o ânimo ressurgiu. Teria uma pequena chance, bem minúscula de ela ser o que eu sonhei, porém com um gosto musical um tanto esquisito. Ela tinha cabelos pretos curtos pintados de azuis nas pontas. Ela era bonita mas as roupas diziam que ela gostava de se aparecer. Eram minúsculas, menores que minha calcinha de vovó.
-Oi, sou Lily. Prazer! -Ela diz toda animada. Bom pelo menos ela tem um bom humor que me contagiou.
  -Oi, prazer, meu nome é Rosie. Como você está? -Perguntou um tanto tímida. Sou educada, minha mãe me ensinou a ser porém nunca tive que ficar me apresentando para pessoas que não faziam meu estilo, exatamente porque minha mãe controlava minhas "amigas".
-Ahn, Rosie, querida, podemos conversar lá fora um pouco? -Minha mãe diz com a voz áspera. Tenho certeza de que ela não gostou nem um pouco de Lily.
-Claro mãe. Já volto Lily! -Quando abro a porta vejo uma garoto entrando no quarto. Pois é uma garoto entrando no quarto de meninas. Que bagunça é essa nesse tipo de universidade cara?? Fico olhando incrédula, porém sou educada porque realmente preciso de amigos, penso até que ele deve ser novo e se confundiu ao tentar encontrar seu quarto novo. Mas ao ver os piercings e as tatuagens em seus braços, fico mais aterrorizada. Que tipo de pessoa faz tatuagens por toda a extensão do braço? Não pensam no futuro? Vão ficar com aquela pele caída cheio de tinta nos braços. Tudo se encaixa, ele deve ser o namorado de Lily, tem o mesmo estilo louco que o dela. Mas algo me distrai para ficar olhando ele. Digo um "oi" mas ele não responde. Ou ele não escutou ou ele é mal- educado. Prefiro ficar com a primeira opção. Isso tudo é bizarro. Mas não vou deixar nada nem ninguém abalar meu primeiro dia aqui. Ao sair do quarto, vejo Alex do lado de fora do quarto com a cara confusa e as malas ao seu lado. Eu me despeço dele com um beijo em seus lábios e digo que sentirei muitas saudades mas prometemos ligar um para o outro todos os dias.
-Eu esperarei a senhora lá embaixo no carro. -Ele diz para minha mãe.
  -Tudo bem, querido. Já estou indo. Só vou me despedir de Rosy. -Mentirosa. Ela não vai fazer isso, com certeza vai me obrigar a mudar de quarto. Sempre controlando minha vida.
  -Rosie. -Ela dá uma pausa, porém continua. -Você, absolutamente, não pode continuar nesse quarto com esse tipo de gente. Não mesmo. Primeiramente, essa garota parece bem maluca. Olhe os cabelos dela. Olha o estilo dela. Parece aquelas meninas que não tem vergonha na cara e fica bêbada até não saber o próprio nome e fica com qualquer um pela frente. Segundo, esse garoto estranho entrou no seu quarto, e isso não posso permitir. Quero dizer... não vou permitir. Está decidido. Você vai mudar de quarto. Agora!- Ela diz bem mais alto do que esperava.
-Mãe! Você não pode sair julgando as pessoas desse jeito. Todo mundo merece uma chance. E por favor, me deixe ficar aqui por um tempo, se eu não me acostumar com ela, troco de quarto. Eu prometo mãe. -Eu tento convencer minha mãe, apesar de saber que ela não vai me escutar. Mamãe fica olhando para mim por um tempo e depois me da um abraço bem apertado. O que está acontecendo?
  -Tudo bem querida. Confio em você. Eu te amo está bem? -Primeira vez, quer dizer, segunda vez que vejo minha mãe um pouco abalada. Deve ser difícil para ela morar sozinha em casa.
-Eu te amo também mãe. Sentirei muita a sua falta. -Digo dando um último abraço nela. Quando ela começa a se afastar mando um recado para ela. -Mãe, manda um beijo para o Alex!
Ela assente com a cabeça e eu entro em meu quarto. O jovem mal-educado ou surdo ainda está lá conversando com Lily.
-Acho que sua mãe não gosta muito da gente. Ela diz apontando os dedos para ela e o garoto. E eu começo a ficar vermelha de vergonha.
-Desculpa, ela é meio impulsiva. -Tento dar uma risada, mas sai fraco. Não sou boa em mentir.
-Tudo bem, todos acham que a gente é louco, e talvez a gente seja mesmo. -Ela dá risada, e não consigo conter os meus risos. Ela definitivamente é engraçada.
-Hoje vai ter uma festa para os novatos quer ir???-Ela parece bem animada. Se não tivesse aula amanhã acho que toparia. Mas que tipo de pessoa vai a uma festa tendo aula no dia seguinte? Deveria ter mudado de quarto, isso não tem como dar certo.
-Ahn, amanhã tem aula. E não quero me atrasar muito menos faltar. -Eu sinto um pouco de pena pela Lily, pois ela fica desanimada.
-Ela é careta Lily, vamos embora. Temos que comprar bebidas. -Além de ele ser mal-educado, é xereta também. Fico morrendo de raiva dele. Quem ele pensa que é para dizer algo assim de mim??
-Olha só, seu atrevido, não sou careta nenhuma, mas eu estudei muito pra entrar aqui e não quero chegar atrasada. -Digo, me defendendo. Esse namorada da Lily é muito irritante.
-Que seja. -Ele ri, mostrando suas covinhas perfeitas. Quer dizer, covinhas por si só são fofas. Não que especificamente as deles sejam perfeitas. Enfim, deixa para lá.
  Lily não diz nada, só sai do quarto me dando um aceno. O garoto esquisito, que por sinal nem sei o nome vai atrás dela sem dizer mais nenhuma palavra. Que mal-educado!
  O resto do meu dia passa bem rápido. Planejo o que vou fazer amanhã, e aonde devo procurar trabalho. Afinal tenho que me sustentar aqui, se não passarei fome. Fico olhando os livros em cima da minha mesa tentando absorver alguma coisa, mas aquela atitude mal educada daquele garoto me incomoda. Quando vejo o relógio já são 21:00 e nada de Lily voltar. Será que ela vai demorar muito? Decido por tomar banho e me deitar, afinal o dia seguinte vai ser longo.

The windsOnde histórias criam vida. Descubra agora