Capitulo III

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"Mãe? Aonde está papai?"- Pergunto à mulher sentada na cadeira da sala com os olhos marejados e olhando fixamente para um canto do cômodo. Lembranças vagas inundam minha mente.
"Filha, volte a dormir. Seu pai deve chegar em casa logo, logo!"- Sei que ela está chorando, está mentindo, só não consigo reconhecer quem é essa mulher com quem estou conversando, ela é muito bonita, nova, mesmo chorando, ainda tinha vida nos seus olhos, ela parecia ser bondosa, e não a mulher com quem convivi por 17 anos. Talvez a ida de meu pai tenha tirado toda a beleza e bondade de minha mãe, deixando somente partes ocultas nela.
Dou meia-volta e subo em direção ao meu quarto, vejo um porta-retratos em cima da cômoda do quarto da mamãe e consigo ver uma família aparentemente feliz. Um pai, uma mãe, e... eu. Será que aquele era meu pai?
Fico pensando por um tempo, ele é meu pai, agora eu tenho um rosto para meu pai. O homem tinha um rosto agora. O homem que abandonou sua esposa e sua filha porque não queria ter crianças. Fico olhando,paralisada, para aquela foto desejando que ainda fosse real aquela família feliz até que uma barulho irritante começa a ecoar pela casa. Eu gritava para que parassem mas ninguém me escutava.

Acordo ofegante, estou toda suada e o despertador tocando alto. Desligo-o e vou em direção ao banheiro, talvez uma jato frio de água melhore essa sensação estranha que estou sentindo. Estou na faculdade Princeton, e isto é real então devo focar nisto.
  Quando volto do banheiro percebo que Lily não está aqui, acho que ela nem dormiu aqui. É estranho, como as pessoas podem cagar para uma coisa que pode definir sua vida? Eu não consigo entender. Mas eu, que estudei muito para estar aqui tenho que ir para a aula. Decido por colocar uma calça jeans escura, e uma blusa preta com gola. A blusa estava um pouco apertada e eu estava somente de sutiã decidindo qual outra blusa usar no meu primeiro dia de aula, quando escuto um barulho na porta. Tomara que seja Lily voltando. Mas não. Era o garoto mal-educado. Começo a ficar vermelha e a entrar em pânico. Eu estou de sutiã com um garoto em meu quarto. Pega qualquer coisa para vestir rapidamente.
  "O que é isso? Você não sabe bater na porta??" Eu reclamo, quem ele pensa que é para entrar do nada em meu quarto?
  Ele apenas fica me olhando, em direção aos meus peitos, porque ele está olhando para os meus peitos? Quando eu olho, percebo que estou com a camisa ao contrário. Ops.
"Ahn... Lily não está no momento. Então será que tem como você me deixar sozinha para acabar de me trocar?" Digo apontando para minha camiseta ao avesso.
  "Porque você não foi na festa?" Ele pergunta ignorando completamente minha última pergunta. Eu bufo.
  "Eu já falei que eu não gosto de faltar o primeiro dia de aula" Eu respondo
  "E eu já falei que você é careta. Toda metida a besta, se você repetir pode pagar de novo." Ele diz me insultando. Fico vermelha de raiva. Vou me lembrar de nunca mais falar com ele.
  "Olha aqui, você não sabe de nada da minha vida. Não sabe que eu tive que estudar muito para estar aqui, aposto que você está cagando para a faculdade, mas eu não. Ao contrário do que pensa, não sou rica e muito menos tenho uma família feliz. Meu pai me abandonou e fui criada sozinha pela minha mãe. Então para de ficar julgando as pessoas sem antes conhecê-las! E eu pedi a minha mãe para parar de ficar julgando vocês, eu dei uma chance. Você é muito esquisito." Não sei porque me expliquei para esse garoto, e percebo que acabei falando coisas que eu não devia como o fato do meu pai ter me abandonado. Mas ao olhar os olhos deles vejo que ele está com uma expressão de surpresa e compreensão.
  "Bom, Rosie, talvez você não devesse ter nos dado uma chance." Acho que estava simplesmente enganada sobre ter compreensão naqueles olhos. Ele é frio e parece só saber magoar as pessoas. Ele, pela segunda vez no dia, ignorou tudo o que eu falei. Falei da minha vida para ele e ele simplesmente não deu a mínima.
  "Você é inacreditável." Era para ter deixado isso na minha mente, porque raios eu falei isso em voz alta?
  "Tanto faz. Não ligo para o que as pessoas pensam de mim. Eu sou desse jeito e não vou mudar só porque você, a princesa, não gostou. Me poupe." Ele é realmente inacreditável. Que sujeito inacreditável. Eu estou vermelha de raiva. Muita raiva.
  "Já falei para você que não sou nenhuma princesa. Agora por favor sai do meu quarto." Eu digo com a voz alterada e apontando para a porta. 
  Ele olha para a minha mesa de estudos e aponta para o meu livro preferido.
  "Você lê Madame Bovary?" Porque ele está me perguntando isso?
"Sim, é meu preferido."
"Que coisa idiota." Estava bom demais para ser verdade. Olho para o relógio e já são 7:58, tenho aula as 9:00 e não posso me atrasar.
Quando eu ia pedir para ele sair do quarto a porta bate indicando que ele pensou primeiro que eu. Eu troco minha camisa e saio.

Meu primeiro dia de aula foi normal. Parecia que todo mundo que tinha as mesmas aulas que eu tinha ido a festa de ontem. Todos com caras de bêbados e alguns até estavam dormindo na aula. Que falta de respeito com o professor. Não vi Lily por nenhum lugar.
      Agora era a minha última aula. Literatura americana. Minha melhor matéria. Vou muito bem nela, creio porque devo ler muito.
Quando entro na sala só vejo algumas pessoa mais ao fundo dormindo e um garoto super bem arrumado e com gel em seus cabelos. Me parece um amigo com as mesmas manias que as minhas, e parece que ele gosta de estudar, tenho que fazer amizade com ele.
"Oi prazer, meu nome é Rosie Stillens. Sou nova e estou um pouco nervosa." Ele vai me achar uma maluca.
"Ah prazer. Meu nome é Thomas." Ele me pareceu bem educado." Então está gostando do seu primeiro dia de aula? Você vai pegando o jeito com o passar do tempo. Só é difícil achar pessoas que gostem realmente de estudar aqui. Parece que todos têm país com muito dinheiro e por isso não dão a mínima para a escola." Ele dá risada. Também tive essa impressão deste lugar. Não sei porque as pessoas são assim. É tão difícil entrar aqui e eles ainda não ligam?
"Pois é. Minha colega de quarto foi a uma festa e acho que nem voltou para o dormitório." Gostei desse garoto, tenho que fazer amizade com ele." Você tem planos para o almoço? Estou meio perdida, não conheço nenhum lugar aqui, cheguei ontem." Acho sempre uma boa ideia tentar conhecer novas pessoas. Só não sei se deveria ter chamado para o almoço um garoto que conheço a 4 minutos.
"Não. Se você quiser pode almoçar comigo. Eu adoro ir no Litu's, é um ótimo lugar para comer e relaxar." Eu topo e continuamos a conversar até que o professor entra na sala. E assim começa minha aula preferida.Eu realmente acredito que as pessoas deveriam ler clássicos da literatura. Eles não sabem a emoção que dá ler livros que te penetram e te comovem. Não sabem da essência que é folhear páginas e sentir o cheio de um livro novo.

The windsOnde histórias criam vida. Descubra agora