Porque ele está mandando mensagem? Será que ele não entendeu que não quero mais conversa com ele?? Fico fazendo inúmeras perguntas até que o visor começa a clarear de novo indicando que ele está ligando mais uma vez. Sem querer ou propositalmente, acabo atendendo.
-Alô? -Digo me fazendo de desentendida, como se já não soubesse quem é.
-Rosy, por favor, me escuta. Me desculpe por tudo. Me perdoe, posso fazer o que você quiser para ter sua confiança de volta. Por favor, Rosie eu te amo e você sabe disso. -Ao escutar essas palavras vindo dele fico pensando no que responder. Devo ter ficado bastante tempo pensando porque ele retorna a falar -Rosie? Você está aí?
-Já que você está disposto a fazer qualquer coisa para retomar a minha confiança, tem uma coisa que você pode fazer. E outra coisa, eu achava que você me amava, Alex!! -Digo a ultima frase gritando.
- Ta, o que eu posso fazer?? Me diz, e eu faço qualquer coisa. -Ele diz esperando uma resposta e ainda acrescenta. -Eu fiquei fora de mim, mas eu te amo sim.
-Cala a boca, Alex! Nunca mais me diz que me ama ou que me amou! E sabe o que você pode fazer? Sumir da minha vida. -Digo quase apertando o botão de cancelar, mas me lembro que devo acrescentar algo. -Para sempre. -E então eu desligo na cara dele sem nem dar chance a ele para responder.
Sabendo como Alex é, seu jeito teimoso e persistente, desligo o telefone sabendo que ele iria me ligar mais vezes ou até mandaria várias mensagens. Preciso dormir, amanhã eu tenho aula e não posso ficar discutindo com ele sobre nosso relacionamento, que para mim não existe mais. Fico pensando tanto no que aconteceu comigo desde que vim para Princeton que nem percebo quando adormeço."Mãe!!" Chamo por ela. Estou gritando e não sei aonde eu estou. Não é minha casa. É algum lugar muito escuro e não consigo enxergar nada. Tropeço em alguma coisa. Escuto um barulho e vejo que uma luz se acendeu. Vejo quem o acendeu. Meu pai. Ele está com uma cara diferente dos outros sonhos que eu tive. Agora ele está barbudo, e uma garrafa de vidro quebrada em suas mãos. De repente, do nada, estou na minha casa de novo. As luzes estão acesas e eu escuto gritos. Ai meu Deus! Gritos da minha mãe. Sigo os gritos e vou parar na cozinha. Meu pai está batendo nela com a garrafa de bebida.
"Mamãe" Minha eu pequena está gritando e chorando desesperadamente. Estou agarrada a um golfinho de pelúcia.
"Filha sai daqui" É a única coisa que eu escuto até que eu acordo. Na verdade até que sou acordada por alguém me chacoalhando.-Rosie?? Está tudo bem? Teve pesadelos? -Lily pergunta desesperada. Estou encharcada de suor, como sempre quando tenho pesadelos da minha infância. É esquisito, porque eu não sei se são reais ou só da minha imaginação, porque no meus pesadelos meu pai tem um rosto, às vezes diferente, mas tem e eu nunca vi ele na minha vida. Ele foi embora quando eu era bem nova, quase não tenho recordações, na verdade não tenho nenhuma recordação. -Rosie?? -Lily pergunta me tirando do meu transe.
-Desculpa. Eu estou... bem! -Eu digo mais para mim do que para ela. Não estou bem, estou assustada com cenas da minha mãe sendo agredida. Eu lembro da minha mãe sempre me ensinando a nunca depender de homem nenhum. Ela sempre dizia que se um homem encostar um dedo se quer em mim, era para eu nunca mais falar com ele e manter ele longe de mim. Acho que agora eu entendo porque ela dizia essas coisas. Será que meu pai realmente fazia isso? Batia nela?
- Você quer uma água? Vou pegar para você! Já volto. -Lily diz saindo do quarto e indo em direção a água, bom eu acho. Mas não espero por ela. Vou direto para o banho, preciso muito aliviar a tensão. Estou até pensando em fazer acupuntura, ou algo assim. Eu ando muito tensa ultimamente.
Passados alguns minutos no banho escuto Lily me chamar perguntando se estou no banheiro. Eu grito dizendo que sim. Eu me sinto péssima. Em parte porque acordei Lily com meus pensamentos e em parte porque eu tive esse pesadelo. Acho que preciso conversar com minha mãe sobre isso. Para perguntar se é real ou não, porque se não for real acho que, talvez, isso possa me ajudar a diminuir esses sonhos terríveis.
Saio do banho com meu despertador tocando. Nem acredito que já está na hora de me arrumar. Estou até feliz, porque não vou ter mais chance, pelo menos hoje, de ter mais pesadelo nenhum.
-Lily. -A chamo, recupero minha voz e continuo. -Queria muito pedir desculpas para você. Me perdoe por acordar você no meio da noite. Me desculpa mesmo!!
-Rosie! Para com isso. Se você precisar de alguma ajuda só pedir para mim. Lembre-se somos amigas agora, está bom? -Ela diz me abraçando. Fico feliz por não ter trocado de quarto, ela está se mostrando uma ótima amiga.
-Obrigada! -Assim que peço desculpas mais vezes eu me visto e vendo que eu me arrumei rápido demais, mando duas mensagens. Uma para minha mãe "Estou sentindo sua falta, te amo" e outra para Thomas "Precisamos conversar. Será que dá para chegar mais cedo hoje? Me encontre no Tifanny." Por incrível que pareça, consigo confiar em Thomas o suficiente para contar a ele meus pesadelos e problemas, mas tenho medo de contar para ele sobre meu final de semana e ele ter uma visão errada de mim. O Tifanny é o lugar onde nós encontramos para tomar um café antes das aulas começarem.Chegando ao lugar marcado vejo que são 7:48. Que ótimo. As aulas só começam 9 horas e eu e Thomas só nos encontramos as 8:30 por ai. Fico na fila e peço alguma coisa para mim. Estou com muita fome. Ao me virar em direção às mesas vejo que Dean está sentado em uma delas lendo. Não sei se é uma boa ideia me aproximar dele, não sei qual vai ser o humor dele hoje mas mesmo assim arrisco.
-Dean?? -Pergunto meio receosa. Ele se assusta com minha chegada de repente e fecha o livro e o bota em baixo da mesa como se tivesse escondendo.
-Oi.
-Posso sentar com você?
-Acho que sim. -Ele diz dando um meio sorriso.
-Você lê Madame Bovary também? -Pergunto curiosa. Ele tinha me perguntando uma vez se eu o lia.
- O que? -Ele pergunta com os olhos arregalados.
-Eu vi a capa do seu livro.
-Ah. -Ele responde como se estivesse envergonhado.
-Pode ficar tranquilo. Seu segredo está guardado comigo. -Eu faço uma piada sem graça e dou um sorriso.
-Muito obrigado. Você está salvando minha vida. -Ele responde rindo também. Graças a Deus, ele está com bom humor hoje. Adoro esse jeito engraçado dele, apesar de ter visto apenas algumas vezes.
-Então. -Digo tentando puxar assunto. -Não sabia que você vinha aqui.
-Vou embora assim que vejo você e aquele seu amiguinho vindo. -Ele se assusta com a própria resposta e se recompõe. -Quer dizer, é coincidência, venho aqui cedo, quando não tem ninguém.
-Ah. - É a única coisa que eu digo. Fico pensando em assuntos para puxar mas ele fala:
-Não vai comer?
-Hã... vou. -Dou um risinho. Pego meu croissant e mordo um pedaço.
-Gostou da festa? -Ele pergunta me observando comendo.
-Aham. Só não me lembro de mais nada depois das doses de whisky.
-Você é careta lembra? Você não consegue nem tomar uma dose sem cambalear. -Ele dá risada e eu não consigo rir também.
-Não gosto muito de beber.
-Deu para ver. Antes do jogo já tinha bebido dois copos. -Ele brinca.
- Então quer dizer que você estava me observando? -Eu continuo a brincadeira o provocando mas me arrependo no momento em que a cara dele fecha e ele olha para o capuccino a sua frente. -Desculpa.
-Preciso ir. -Ele diz se levantando e indo embora. Porque eu preciso sempre estragar tudo? Mas parece que ele não sabe brincar também. A gente estava tendo uma relação mais normal e do nada, sem motivo, ele fecha a cara e me ignora.
Continuo comendo meu croissant até Thomas chegar.
Quando ele chega, logo percebe que eu estou meio chateada, mas antes de contar sobre o desentendimento com Dean,falo sobre a noite na república de Dean e depois sobre os pesadelos. Thomas me ajuda dizendo coisas que eu precisava ouvir e ele me aconselha a conversar com minha mãe sobre esses pesadelos.
-Eu quase não ia contar sobre a república, porque me senti envergonhada. Sei lá, beijar um cara que nem conheço e depois ingerir uma dose alta de álcool não faz o meu tipo. Fiquei com medo de você me julgar, ou coisa do tipo.
-Claro que não Rosie!! Eu sou seu amigo, não o juiz. Foi uma brincadeira, e afinal acho que você precisava disso por tudo o que aconteceu com você.
-Obrigado. Você é um ótimo amigo.
-Ai meu Deus, Rosie!! -Thomas diz assustado.
-O que foi?
-Já está na hora da aula. Estamos atrasados, vamos!!
Corremos para dentro da sala de aula e pedimos mil desculpas para o professor e ele apenas assentiu e deu risadas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The winds
RandomRosie, a menina certinha, planeja as coisas com antecedência, sempre sonhou em entrar para universidade de Princeton, não imaginaria que um garoto iria mudar sua vida para sempre