A Primeira visita

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- Eu estava lhe procurando para conversar - ele disse.
- Mickey, você acha que ainda tem a possibilidade de conversarmos depois do que houve? - perguntei.
- Eu sei que não. Por isso vim pedir desculpa. Desculpa, eu não queria ter lhe agarrado - ele pediu.
- Ah eu percebi - ironizei.
- Eu estava bêbado - ele inventou.
- Para mim você parecia bem lúcido - disse.
- O que você quer que eu faça? Quer que eu dançe? Quer que eu peça perdão em público? O que você quer? - ele perguntou.

E de repente, veio uma luz iluminar meu cérebro. Visitar. Visitar pela primeira vez à casa dele.

- Visitar - disse feliz.
- Visitar? - ele perguntou.
- Visitar pela primeira vez sua casa - expliquei.
- Se é só isso, a senhorita pode ir hoje mesmo a noite na minha casa - ele autorizou aliviado.
- Até mais - disse.
- Até - ele disse sorridente.

Bingo !. Pensei. Essa é a minha chance de dar meu segundo passo. Não veja a hora de ir a casa dele.

"Parque. Às 16:10. Te espero lá Taylor."
Ass: Mistério.

Está pronto o bilhete. Quero me desculpar antes de ir a casa de Mickey. Corro até a rua de Taylor, coloco o bilhete no chão em frente a porta. Respiro fundo e toco a campainha. Me escondo em uma moita. Agora é só esperar. Ouço alguém se aproximar da porta. Sorte! Taylor olha pro lados, pôr fim olha pro chão e encontra o bilhete. Se abaixa e pega o bilhete, lê e entra fechando a porta.

Como pensei de última hora marcar a hora que iría conversar com Taylor, comprei apenas uma lembrancinha : um urso. Mas, não é qualquer urso, é um urso gravador, como o próprio nome diz: é um urso que tem a capacidade gravar o que alguém diz.
Então decidi gravar um pequeno recado pra ele, depois vou pedir desculpa pessoalmente. Pelo menos vou tentar.

- Oi - o urso iníciou a conversa com Taylor.
- O... i - Taylor disse assustado.
- Algumas vezes na vida cometemos dois tipos de erros : os erros leves e os erros pesados. Os erros pesados são os mais complicados, pois deve - se pensar bem antes de tomar uma decisão. E nesses casos deve - se procurar saber o que você pode fazer para resolver o problema. Enfim ... - o urso disse. Nesse momento sai de trás e coloquei o urso de lado.
- O perdão e a conversa são os melhores recursos para uma solução. Eu sei eu fui idiota, fui longe demais na festa. E mais, não devia ter lhe sobrecarregado, desculpa, desculpa, desculpa, desculpa e desculpa. Pode ser? - implorei.
- Pode - ele riu e disse. Deitei no seu colo. Acaraciou o meu cabelo - Me perdoa também? - ele perguntou.
- Não tem porque pedir perdão. Obrigada - agradeci.
- Gostei do urso - ele elogiou.
- Quer? É pra você - perguntei.
- Quero. Valeu. Bom, acho que chega de emoções por agora pra nós dois, não é? - ele perguntou.
- É ... bom, não posso dizer o mesmo. - sai do colo dele e sentei - Porque ... hoje mesmo vou sair - gaguejei.
- Aonde você vai Miranda? - ele perguntou virando - se para mim.
- Para a casa de Mickey - falei medrosa - é que ... ele me procurou e disse que queria pedir desculpa pelo que houve na festa - disse.
- Ok. Tudo bem você perdoa - lo, mas ... o que tem a ver com o jantar ? - ele perguntou.
- Ele disse que ele pode fazer qualquer coisa pra mim em troca ... do perdão dele - expliquei.
- E você pediu o jantar, certo?- ele perguntou.
- Certo - confirmei.
Continuei, já que percebi que ele não iria falar nada.
- Era a chance que eu vi para me vingar dele. Por favor eu não quero brigar com você. E você sabe que eu não vou mudar de ideia, até resolver isso - disse.
- Também não quero brigar - ele suspirou - Que horas vai ser o jantar? - ele perguntou.
- Acho que às 18:00, 18:30. Algo assim - respondo sem certeza.
- Não vou nem perguntar se posso junto - ele brincou. Rimos.
- Então vamos te levar pra casa - ele disse.
- Como assim : "vamos" ? - perguntei.
- Ue, eu e o urso - ele disse. Rimos.

Depois de me despedir de Taylor, vesti - me com um vestido longo e liso, de cor azul forte. Uma bolsa bege, pequena. Bota branca. E no cabelo uma trança embutida. Desci e peguei um ônibus até a casa de Mickey. Cheguei. A casa é simpática, cor laranja e grande. Com um pequeno jardim na frente. Toquei a campainha. Uma mulher bonita e que aparenta ter 40 anos, atendeu a porta.

- Boa noite ! Cheguei muito cedo? - perguntei.
- Não. Pode entrar - ela respondeu.
- Eu me chamo Mila - ela disse cumprimentando - me.
- Prazer, Miranda - cumprimentei.
- O prazer é meu. A senhorita ajudou muito meu marido. Obrigado - ela agradeceu.
- Mais do que minha obrigação - disse.
- Nada. Foi bondade sua. Fique a vontade, eu já volto - ela disse.
- Obrigada - agradeci.

- Senhorita - disse Mickey sorridente.
- Boa noite - disse entendida.
- Boa, seja bem - vinda. Vamos sentar? - ele perguntou apontado para a poltrona.
- Ah ... é ... é que eu gostaria de ir ao banheiro - menti para não conversar com ele.
- Ah ... ok. É no corredor, virando para a esquerda - ele explicou.
- Ok - disse.
- Quer que eu vá com você? - ele perguntou.
- Não, obrigada - respondi e em seguida subi indo em direção ao banheiro.

- Aí finalmente consegui sair perto dele - desabafei sozinha.
- Olá - uma menina me cumprimentou.
- Oi - disse.
- Você deve ser Miranda, prazer, meu nome é Meire - ela se apresentou. E nesse momento, me lembrei da conversa com Mickey no dia em que ele foi na empresa. "Tenho duas filhas: Meire e Lira".
-  O prazer é meu - disse - Quantos anos você tem? - perguntei curiosa.
- 12 - 5 anos de diferença - pensei - Vamos? - ela perguntou.
- Vamos - respondi.

Ao descer, nos sentamos cada um em uma poltrona ou sofá.

- Ah vejo que já conheceu Meire! - ele exclamou.
- Sim - confirmei.
- Mira ... posso lhe chamar assim? - ela perguntou.
- Claro - autorizei.
- O que você prentende fazer? Tipo, em que profissão você quer se formar? - ela perguntou.
- Arquitetura - respondi.
- Ai, que ótimo!. Viu papai? - ela perguntou.
- Puxa que legal! - ele disse.
- Ãn ... você também quer fazer arquitetura? - perguntei.
- Quero, e pra isso eu ... queria perguntar se você poderia me ajudar - ela disse.
- Ta, mas como? o que que eu posso fazer? - perguntei confusa.
- Bom, ultimamente venho pesquisando constantemente, só que é como diz o ditado ;" duas cabeças pensam melhor que uma". E como você aparenta ter mais paciência e conhecimento do que outras pessoas - ela falou olhando para o pai - Então é isso, você topa me ajudar? - ela perguntou.

Um minuto de silêncio foi como um minuto de suspense nos filmes.

- Topo - respondi.
- Ótimo - ela disse.
- Olha senhorita Miranda, você não precisa fazer nada se não quiser e ... - ele foi interrompido por Meire.
- Ela sabe muito bem, senhor Mickey - ela disse.
Cai num ataque de risadas - Tudo bem, eu entendi, eu topo - tranquilizei - os.
- Haha! Obrigada Mira - ela agradeceu.

- Lira! Vai demorar? - Senhora Mila perguntou.
- Calma.  Já to indo - uma voz femina respondeu.
- Adianta, Miranda está esperando - ela pressionou.
- Ok, ok - a voz feminina disse descendo a escada.
- Pronto. Olá tudo bem? Desculpe pela minha mãe  sabe como é né? sempre com pressa - ela disse cumprimentando - me.
- Sabia - todos olharam assustados- quer dizer ... eu sei - disse gaguejando e logo rindo, no qual depois sorri.
- Então , as filhas puxaram a mãe, lindas! - disse para esquecer o equivoco.
- Ah, obrigada. Mas, sinceramente, sua mãe deve ser uma verdadeira boneca de porcelana - ela disse corada pelo elogio.

Todos riram.

- É verdade. Ela é uma verdadeira boneca de porcelana - disse suspirando e  atenta as palavras.

- Bom pessoal, já que estam todos aqui, que tal irmos jantar?  - propôs a senhora Mila.
Todos concordaram.
- Então Mira, você ainda estuda? - dona Mila perguntou.
- Sim, estou no 3. ano, faltam dois dias para me formar - respondi.
- Hum,  que bom. Vai torna - se independente. Espero que possa receber mais vezes você - dona Mila disse quando nos direcionamos para a sala de estar.
- Claro, será um prazer - concordei.
- Seu pai mora com a senhorita? - Mickey perguntou.
- A ... ele morreu há ... dois anos - respondi.
- Puxa, meus pêsames - ele disse.
- Sem problemas - confortei - o.
- Se não lhe incomodar, como ele morreu? - Perguntou Mickey.
- É ... - pensa Miranda, pensa - foi de ... assassinato - inventei.
- Que absurdo ! - Mickey disse .

Nossa que contraditório, você a acha um absurdo e o que você achou quando matou minha mãe? - pensei.

- Tenho que ir - disse preocupada com a próxima pergunta caso continuasse a me interrogar.
- Já? Mas tá cedo - contestou.
- É que tenho que ir resolver algumas coisas pendentes - expliquei.
- Tudo bem, tenha uma boa noite - Dona Mila disse.
- Obrigada pelo jantar e boa noite a todos - agradeci e me despedi de todos.

Até que enfim - disse ao bater a porta.

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⏰ Última atualização: Mar 31, 2016 ⏰

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