Capítulo 2

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A luz do sol o acordou. Louis se sentou no sofá e soprou o cabelo dos olhos. Um músculo lateral doía, obrigando-o a se deitar de novo, olhou para as plantas verdes.

— Dormi no sofá ?

Seu corpo doía, os tendões pulsavam. Os ombros e as costelas pareciam machucados. Tocou os lábios sensíveis e lágrimas lhe desceram pelo rosto.

Alguma coisa acontecera na noite anterior que lhe virara o mundo de cabeça para baixo e o fizera cair num abismo. Se esquecesse a possibilidade de estupro, era evidente que aqueles bastardos que a perseguiram eram...

Vampiros.

E a criatura estranha que lhe dera uma perigosa segurança confirmara sua suspeita, como se tivesse certeza da verdade.

E o chamara de mortal, o que certamente significava que ele não era.

— Oh, Louis, deve ter batido com a cabeça, está pensando como um louco.

Criaturas de contos de terror não deviam existir. Um homem devia ter medo de assassinos em série, estupradores e atiradores loucos soltos num shopping center. Não de homens que pareciam humanos e, no entanto, queriam lhe sugar o sangue.

O coração disparou como acontecera na noite anterior e Louis comprimiu a palma de uma das mãos no peito. Ainda usava as mesmas roupas e, na camiseta de algodão, viu uma mancha onde a mão dele sobre seu peito sujara o tecido.

Um arrepio de repugnância o gelou. Pulou do sofá, tirou a camiseta e correu para o banheiro, despindo-se no caminho, abriu o chuveiro e entrou, chorando.

— Esqueça, Louis, não estava pensando direito quando entrou naquela rua que não conhecia.

Sempre caminhava para o clube e voltava a pé e jamais se sentira em perigo. O bairro onde morava, na cidade de Minneapolis, era considerado seguro. Vivia numa rua elegante, com casas e edifícios de apartamentos próximos a clubes de dança e restaurantes. O estúdio de dança onde praticava três dias por semana ficava a apenas quatro quarteirões do loft em que morava.

Três noites por semana corria sete quilômetros, geralmente na rua onde morava e depois pelo parque da cidade, e jamais fora atacado. De vez em quando, algum homem assobiava ou um bêbado tentava lhe impedir a passagem, mas isso era esperado.

Pensara em pegar a Declan Street na noite anterior, sabendo que havia nele alguns antigos armazéns desocupados, gostava de explorar novos territórios. Pretendia correr por apenas um quarteirão, mas então aqueles homens apareceram e tivera que fugir. Infelizmente, saíra da zona de segurança da rua bem iluminada.

Entrara numa situação difícil, mas conseguira lidar com aquilo e agora estava seguro. Tudo o que precisava fazer era esquecer e voltar a ser o bom e confiável Louis Tomlinson. Era esperto, estável e responsável. Seus clientes de web design elogiavam sua criatividade e precisão. O estúdio de dança estava disposto a lhe dar uma chance de ensinar. Mesmo quando frequentava clubes com os amigos, era o que parava primeiro de beber, chamava táxis para todos e garantia que recebessem as chaves de seus carros no dia seguinte.

Cosmopolitans. Ele sentira o cheiro da bebida em seu hálito, o que era muito possível, não comera nada depois que os tomara. Mas sentir o cheiro dos vampiros e saber para onde tinham ido ?Como podia saber uma coisa dessas ?

Vampiros.

Só de pensar na palavra teve vontade de vomitar. Ergueu a cabeça e deixou que a água quente lhe enxaguasse o shampoo.
Por que estava tão disposto a aceitar o que um estranho lhe dissera ? Porque vira as presas, longas e brancas e ligeiramente curvadas como uma adaga.
Mas nada podia ser pior que aquele violento beijo roubado. Ele o violara, no sentido de que confiara sua segurança a ele e a traíra, pegando-lhe o corpo com agressividade.

Bastardo.

Tenho seu cheiro gravado, eu o encontrarei.

— Não pense nisso, Louis — disse a si mesmo. — Foi apenas uma noite ruim.

Devia chamar a polícia ? Mas o que eles poderiam fazer ? Não vira claramente o rosto de nenhum dos homens. Depois que lhe mostraram as presas, o bom-senso o desertara. E vira apenas partes do rosto de seu captor, mas sabia que jamais esqueceria seu rosnado lascivo. Parecia mais animalesco que os vampiros.

Beijo Da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora