A FAMÍLIA FERRARI (capítulo atualizado)

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E D G A R   F E R R A R I



Como de costume eu acordei cedo, alguns minutos antes do meu celular temporário despertar. Como eu odiava quando isso acontecia! O meu relógio biológico sempre está adiantado.
Bem, antes adiantado do que atrasado né? Quando saí do hospital, o médico sugeriu que eu ficasse em repouso, apesar das feridas terem cicatrizado bem, mas eu não podia me dar ao luxo de ficar parado, as contas não iriam parar.

Levantei me espreguiçando para começar o meu ritual matinal de todos os dias. Esfreguei os olhos para limpar as remelas e afastar o sono. Procurei o celular, que estava ao lado da minha cabeceira, junto com o meu despertador Se é que eu poderia chamar aquilo de celular. O aparelho em questão, era um blackberry, aqueles modelos arcaicos, com aquelas teclas horríveis.

Minha avó me emprestou, já que o meu telefone tinha sido destruído na explosão do hospital.
Olhei os SMS sem dar muita atenção à verdade, porque sabia que ninguém mais mandava sms. Como acordei com uns minutos de folga, eu fiquei sentado, jogando o jogo da cobrinha para passar o tempo e me distrair.

Depois da cobra que já estava bem grande, morder a própria cauda e morrer eu soltei um suspiro frustrado e finalmente larguei o celular para ir pro banheiro e tomar banho e arrumar para meu novo emprego, já que fui demitido do antigo por faltar o trabalho no dia do ataque do Stalker contra minha irmã, a amiga dela e minha namorada na minha casa.

A minha avó, Griselda Monteiro, mas que chamamos carinhosamente de a Juíza ou só vó, ficou possessa de raiva e jurou processar a empresa até o último centavo. Ela é advogada aposentada, já tem 80 anos de idade, mas mesmo que quisesse — e como ela queria — ela não poderia mais trabalhar. Infelizmente as pessoas são ignorantes e têm preconceito com advogados idosos e evitam contratar a todo custo, o que obrigou minha avó a se aposentar com os seus 70 anos, mesmo tendo vontade de continuar advogando. Eles estavam perdendo uma excelente profissional.

Dona Griselda, sempre zelosa e amorosa, me jurou que falaria com seus contatos e que essa situação não podia ficar assim, pois eu era uma vítima e insistiu para eu ficar descansando e me recuperando de tudo. Agradeci e recusei gentilmente a convencendo a deixar pra lá, não tínhamos dinheiro para dar andamento em um processo desses e eu tive sorte de encontrar outro trabalho bem rápido para ajudar a pagar as contas e não podia ficar parado.

Agora eu trabalhava como office-boy do fórum, minha avó conseguiu pedir a velhos amigos para me indicar ao cargo, o que me ajudou a conseguir a vaga em oitenta por cento, os outros vinte por cento, foi o fato de eu ter minha própria moto.

O emprego não era aquelas maravilhas, o salário era de uns 975 e quebrados. Eu tinha que ficar fazendo retiradas de entregas de documentos, pagamentos, correspondência e etc em escritórios. Eles exigiram que eu vestisse roupas sociais para circular entre os escritórios em âmbito formal. Usar roupa social para entregar papelada.
Advogados...

Depois de tomar banho, passar minha roupa, me vestir e ajustar os últimos detalhes na frente do espelho, finalmente saí do meu quarto e fui direto para a cozinha onde encontrei a Ellen, minha irmã mais caçula de cinco anos. Como se ela não me visse a anos, arqueou verdadeiramente surpresa, abriu o sorriso mais fofo desse mundo e veio correndo na minha direção como o mini furacão que era para me dar um abraço gritando meu nome como se eu tivesse voltado de uma guerra.

— EDGAR!

Sorri tentando frear o pequeno furacão desenfreado que vinha em minha direção. — Calma lindinha.

Isabella pegou Hellen a tempo, antes dela pular em cima de mim e amassar ou sujar a minha roupa com as mãos sujas de bolo, que estava comendo de café da manhã.

— Opa, devagar baixinha. Não vamos sujar e amassar a roupa dele. — Isabella coloca Hellen na cadeira e começa a limpar as mãozinhas e boca dela, enquanto Hellen resmungava, me pedindo colo.

Sorri agradecendo Isabella, minha irmã do meio e peguei Hellen depois que Isabella a limpou.

— Pronto baixinha. — a abracei e enchi de beijos a fazendo gargalhar feliz e satisfeita por receber seu dengo matinal.

Isabella estava me analisando de cima a baixo, enquanto eu devolvia a Hellen para seu bolo de chocolate, acompanhando com um copo de leite.

Franzi o cenho a encarando sem entender. — O que foi?

— Tá chique.

Dei os ombros sorrindo.

— Pois é, agora eu sou entregador dos advogados e juízes públicos.

— Espero que ganhe melhor que o outro, porque essas roupas são caras pra Hellen manchar de chocolate.

— Eu vou investir no preto. Dá pra disfarçar melhor as manchas.

Isabella ri balançando a cabeça.

— Ah, não esquece de deixar o dinheiro do transporte escolar da Hellen, a vó não pode ficar saindo debaixo do sol pra levar ela. E eu preciso de dinheiro pra comprar um uniforme novo da escola e temos o dinheiro do mercado da semana. Sem merreca dessa vez, quero comer algo gostoso.

— E quando você vai começar a procurar um trabalhinho para ajudar em? — resmunguei, tirando o meu cartão da carteira e deixando na mesa. — Tá ai, você vai fazer o mercado da semana com a vó. Não exagera, ok? Eu ainda tô com experiência nesse novo emprego, temos que economizar.

— Você foi indicado pelos amigos da vó. É melzinho na chupeta, Edgar. Só não fazer nenhuma merda, nem chegar atrasado, então é melhor comer logo e meter o pé. — ela me apressa pegando o cartão, e sai da cozinha.

— Pirralha abusada. — resmunguei me sentando e começando a me servir, Hellen veio até minha com seu pratinho da pequena sereia, com o olho pidão.

— Maninho, dá mais bolo pra eu? — pediu fazendo sua melhor voz de neném dengosa, a qual eu não conseguia negar nada.

Sorri cortando mais um pedaço pequeno de bolo, sabia que encher a criança de açúcar a essa hora da manhã, a deixaria mais enérgica do que uma pilha, mas a Isabella que lute.
Hellen voltou toda toda para seu lugar na mesa, devorando o pedaço de bolo fazendo uma dancinha feliz com a cabeça.

— O bolo tá gostoso, princesa?

Hellen assentiu de boca cheia balançando a cabeça exageradamente bagunçando um pouco seus cachinhos. Sorri feito bobo babando na minha irmã caçula. Ah, eu tinha saudades quando a Isabella não era um adolescete e me adorava como a Hellen adora.

Quando terminei o café, tirei a mesa rapidamente, ajudei Hellen a se limpar e fomos pra sala, enquanto eu procurava a minha avó para poder me despedir antes de ir trabalhar.

— Vô? — Chamei ela pela casa a procurando, mas ela não me respondeu. Depois de rodear a casa toda fui até Isabella que estava com Hellen na sala.

— Isabella, cadê a vó?

— Saiu cedo. Hoje é dia de buscar... ela, esqueceu?

Pisquei em choque, eu havia esquecido completamente.
Ela, a quem Isabella se referia, era a nossa mãe.

— É, pelo visto você esqueceu. — diz franzido de leve a sobrancelha, notando a expressão. — Daqui a pouco elas já devem está chegando... — faz careta — Se tudo ocorrer bem, dessa vez, né.

— Eu devia ter ido junto, por que ninguém me lembrou?

— Por que você tem trabalho e não pode se atrasar. Dã. — fala com aquele tom irritante e pretensioso de adolescente me fazendo revirar os olhos.

— Vou tentar encontrar com elas no caminho. — decido seguindo para a porta, preocupado com elas.

— Vai se atrasar, Edgar.

— Não tô nem aí. A avó pode tá precisando de ajuda. — Eu pego meu capacete e chaves no porta chaves e capacete de parede ao lado da porta, assim que abro a mesma me deparo com minha mãe e minha avó discutindo na entrada do quintal.

JOGO EXPLOSIVO - O Bombardeador ( EM REVISÃO E EDIÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora