O BOMBARDEADOR (capítulo atualizado)

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C A S S I E   A N D R A D E



Com minhas instruções e a direção suicida de Enzo chegamos no colégio em menos de oito minutos. O meu antigo não era muito longe de casa, o que nos deu uma pequena vantagem.
Quando entramos no colégio, logo reconheci a diretora Leandra Alve, ela era uma senhora de idade. Devia ter uns 70 e poucos anos e estava em estado de choque. Quando ela me viu, veio em nossa direção com um sorriso de alivio.

— Graças a Deus você veio, Cassiana! — ela segurou nas minhas mãos com suas mãos trêmulas, seus olhos estavam vermelhos, assustados. Ela olhou da esquerda para direita então sussurrou — Ele está aqui, está nos vigiando. Parece saber cada passo nosso.

Fiquei confusa, vendo que ela estava muito abalada, e segurei sua mão carinhosa e disse calmamente.

— A senhora precisa se acalmar. Nós vamos resolver isso.

— Façam tudo o que ele mandar... Ou ele vai explodir essa escola inteira, com todos que estão nela.

Balancei a cabeça concordando.

— Faremos tudo que for preciso para salvar essas crianças.

Leandra Alves sorriu fraca, soltando minhas mãos. — Eu preciso voltar pra minha sala... São ordens deles, receber vocês e voltar pra sala.

Em choque, ela seguiu para dentro do prédio, entrando em um dos corredores a caminho da diretoria, nos deixando sozinhos no pátio da escola.

Respirei fundo, observando a diretora se afastar. Seu novo caminhar era lento, arrastado e provavelmente cansado de percorrer todo esse prédio por muitos e muitos anos.
O prédio estava com pinturas novas, vários cartazes de artes nas paredes feitas pelos alunos de combate a causas sociais, vários manifestos criativos e contra o machismo, homofobia, racismo e bullying. Tinnha frases de empoderamente feminista, contra o racismo. Sorri olhando as formas de manifestações sociais em arte colorida, chamativa, que passavam bem a mensagem e suas linhas. Fiquei feliz em saber que a escola estava evoluindo e deixando seus alunos se manifestarem em um lugar seguro. Eu nunca senti saudades dos meus tempos de ensino fundamental e médio, mas em um ambiente assim, talvez eu sentiria.

Ficamos esperando Edgar e Melissa por quase vinte minutos, na mensagem eu pedi para Edgar buscar a Melissa para ela chegar mais rápido. Quando ouvimos o som da moto de Edgar, ele já estava estacionando e Melissa pulou da garupa um pouco atrapalhada.

— Vocês demoraram!

— Viemos o mais rápido possível, mas ainda mais ou menos umas dez horas ou mais... Foi o que disse na mensagem.

Soltei longo suspiro e expliquei a história de como o nosso tempo reduziu.

Os olhos azuis de Melissa se arregalaram e ela levou a mão cobrindo a boca.

— Na metade?

— É. E por que demoraram tanto ? — Enzo quis saber e apontou para uma bolsa grande que Edgar estava carregando.

— A Mel pediu para a gente fazer uma parada no caminho. Fomos na delegacia pra pegar um detector de metais, para ajudar a encontrar a bomba. — Edgar explicou erguendo a bolsa no alto, que devia estar com o detector de metais desmontado.

Enzo abriu um enorme sorriso e segurou o rosto de Melissa dando um beijo estalado na testa dela.

— Você é brilhante, garota! Vamos achar a bomba rapidinho, isto é, se existir uma bomba.

Melissa sorriu, satisfeita com o elogio. Sorri também animada e mais esperançosa com a chance de acabar com essa história de uma vez.

— Vamos começar então.

— Vou montar o detector pra gente poder começar. Leva só alguns minutos. — disse Melissa pegando a bolsa, levando até um dos bancos do pátio com ajuda de Enzo, pois parecia bem pesada. Juntos eles começaram a tirar as peças para montar o aparelho.

Balancei a cabeça em concordância, o detector iria nos ajudar a poupar horas, o que seria mais alguns minutos de espera. Sentei em outro banco com Edgar e de repente uma música começou a tocar, era Formation da Beyoncé e o som estava saindo do bolso de Edgar. Ele levantou e sacou o meu celular do bolso, com a testa franzida.

— É o seu celular. Que estranho, quando o Jonas me entregou estava desligado... — disse me entregando o aparelho.

O celular continuava tocando e vibrando, franzi o cenho vendo o número que estava me ligando.

JOGO EXPLOSIVO - O Bombardeador ( EM REVISÃO E EDIÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora