5. A Ilha

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-Todos a bordo! -disse Kevin.
-Cala boca Kevin. -disse Jeniffer jogando seus cabelos vermelhos (vermelhos e não ruivos) para trás. Kevin a olhou com cara de tédio. Ele tinha grandes músculos e cabelos pretos. Kevin se sentou ao lado de Troy e eles começaram a conversar. Algumas pessoas se sentaram também, e o andar de baixo lotou. Sendo assim, eu e alguns amigos fomos para o andar de cima.
-E o Arthur? -perguntou Mia com um sorriso malicioso.
-Não tem Arthur! -respondi olhando para o mar que íamos navegar daqui alguns minutos. Meus cabelos estavam em minha cara, mas o vento e a sensação eram boas.
-Ah fala sério. Ele é tão inteligente, e educado, e lindo. Enfim, não acredito que você vai dispensar ele.
-Pois acredite! Eu não quero ficar com ninguém agora, Mia. -eu a olhei e depois me virei para a escada onde Luara entrava com aquele seu amigo estranho da noite do restaurante.
-Uau! -essa foi a reação de Mia ao ver o garoto. Mas tinha um porém, Luara segurava em sua mão. Coner não iria gostar disso. Ele estava conversando com o professor Túlio, da educação física. Esperava que o papo estivesse bom.
-Gente o que é isso? -disse Penélope se aproximando. Ele era engraçada e baladeira. Não se importava com seu físico e dizia que os garotos tinham que ter algo para apertar mesmo. Riamos muito com ela. Ela se sentou numa cadeira ao nosso lado e ficou admirando o tal garoto.
-Oi Penélope como foram suas férias? -perguntei sorrindo.
-Perfeitas. Só não foram mais perfeitas do que aquele cara com a Luara. Quem é ele?
-Quem se importa? -perguntei. As duas me olharam como se eu estivesse falando um absurdo.
-O que? -perguntei.
-Vai me dizer que ele não é uma graça? -dizia Penélope. Mia riu.
-Ah ele é bonitinho.
-Ela só pensa no Arthur nesse momento. -disse Mia.
-Ah cala boca. -resmunguei.
-Quem é Arthur? -Penélope perguntou, confusa.
-Meu primo! -Mia respondeu.
-Você está afim dele? -ela olhou para mim levantando da cadeira e falando um pouco alto.
-Claro que não! Senta aí.
-Me conta tudo. -Penélope insistiu.
-Não tem nada para contar. -insisti.
-Tem sim, eles até foram jantar juntos. -explicou Mia.
-Jura?! -Penélope continuava a conversa. Levantei para ignorar o fato delas estarem falando de mim na minha frente. Fui até um bar que havia no navio. Um cara dos cabelos grisalhos e olhos azuis, com uns 50 anos mais ou menos, me atendeu.
-O que deseja?
-Uma água, por favor! -respondi.
-Com ou sem gás?
-Sem, não gosto com gás. -ele foi pegar a água e Matheus veio falar comigo.
-Oi, como vão as coisas? -ele perguntou com uma certa intimidade.
-Desculpa, somos amigos? -perguntei tentando dar uma cortada nele.
-Aii, essa doeu. -ele bateu a mão em seu peito esquerdo. Revirei os olhos. O homem chegou com a garrafinha de água, dei o dinheiro para ele.
-Vamos começar do zero. Quer dizer, eu mudei. Só preciso que alguém veja isso.
-Não pode escolher outra pessoa para demonstrar suas mudanças? -ele me encarou.
-Deixa o Coner andar comigo.
-E ficar andando com esse povinho que você anda? -debochei. -Meu irmão não vai virar drogado. -sai. Fiquei pensando se eu fui muito fria. Mas depois esqueci. Pelo menos assim ele me deixava em paz. Voltei para o lado de Mia e Penélope.
-Galera, fiquem em seus lugares. O navio já vai sair. -avisou Thaís. Alguns meninos achavam Thaís completamente perfeita. Ela tinha lindos cabelos castanhos e olhos cor de mel. Alguns meninos aprontavam só para ir para sua sala.
-E aí? Acham que vai ser legal? -perguntou Mia.
-Ah eu acho que vai sim!! -disse Penélope. Podia jurar que ela era a mais animada ali.
              Chegamos até a ilha. Uma palavra: maravilhosa. A água azulzinha, com a areia branca, coqueiros e plantas verdinhas.
-Nossa que linda! -se maravilhou Mia.
-Agora estou em duvida do que é mais bonito. Essa ilha ou aquele garoto. -Penélope apontou para o garoto perto de Luara. Balancei a cabeça para um lado e para o outro rindo. O navio ficou ancorado perto da areia. Todos comentavam de um vulcão que ficava mais para dentro da mata.
-O vulcão está inativo a 967 anos. - dizia um cara que provavelmente era quem costumava cuidar e limpar a ilha. Nos levavam para dentro da mata, até chegarmos em um lugar aconchegante e espaçoso.
-Aqui que vocês vão acampar. -dizia o mesmo cara. -Meu nome é Pietro. Qualquer dúvida é só me perguntar. -ele saiu do recinto. Melanie vinha até mim mancando.
-Maia, você pode me ajudar? -perguntava ela. Melanie era meio...lerda.
-No caminho para cá eu vim descalço e pisei em alguma coisa que machucou muito meu pé e eu não consigo andar. O Pietro disse que tem uma caixa de primeiro socorros lá dentro do navio. Você buscaria para mim? -ela perguntou esperando que eu fizesse o favor.
-Mas seu pé parece estar sem nenhum arranhão. -eu disse analisando seu pé.
-É, mas ele torceu e eu preciso de um remédio. Por favor! -ela pedia. Suspirei
-Ta, ta...já volto. -eu disse saindo do lugar, percebi que Bianca me encarava. Fui caminhando até o navio e entrei nele a procura do tal primeiros socorros. O vento estava forte e havia algumas pessoas nadando. Eu estava com um biquíni embaixo da minha saia branca de babados e minha blusinha rosa bebê. O vento estava tão forte que fechou a porta do navio. Na cabine, eu ignorei o fato e continuei procurando. Até que senti algo explodir. Achei a bendita caixa e fui sair da cabine. Até que, a porta não abria. Olhei pela janela aonde saia uma fumaça preta. Pude ouvir Pietro chamando todos para a margem do mar.
-Vou fazer a chamada novamente! -ele gritava. -Estão todos aqui?
Foi aí que me toquei. A fumaça preta e o desespero de Pietro. O navio estava afundando. Meu tio era dono de uma lancha e dois navios. Ele sempre dizia para os caras que cuidavam de seu navio para ter cuidado com o motor. Se molhasse o motor, já era. E era exatamente isso que estava acontecendo. Mas minha dúvida era como o motor havia molhado. Não importava. Eu estava afundando. Todos gritavam.
-Pessoal calma!! -avisava Thaís.
-A Maia sumiu!! -ouvi a voz de alguém dizer. A cabine se enchia de água, eu tentava abrir a porta, até que a água cobriu minha cabeça. Eu não ouvia mais nada. O barco havia afundado. Tudo que tentava fazer era segurar o cordão que eu havia ganhado de meu avô. Era muito importante para mim. Foi o último presente que ganhei do mesmo. Infelizmente, ele tinha quebrado e soltado fazia um tempo, mas eu tinha arrumado, porém precisava ter cuidado com ele. Eu ficava fraca. Eu via o cordão se afastando e eu tentando pega-lo. Até que vi uma sombra e de repente apaguei.
              Eu estava sendo arrastada. Ainda na água, eu sentia as coisas, mas não tinha movimentos. Meus olhos não abriam e minha boca não se mexia. Mas tinha alguém comigo. Me puxando para a superfície. Acordei com Pietro do meu lado checando meus sinais vitais.
-Eu estou bem! -era tudo o que eu conseguia dizer.
-Maia, você engoliu muita água. Quer ir para casa?! -perguntou o Diretor Otávio.
-Não, foi só um susto. -me levantei e Coner me deu apoio. Ele me levou até a barraca que eu dividia com Mia e Vanessa.
-Um susto? Você quase morreu. -disse Coner.
-Está tudo bem Coner!!
-Está mesmo? A gente pode sair daqui e ir para um hospital.
-Não não! -ele me colocou na barraca.
-Eu cuido dela! -disse Mia.
-Mas.. -insistia Coner.
-Cai fora. -discutia Mia. Coner saiu. Ele tinha medo de perder algum parente depois do vovô e isso o tornou preocupado ao extremo.
-Caramba hein! -disse Mia com um sorriso.
-Motivo do sorriso? -perguntei confusa.
-Você quase morreu, até ser socorrida pelo garoto mistério. -ela dizia empolgada.
-Tá...agora traduz. -eu falei. Não estava entendendo nada.
-Aahhh! Como você é lerda. -ela me entregou uma toalha e fechou o zíper da barraca.
-Você foi salva pelo gatinho que é supostamente o peguete da Luara.
-Ah Mia! Eu tenho mais o que fazer. -resmunguei. Ela deu de ombros e pegou um livro que estava lendo. Passei a mão em pescoço e não senti meu cordão.
-Não, não, não, não e não!!! -levantei e abri a barraca.
-Que foi maluca? -ignorei esta pergunta de Mia e sai da barraca encharcada, e fui até a margem do mar. Aonde o amigo de Luara nadava.
-Eeeii! Você. -ele me olhou e apontou para si. -Você mesmo. -ele saiu da água e foi até minha direção.
-Posso ajudar? -perguntou ele que parecia ser educado.
-Pode. Quando você mergulhou para me ajudar, você viu um cordão com um pingente...
-Um pingente do símbolo da paz? -ele me interrompeu e me olhou com a testa franzida. Balancei a cabeça concordando com o que ele dizia. Ele foi até uma rocha aonde havia deixado suas roupas e me entregou o cordão.
-Aqui! -ele me entregou.
-Ah obrigada.
-De nada. -ele respondeu, eu olhava o cordão quebrado, novamente.
-Olha, minha mãe é dona de uma linha de lojas, se você quiser eu posso ver com ela um cordão novo para o seu pingente.
-Não, não. Esse aqui é especial.
-Ganhou do namorado?
-Não. Eu não tenho namorado. -eu disse, ele me encarou. -Ganhei do meu avô que morreu faz um tempo.
-Ah, meus pêsames.
-Valeu!! -suspirei.
-Será que eu posso ver se minha mãe concerta ele para você? -ele estendeu a mão. O encarei por 3 segundos até falar algo.
-Pode! Claro. -entreguei o cordão para ele.
-Quando a gente voltar eu vou lá na loja dela.
-Tudo bem! Obrigada. Seu nome?
-Diego.
-Diego... -sorri. -Obrigada por salvar minha vida. -isso soava melhor na minha mente, mas já tinha dito. Ele sorriu, pegou sua bermuda e saiu correndo para dentro da mata.

One Part Of MeOnde histórias criam vida. Descubra agora