-Maiaaa!! -acordei com a voz de minha mãe me chamando.
-Oi mãe?
-Desça aqui! Rápido. -calcei meus chinelos e desci até a sala, aonde havia uma grande caixa branca.
-Que isso?! -perguntei franzindo as sobrancelhas.
-É para você! Não sabemos o que é! -disse Coner. -Olha, tem uma carta. -ele me entregou a carta. Ainda com a sobrancelha franzida peguei a carta e li. "Espero que goste. -Matheus" Matheus? O que aquela praga queria me mandando presentinho?
-De quem é? -perguntou meu irmão sentando no sofá. Ignorei a pergunta. Abri a caixa e tinha um vestido vermelho dentro.
-Uau!! -disse minha mãe. -Quem te mandou isso, querida?
Subi as escadas igual um furacão, lavando a caixa e a carta comigo. Tranquei a porta e liguei para Matheus.
-Recebeu meu presentinho? -ele ria. -Quero que você use isso hoje à noite.
-Nem que me pague!! Sua peste, o acordo era eu ir e não usar esse vestidinho...
-Foi caro.
-Estou pouco me importando! Vou usar o que quero.
-Vai continuar linda mesmo! Beijo.
-O raio que o parta. -desliguei o telefone e o joguei na cama. Nervosa, sai de casa e fui até a casa de Mia.
-Calma! -dizia Mia.
-Ele quer me enlouquecer. -eu disse fechando a porta de sua casa e subindo as escadas.
-Acho que ele quer provocar você!
-Está conseguindo. O engraçado era que o vestido era muito vulgar. Ele é muito sem noção. -reclamei. Ela riu.
-Ai ai... Me liga quando acabar!
-Ligo... Estou com preguiça de ir.
-Se eu fosse você estaria com medo.
-Medo? -perguntei confusa.
-É...o Matheus é meio alterado.
-Ele quer passar uma boa impressão pro papaizinho dele. Ele vai se comportar.
-Será? -disse Mia. Peguei a almofada e afundei meu rosto nela, completamente de saco cheio.
Comecei a me arrumar e peguei um vestido preto discreto que tinha em meu guarda-roupa.
-Aonde você vai? -perguntou Coner observando eu escolhendo um sapato.
-Sair. Sem perguntas.
-Não vai usar o vestido vermelho? -ele riu.
-Não! Aliás, pega esse vestido e coloca fogo nele. -joguei o vestido na cara dele. A buzina tocou.
-Acho que seu namorado chegou! -ele zoava.
-Aí não enche!! -eu desci as escadas e sai de casa.
-Você está linda, como sempre! -ele disse.
-E você está repulsivo, como sempre! -respondi.
-Ah obrigada. -ele respondeu.
-Você pode dirigir? -perguntei.
-Eu tenho 18, esqueceu?
-Ah sim... Que seja. -eu disse. Chegamos em sua casa e cumprimentei o pai de Matheus, ele parecia legal. Como uma pessoa como Matheus tinha um pai tão legal?
-Tenho uma pergunta! -eu disse.
-Diga. -Matheus respondeu segurando em minha mão.
-Tem certeza que você nasceu nessa família? Todo mundo tão educado, legal, humilde... E vc, bom...é um caso à parte, não é mesmo? -dei uma risadinha.
-Que engraçada você!! -ele olhou ao redor. -Senta aqui, eu já volto. -ele saiu. Sentei e peguei meu celular dizendo para Mia que havia chegado e tudo estava... Chato. Ele voltou com dois copos na mão, entendendo um para mim.
-Que isso? -perguntei.
-Toma!
-Eu não.
-Ei, eu estou na festa do meu pai. Não vou fazer nada de errado.
-O que você colocou aí?
-Toma logo. -ele disse. Tomei para ele parar de encher o saco.
-É bom...tem gosto de laranja.
-Quer mais?
-Quero sim. -ele saiu e voltou com mais. Fiquei a noite inteira conversando com ele, o que era esquisito já que eu não o suportava. Até que me levantei para ir ao banheiro. Cheguei ao banheiro e me olhei no espelho, maquiagem borrada. Olhei o relógio que marcava 00:15. Queria ir embora. Sai do banheiro e fui até Mateus. E com a voz meio rouca disse:
-Matheus, me tira daqui! Eu quero ir embora.
-Calma, tenho que esperar o discurso do meu pai.
-Eu quero sair daqui.
-Maia, espera o discurso, ok? Senta ali. -ele me sentou na cadeira e eu abaixei a cabeça. Até que chamaram o nome de seu pai, então, ele tirou sua atenção de mim e se voltou para seu pai. Nisso, eu sai daquele lugar. Estava tudo girando. Definitivamente, eu estava bêbada. Eu andava pela rua e dei uns tropeços. Meu celular tinha descarregado.
-Maia? -alguém tinha me chamado.
-Quem é você? -perguntei.
-Diego! Você está bem?
-Diego? Quem é Diego?
-Você está bêbada? -ele perguntou me segurando depois de um quase tropeço.
-Só um pouquinho.
-Um pouquinho muito, não é? Vem
comigo. -ele pegou seu casaco e embrulhou em mim. Tudo girava, eu estava tonta, mas me lembro de quando começou a chover.
-Onde a gente está? -perguntei, enquanto ele me acolhia em seus braços.
-Numa cabana que minha mãe tem aqui na cidade.
-Eu quero ir para casa. Liga pro meu irmão.
-Seus pais não seria melhor?
-Não, não. Meu irmão. Você tem carregador?
-Sim, tenho.
-Me empresta. Aí eu te passo o número dele.
-Tudo bem. -ele ia pegar o carregador quando ele olhou em volta. -Vamos entrar, sair da varanda. -ele dizia. Pude jurar que ele tinha visto alguém.
-Mas por quê? Está tão bom aqui.
-A gente vai pegar um resfriado. -ele disse me levantando e me colocando para dentro.
-Por que você está trancando a porta?
-É perigoso deixar a porta aberta.
-Diego, tinha alguém lá fora? Eu estou bêbada, mas você parece assustado. -ele riu.
-Não, não havia ninguém. -ele disse. Estava mentindo. De algum modo eu tinha a certeza disso. Ele colocou meu celular para carregar e ficou ao meu lado.
-Você quer chá? Dizem que ajuda a pessoa a ficar mais sóbria.
-Pode ser. -ele se levantou e foi até a cozinha da cabana. Terminei de me enxugar com uma toalha azul marinho que ele me deu, tinha o seu cheiro.
-Aqui está o chá. -ele me deu e eu o bebi.
-Meu celular ligou! -eu disse. Ele ligou para Coner que disse que estava indo.
-Vou ao banheiro. -ele disse. Me levantei e fui até a janela. Observava a chuva caindo. Adorava chuva. Até que apareceram dois caras, um alto dos cabelos loiros e outro mais baixo com cabelos negros. Assim que me viram, eles sumiram. Achei estranho, voltei para o sofá. Diego voltou e se sentou ao meu lado. Eu o abracei.
-Obrigada. Você não tinha essa obrigação.
-Que nada!
-O que você fazia na rua meia-noite? -perguntei. Parecia que eu tinha complicado ele. Ele ficou sem resposta.
-Não precisa me dizer. -sorri e o olhei. Ele sorriu de volta. Ele passou a mão pelos meus cabelos eu ainda me sentia alcoolizada, então pensei "por que não?" Então me aproximei e ele também. E minha boca que provavelmente estava com gosto de álcool, encostou na sua boca que tinha gosto de chocolate quente. E mesmo alterada, pude entender aquilo que acabara de acontecer. Minha boca com a dele. Meu coração palpitava forte e acelerado. Eu estava apaixonada.
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One Part Of Me
RandomMaia -uma adolescente normal de 16 anos- está prestes a ter sua vida virada de cabeça para baixo com o ano que está vindo. Novas amigas, novos professores, novas paixões. Além de muitas encrencas que acabam levando-a até a polícia....