Capítulo VII

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- Lorenzo! - O homem ouviu alguém chamar, mas não achou que fosse real. - Lorenzo!

Ele despertou de seu leve sono durante o expediente. Será que alguém o pegara? Levantou-se, arrumando a gola da camisa, mas não avistou ninguém.

- Aqui! - Uma sombra se moveu entre as caixas de madeira perto da saída da cozinha.

- Princesa Camila! O que faz aqui a essa hora? - ele perguntou, certificando-se de que ela estava bem disfarçada ali.

- Eu quero fazer alguma coisa. Vamos fugir, por favor – ela pediu, fazendo biquinho.

- Mas fugir para onde? Está ficando tarde, a senhorita...

- Por favor, por favorzinho! Nós vamos só até o bosque. Não há perigo.

- Se algum animal estiver à espreita...

- Você me protege.

Lorenzo respirou fundo. Ok, papel de macho. Ele olhou para os lados e empurrou a porta dos fundos.

- E se seu pai vier atrás de você? - quis saber o mais velho.

- Nós inventamos alguma coisa. Não se preocupe, eles não o punirão. Vamos, depressa! - A princesa agarrou a mão do empregado e eles correram juntos em direção às árvores.

Era tudo tão diferente por ali à noite. Parecia que as plantas eram mágicas, envoltas de uma áurea invisível aos mais fracos. A iluminação lunar fazia com que as folhas brilhassem.

- Acho que não devemos ir muito longe – falou Lorenzo, parando ao lado de um tronco caído, onde se sentou sem largar a mão de Camila.

- Tudo bem. Vagalumes! - ela exclamou ao enxergar alguns dos insetos luminosos entre as árvores. Estar com ela era como estar como uma garotinha de sete anos. - Eles são tão lindos... Será que posso guardá-los?

- Ouvi dizer que soltam uma substância ruim para o nosso corpo. Deseja mesmo arriscar? - Ele sorriu torto, desenhando círculos nas costas da mão da princesa.

- É, talvez não valha a pena. Ei, faz cócegas!

- Ah, então você sente cócegas? - Ele começou a cutucar diversas partes do abdômen da garota, que ria sem parar.

- Você não vai gostar se eu retornar!

Ele parou, segurando sua cintura fina com as mãos. Um palmo; Essa era a distância entre eles. Lorenzo podia sentir a respiração pesada de Camila em seu próprio rosto.

A princesa olhou para a boca semiaberta do homem. Certo, agora não havia mais para onde fugir. Ela deixou que ele se inclinasse mais e quebrasse a mínima distância entre eles.

Era engraçado como cada movimento fazia com que algo dentro deles pedisse por mais. Eles já haviam ultrapassado os limites, mas ainda não parecia o suficiente.

Camila, como sempre, precisou interromper o momento.

- Oh, meu Deus, me desculpe! - ela pediu, checando se o lábio de Lorenzo não sangrava. Ela não estava acostumada a usar a boca para outras coisas além de comer.

- Está tudo bem – ele riu, colocando uma mecha do cabelo da mais nova para trás da orelha. - Você é tão linda.

Lorenzo se aproximou de novo, mas desta vez a princesa recuou.

- Eu acho... Eu acho que a gente devia voltar. Já é tarde.

- Tem razão.

Em poucos minutos eles voltaram para o interior do castelo, que já tinha suas luzes apagadas.

- Bem, hmm... Foi bem legal sair com você, mas é melhor que deixemos um pouco para outro dia. - Camila colou seus lábios nos de Lorenzo uma última vez. - Boa noite.

- Certo. Boa noite, princesa – ele falou, virando-se para a porta para deixar o local.

A garota subiu as escadas silenciosamente, mas não adiantou muito, pois seu pai a esperava acordado no corredor dos aposentos reais.

- Camila! - ele gritou, aliviado, abraçando a filha. - Onde estava? Ficamos preocupados!

- Eu, hmm... - ela tentou explicar, sem encontrar as palavras certas para aquilo. - Vi alguns vagalumes da janela de meu quarto e fiquei curiosa sobre, então desci...

- Eu quase mandei uma tropa atrás de você! - O rei bateu na própria testa. - Sabe que nunca mais poderá fazer isso, não sabe?

- Sim, senhor. Foi um erro. Nunca voltará a se repetir.


Once Upon A Dream (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora